19 de jul. de 2011

O mítico Alfazoni



Ao lado do Fúria (da lenda-viva Tony Bianco), o GT Malzoni é o carro de corrida mais bonito já feito no Brasil. Pequeno, leve e elegante, ele seria perfeito, não fossem duas características – justamente as mais amadas pelos puristas da DKW: seu motor dois tempos e o fato dele ser tração dianteira.
O Alfazoni foi o carro que consertou tudo isso.
Não me levem a mal, fãs da pequena maravilha alemã: o motor dois tempos DKW pode ter um ronquinho delicioso, a equipe Vemag é simplesmente o berço do automobilismo de turismo profissional no País, mas cara – o motor simplesmente não serve para corridas. O que aquela equipe fez foi um milagre.

Puma GT, irmão quase gêmeo do GT Malzoni. O três cilindros ronca bonito e solta um perfume gostoso quando lubrificado com o óleo Castrol R. E é só.
Fraco, sem torque, com problemas de lubrificação e dilatação excessiva dos pistões (que faziam o motor simplesmente travar); o máximo que se podia extrair daquele mísero litro de deslocamento era algo em torno de 100 cavalos, com um trabalho que envolvia um desenvolvimento tão extremo que era quase bruxaria. E, para consertar a dinâmica ruim causada pela tração dianteira, os pilotos, como Chico Lameirão, tiveram a ideia de usar um eixo traseiro mais estreito e pneus maiores na frente.


Mas a solução radical estava por vir. Usando o chassis encurtado e a mecânica de um protótipo FNM/Alfa Romeo JK, vestida pela bela e leve carroceria do GT Malzoni, nascia entre 1968 e 1969 em Petrópolis (RJ) o Alfazoni. Um carro único, sem qualquer ligação com a equipe oficial. No cofre, o motor Alfa Romeo de dois litros e câmaras de combustão hemisféricas (pena que seu bloco era de ferro fundido, e não de alumínio, como nos Alfa italianos), cuja cavalaria era transferida para o lugar correto – as rodas traseiras.

Não bastando isso, ele foi um dos primeiros carros de corrida no Brasil a empregar um diferencial autoblocante (entenda o sistema aqui), melhorando muito o tracionamento do monstrinho nas saídas de curva. Usando pneus enormes, com mais de 200 milímetros de largura (considere as dimensões diminutas da carroceria), a aderência e o equilíbrio dinâmico do monstrinho foi muito elogiada na época.

Ronco de um Alfa Romeo GTV 2000 (caraterizado de GTA). Nada mal para um quatro cilindros, hein!!
Mas nem tudo era perfeito: segundo Sidney Cardoso, um de seus pilotos, o Alfazoni tinha um problema crônico de refrigeração, resolvido por Abelardo Aguiar ao modificar o trinco e as dobradiças do capô, de forma que este ficasse entre-aberto. Sua abertura era ao contrário (veja foto anterior), então não havia o risco da tampa abrir em velocidade.

Após um pequeno (bem, dizem que não foi tão pequeno) acidente na estrada que liga Grajaú a Jacarepaguá, o único Alfazoni construído quase virou história – no pior sentido. Mas a estrutura do carrinho segurou bem, ele foi inteiramente restaurado, e de vez em quando aparece em eventos e encontros Brasil afora. Ele perdeu as rodas clássicas, seja do modelo JK ou da Alfa Romeo (que abre o post), mas o que importa é que ele está vivo, e rodando por aí…
Fotos: acervo Roberto Froes

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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