23 de jun. de 2011

Polêmica nas ruas de Valência por Rafael Lopes

Sebastian Vettel dá autógrafos em Valência
Oitava corrida da temporada 2011, o GP da Europa, em Valência, será um momento decisivo para o campeonato, até agora dominado amplamente por Sebastian Vettel e o fantástico carro da RBR, projetado por Adrian Newey.
Em um circuito de rua montado no porto da cidade espanhola e conhecido pela monotonia de suas corridas, os rivais da equipe austríaca terão a chance de dar o troco, repetindo o que aconteceu no Canadá, quando Jenson Button fez uma excepcional recuperação e venceu a prova após um erro do líder do Mundial de Pilotos na última volta. O problema é que a parte final começa em meio a uma enorme polêmica. As limitações no mapeamento dos motores e nos difusores integrados ao escapamento foram meio nebulosas.
Vamos lá então: a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) impôs uma limitação no mapeamento dos motores já a partir de Valência. As equipes não poderão mais mudar as configurações deles entre o treino classificatório e a corrida. Um golpe duríssimo na RBR, que sempre teve um excelente carro nas disputas das poles positions. Para o GP da Inglaterra, daqui a duas semanas, o difusor integrado ao escapamento não poderá mais ser alimentado sem que o piloto esteja acelerando. As condições de aderência aerodinâmica serão drasticamente alteradas. A justificativa da FIA é plausível, já que os carros gastam 15 litros a mais de gasolina por corrida por causa disso. Minha única questão acerca disso é o momento da proibição, que é injusto.
Por que acho isso? Simples: antes da temporada, a RBR apresentou o projeto do difusor integrado ao escapamento à FIA, que o homologou. Todas as equipes, então, copiaram o conceito, umas com mais e outras com menos sucesso. O mesmo aconteceu com o mapeamento dos motores. Agora, no meio da temporada, a FIA muda as regras? Injusto com quem apostou no conceito. Acho que a medida até é acertada, principalmente em tempos com enormes – e justas – preocupações ecológicas. Mas a proibição teria de valer apenas para a temporada 2012. Da forma que foi feita, a medida parece muito com uma punição ao sucesso da RBR e de Adrian Newey. Ou seja, uma decisão muito mais política do que esportiva ou ecológica.
Hamilton e Button em brincadeira de pit stop
É óbvio que a RBR e Newey terão alternativas para compensar isso. Mas é uma condição injusta de desconforto, assim como aconteceu com o amortecedor de massa (mass damper) da Renault em 2006, também proibido no meio da temporada. Na ocasião, a equipe francesa teve prejuízo pela decisão política tomada pela FIA após uma enorme pressão da Ferrari. É a mesma situação agora. O time austríaco – embora eu não acredite nesta hipótese – poderá passar por bons bocados no restante do campeonato. Só que a vantagem de ter uma equipe técnica competente pode minimizar isso. Entretanto, mesmo assim, a recuperação pode levar tempo. E uma série de maus resultados pode ser decisiva em termos de título para Vettel e a RBR.
Quem lucra com isso tudo? As rivais da RBR, principalmente McLaren e Ferrari (coincidência?). Para o campeonato, pode ser o tempero necessário para apimentar a luta pelo título, embora de forma torta. Jenson Button, que está lidando melhor com os pneus e derrotando mentalmente o companheiro Lewis Hamilton, e Fernando Alonso devem ser os favoritos dentro de cada uma das duas equipes. Entretanto, a vantagem de Vettel, de 60 pontos, já superou duas vitórias e o alemão, se correr com inteligência até o fim do ano, poderá administrá-la com facilidade. É claro que, tudo isso passa pela presunção de que o desempenho da RBR vai piorar. Mas, sinceramente, não acredito muito nisso. O time austríaco tem um bom poder de reação.
Quanto aos brasileiros, eles têm tudo para repetir o bom resultado do Canadá em Valência, uma pista parecida com a de Montreal, sem curvas de alta e com mais importância para a aderência mecânica do que para a aerodinâmica. Felipe Massa tem de manter a motivação demonstrada na última corrida, onde andou bem em todos os treinos e foi melhor na corrida do que o companheiro Alonso. Mas ele precisa evitar os erros, como a rodada ao tentar passar o retardatário Narain Karthikeyan. A manobra lhe tirou um pódio quase certo. Já Rubens Barrichello depende muito do desempenho da Williams, que mostrou uma certa evolução há duas semanas mas ainda está longe do ideal. Uma posição na zona de pontuação já é motivo para festa.

Fonte: voandobaixo
Disponível no(a):http://globoesporte.globo.com/platb/voandobaixo/

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