2 de abr. de 2011

Sonho americano: Miguel Paludo e a família lutam para vencer na Nascar

Piloto, esposa - grávida de quatro meses - e cachorro correm os EUA em um motorhome. Após largar a psicologia, ela trabalha como assessora do marido

Por Rafael Lopes Direto de Martinsville, EUA
O início foi bem complicado. Após ser bicampeão da Porsche Cup no Brasil em 2008 e 2009, o desejo de mudança apareceu. Então, após uma visita aos Estados Unidos e conseguir a verba necessária para bancar a empreitada, Miguel Paludo, de 28 anos, decidiu tentar a sorte nas categorias de base da Nascar. O piloto gaúcho mudou de país ao lado da esposa, Patrícia, e do cachorro, Pedro, um buldogue, há pouco mais de um ano. Desde então, eles viajam com um motorhome alugado para as corridas da Stock Car americana na Costa Leste do país. Em breve, o trio vai virar um quarteto: Patrícia está grávida de quatro meses.
Miguel, Patrícia e Pedro dentro do motorhome (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)
Miguel, Patrícia e Pedro dentro do motorhome (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)
O começo foi na Nascar K&N East, e os bons resultados o credenciaram para as corridas da Truck Series ainda em 2010. Após disputar quatro etapas no fim da temporada, ele acertou com a Red Horse Racing, equipe tradicional da terceira divisão da Nascar. Logo o primeiro desafio de  2011, no tradicional oval de Daytona, um quarto lugar fez com que Paludo recebesse elogios em todo o país e entrasse na briga para ser o Estreante do Ano.

- A Nascar era um mundo muito distante para mim, até eu vir assistir a uma corrida em 2009. Mesmo no ano passado, a Truck Series parecia um sonho distante. Mas agora estou inserido na categoria e estou pegando este espírito de competição, bem diferente do que eu tinha. Acho que o campeonato de estreante do ano é bem difícil. Gostaria de disputar este título em 2011 e pelo menos vencer uma corrida. Mas todas as vezes em que chego entre os dez primeiros, comemoro. É uma categoria muito disputada - diz Paludo.
Paludo em Darlington (Foto: Patrícia Souza / Arquivo Pessoal)
Paludo em Darlington (Foto: Patrícia Souza / Arquivo Pessoal)
Juntos há dez anos e casados há dois, Paludo e Patrícia, de 27 anos, tiveram de deixar para trás boa parte de suas vidas em Porto Alegre, onde moravam, para seguir o sonho americano de vencer na Nascar. Além do arriscado objetivo do marido, ela largou a carreira de psicóloga no Brasil. E acabou se tornando uma espécie de assessora pessoal dele.

- No ano passado, surgiu a necessidade de passar as notícias e as fotos do que estava acontecendo comigo para o Brasil. Eu comecei a usar o Twitter e a Patrícia tem me ajudado muito. Quando estava na K&N, que é regional, as corridas não passavam ao vivo nem para cá, apenas com uma ou duas semana de diferença. Ela acabou fazendo isso para fazer que as informações chegassem mais rápido ao Brasil.

Patrícia já faz planos para o nascimento do filho, um menino. O nome, porém, ainda não foi escolhido.
- Isso é com o Miguel - diz.

O casal faz terapia via Skype com um profissional no Brasil e ela admite que as fotos nas corridas ajudam a diminuir o nervosismo em quanto Paludo está nos ovais americanos da Truck Series.

- Não é fácil trabalhar com o Miguel (risos). Ele gosta de tudo direitinho. Estou tocando tudo agora, fiz inclusive a nova logomarca dele. Não consigo ficar sem fazer nada. Sou assim, faço o que for preciso. Era complicado arrumar um fotógrafo. Então, comprei uma câmera fotográfica e uma filmadora HD. Cuido também do site dele. Faço tudo agora. Gosto muito disso. Fico bem nervosa e isso ajuda a passar o tempo. Não há nada que a gente não aprenda. A tecnologia está ajudando bastante. É claro que sinto saudade dos meus pacientes. Mas é um conhecimento que está em mim e, na hora em que precisar, poderei usar - diz ela.

Vida a dois nas estradas e em Mooresville

Miguel, Patrícia e Pedro ao lado do motorhome (Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)
Miguel e Patrícia ao lado do motorhome
(Foto: Rafael Lopes / Globoesporte.com)
Paludo e Patrícia viajam com um motorhome alugado na metade do ano. O modelo deste ano é maior, uma experiência para ele avaliar e comprar o seu próprio. Fora da estrada, eles vivem na pacata cidade de Mooresville, nos arredores de Charlotte, onde mora a maioria dos pilotos da Nascar. A rotina é tranquila. Acostumados com a tranquilidade de uma casa às margens do Rio Guaíba, em Porto Alegre, eles não sentem falta do agito das grandes cidades.

- Temos uma vida de interior. Nunca vamos a Charlotte, a não ser quando alguém vem do Brasil. Não gostamos muito do agito e mantemos nosso ritmo de vida do Brasil. Lá tem boas escolas para o bebê e a segurança é bem legal. Quando volto das corridas, chego, lavo a roupa rapidamente, arrumo a mala de novo e vamos para outro fim de semana. Agora consegui uma pessoa para ajudar em casa com a Tati Papis (esposa do italiano Max Papis) - diz a esposa e assessora Patrícia.

A vida em Mooresville tem outras vantagens. Além de ser perto da sede da equipe Red Horse, os outros pilotos da categoria vivem muito próximos. Por isso, além dos churrascos que fazem nos autódromos, eles começam a se enturmar com os companheiros. Eles, por exemplo, estiveram na casa do compatriota Nelsinho Piquet há poucos dias para um desses eventos.

- Estou me entrosando, conhecendo eles aos poucos. O americano é um pouco diferente do brasileiro: demora a ganhar confiança, mas quando ganha é 100%. O Nelsinho convidou a gente para um churrasco outro dia, conheci o Scott Speed e o Todd Bodine. Ainda não temos uma rede de amigos, mas aos poucos, vamos conseguindo.

Paludo em Daytona  (Foto: Patrícia Souza / Arquivo Pessoal)
Paludo em Daytona (Foto: Patrícia Souza / Arquivo Pessoal)

Fonte: globoesporte
Disponível no(a):http://globoesporte.globo.com

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