19 de jul. de 2011

Nelson Piquet e o GP da Alemanha

Nelson Piquet no pódio do GP da Alemanha de 1986(F1-photo.com)
Para a segunda metade da temporada da F1, o Blog da Redação inicia uma série que pretende relembrar, sempre na segunda-feira anterior a cada GP, um piloto que tenha bom retrospecto no país-sede da próxima etapa. Como há países cuja prova foi realizada em diversos circuitos diferentes (como no caso da Alemanha), os textos não se prenderão à pista.
Também não nos ateremos a estatísticas, embora às vezes elas possam predominar. A única regra é que seja um piloto (em atividade ou já parado) que tenha tantas boas (ou más) histórias para levar daquele país quanto a memória do redator possa lembrar.
Iniciamos a série com o GP da Alemanha, que será no próximo domingo, em Nurburgring. O piloto estreante é o tricampeão Nelson Piquet. Apesar de só ter corrido no palco da edição deste ano da prova alemã em 1985, pelo GP da Europa, o brasileiro é dono de três vitórias em solo tedesco e quase sempre apresentou bom desempenho nas velozes e longas retas do antigo traçado de Hockenheim, que por anos sediou o GP da Alemanha. A pista talvez seja a que mais esteja ligada a Piquet em sua carreira na F1, já que Nelson debutou na categoria justamente nela.
O dia era 30 de julho de 1978. Após marcar o modesto 21º tempo para o grid de largada, a bordo do carro da também modesta equipe Ensign (superando logo de cara o simpático barbudo Harald Ertl, seu companheiro de equipe), Piquet largou para fazer uma corrida discreta, ocupando sempre as últimas posições até abandonar, por problemas de motor.
Três anos mais tarde, veio a primeira vitória. Já como piloto principal da Brabham, Nelson Piquet largou em sexto para a etapa de 81. Aos poucos, o piloto do carro nº 5 crescia na prova, ultrapassando um Jacques Laffite, Carlos Reutemann e Alain Prost, para assumir a segunda posição. Alan Jones liderava, mas uma falha mecânica em sua Williams o fez se arrastar pela pista nas voltas finais, para deleite do brasileiro, que tomou a ponta e chegou à terceira vitória na temporada.
A edição de 1982 representou uma grande frustração a Piquet e uma das cenas mais famosas e bizarras da F1. Desenvolvendo o motor turbo da BMW, o tricampeão queria presentear o fabricante alemão com uma vitória em casa. Além disso, a Brabham tentava estrear na Alemanha a grande novidade que testara exaustivamente: o pitstop para reabastecimento. Largando com menos combustível, Nelson disparou na ponta e andava em forte ritmo para abrir a vantagem necessária até sua parada. Eis que, na volta 19, Piquet colidiu com Eliseo Salazar, da ATS, quando iria lhe aplicar volta na Ostkurve. Enfurecido, o brasileiro foi para cima do chileno, aplicando socos e pontapés, quase todos tendo acertado o ar. Conta Piquet que, anos depois, descobriu que uma perícia da BMW apontou que o motor já estava para quebrar e, assim, ele ligou para Salazar e lhe pediu desculpas.
Na temporada seguinte, Piquet vinha em um sólido segundo lugar quando, a três voltas do fim, seu carro começou a pegar fogo, obrigando-lhe a estacionar na grama e sair correndo. Já em 84, o veloz - porém nada confiável - BT53 deixou mais uma vez Nelson na mão, quando liderava. O oitavo abandono em 11 provas se deu, daquela vez, por quebra de câmbio.
Pulando dois anos, o GP da Alemanha de 86 representou as pazes com a vitória em Hockenheim e, além disso, o renascimento de Piquet naquela temporada. Depois de uma animadora vitória em sua estreia pela Williams, no Brasil, uma série de problemas e erros levou o então bicampeão a estar quase 20 pontos atrás de seu companheiro, Nigel Mansell, na pontuação.
Mas o brasileiro voltou a mostrar grande forma na veloz pista alemã, dominando a prova. Durante a corrida, um lance curioso: Piquet desacatou a uma ordem da Williams para ficar mais uma volta na pista sem trocar pneus e aguardar o pitstop de Mansell, entrando nos boxes no lugar do rival, para desespero de Patrick Head. A insurgência quase lhe custou caro: a pressão dos pneus para o acerto de Mansell era diferente e Nelson perdeu rendimento com aquele jogo, que inicialmente seria destinado ao inglês. Piquet teve de fazer uma parada extra, voltando em terceiro, mas conseguiu ultrapassar Alain Prost e Keke Rosberg, para ficar com a vitória e recrudescer no campeonato.
O última triunfo veio no ano seguinte. Contando com a regularidade e com os abandonos de Mansell e Prost, Piquet venceu a primeira naquele ano, em sua campanha rumo ao tricampeonato. Em 1988, já na decadente Lotus, Nelson deu uma de suas conhecidas declarações antes da prova, ao afirmar, quando perguntado sobre o que esperava da corrida. “Que as McLaren se batam e a vitória sobre para mim”, disse. O feitiço virou contra o feiticeiro, pois, arriscando largar com pneus slicks em pista molhada, Piquet rodou ainda na primeira volta e bateu contra a proteção de pneus.
Fonte: blog da redacao
Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br

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