31 de jan. de 2014

Teste Audi A3 Sedan

Com desenho e preço parecidos com os do A4, bom conforto de rodagem e nível de itens convincente, futuro nacional desembarca no Brasil

por JULIO CABRAL
Audi A3 Sedan (Foto: Rafael Munhoz)

Fazer gênero. Essa poderia ser a condensação do objetivo de um sedã "médio-pequeno" de marca premium. Nesse ponto, o Audi A3 Sedan manda bem. O modelo parece uma versão lipoesculturada do A4.
Até no tamanho: a primeira geração do A4 de 1994 tinha 4,52 metros de comprimento e 2,61 metros de entre-eixos, enquanto o A3 Sedan tem 4,45 m e 2,63 m, respectivamente, na medida para ocupar o posto do antigo modelo que, por sua vez, cresceu para 4,70 m e 2,81 m para abrir caminho. É como se uma geração anterior desse lugar a ousadia da próxima. O A3 Sedan é a geração Y da alemã.
Até mesmo na pretensão: chega por R$ 116.400 promocionais (o preço vai valer apenas até o final de fevereiro, depois aumentará em R$ 10 mil). Com opcionais caros como a central multimídia MMI com GPS, HD de 40 GB e DVD de R$ 9.900, mais pintura metálica por R$ 1 mil, chega a R$ 127.300, contra R$ 125.700 do A4 Attraction. Não chega a ser caro como a versão First Edition do CLA e seus R$ 150.500, mas poderia vir mais barato.
Parece que a tarefa de brigar pelas massas será do A3 Sedan equipado com o motor 1.4 TFSI, esse sim capaz de servir de degrau seguinte para os que pagam mais de R$ 75 mil pelos sedãs médios nacionais. Até, pelo menos, começar a ser produzido em São José dos Pinhais (PR) no ano que vem com motores flex 1.4 TSI (o mesmo que equipará o Golf e o Audi Q3) e também o 1.8 TFSI convertido - será o primeiro nacional a combinar os dois tipos de injeção eletrônica e direta.

Pelo menos ele tem conjunto para basear essa ambição. A lista de itens de série é quase completa: há ar condicionado de duas zonas, faróis e lanternas de xenônio, teto solar, banco do motorista elétrico, sete airbags e estrutura reforçada com aço especial que dá resistência, rigidez torcional e, de quebra, leveza. São apenas 1.295 kg, um mérito dividido com outros companheiros da plataforma MQB.
Audi A3 Sedan (Foto: Rafael Munhoz)
Ela também ajuda na dirigibilidade. O A3 Sedan anda macio e forte, dependendo da sua intenção e do programa de funcionamento do Audi Drive Select, que alterna parâmetros importantes como resposta do acelerador, calibração da direção elétrica e suspensão - com amortecedores eletrônicos. No Dynamic, todo o desempenho do motor 1.8 TFSI de 180 cv e 25,5 kgfm disponíveis a 1.250 rpm fica mais virulento.
Na prática, a força máxima é esticada até os 5 mil giros, o suficiente para entabular uma marcha após a outra no ótimo DSG de dupla embreagem e sete marchas. Com passagens sequenciais também nas aletas no volante, a caixa sempre tem uma carta, ops, marcha na manga. No automático, tem a suavidade que falta ao DCT da Mercedes. Isso se refletiu na pista, onde o A3 Sedan arrancou de zero a 100 km/h em apenas 7,5 segundos e retomou de 60 a 100 km/h em 3,9 segundos. Só na frenagem decepcionou, mesmo com discos ventilados nas quatro rodas, fez o 80 a 0 km/h em 29,7 metros, o Honda Civic LXR fez o mesmo em 27,3 m.
Audi A3 Sedan (Foto: Rafael Munhoz)


Esportividade
A esperteza também se ampara no ajuste dinâmico. Escorado em rodas aro 17 e pneus 225/45, o A3 não geme em buracos ou tortura os ocupantes. Terno, negocia a passagem por irregularidades com domínio de causa. E segura bem em curvas, onde o limite fica distante. A direção poderia ser menos artificial, principalmente no modo Dynamic. Pelo menos o peso nas manobras e passeios em baixa velocidade é ideal.
MOTOR Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, comando duplo, injeção direta e eletrônica, turbo, gasolina
CILINDRADA 1.798 cm³
POTÊNCIA 180 cv de 5.100 a 6.200 rpm
TORQUE 25,5 kgfm entre 1.250 e 5.000  rpm
TRANSMISSÂO Dupla embreagem de sete marchas, tração dianteira
DIREÇÂO Eletromecânica
SUSPENSÂO Independente, McPherson na dianteira e multilink na traseira
FREIOS Discos ventilados
PNEUS 225/45 R17
DIMENSÕES Compr. 4,456 m, largura 1,796 m, altura 1,416 m, entre-eixos
2,637 m
CAPACIDADES Tanque 50 l  e porta-malas 425 l
PESO 1.295 kg
 No dia a dia, ele vai convencer com base em argumentos racionais. A economia proporcionada pelo quatro cilindros com injeção direta (para aumentar a taxa de compressão e eficiência) e eletrônica (para economizar e emitir menos em regimes e temperaturas baixas), é impressionante. Auxiliada pelo start/stop de funcionamento suave e pelo modo Efficiency do seletor de "modus operandi", a máquina marcou 10,1 km/l de gasolina na cidade e 17 km/l na estrada, onde também pesa a capacidade da transmissão em fazer uma "banguela" e se desconectar sem influenciar na segurança. Nada mal, seria aprovado pela avó DKW, que usava o slogan "a pequena maravilha" e também se destacava pela roda livre.
Defeitos
Os passageiros do banco traseiro não têm tanto espaço, ainda que contem com comodidades como a saída de ar dedicada. Para começar, o entre-eixos não é tão grande assim, o que tolhe o espaço para as pernas, ainda mais apertadas pelo túnel central ressaltado reservado para o eixo de transmissão integral na versão S3 de 280 cv, que começa a ser vendido no final de março. Ao menos o espaço para as cabeças é maior do que no concorrente CLA e seu jeitão de cupê de quatro portas. Para alguns, o painel de revestimento macio é simples em aparência. Para a Audi, que segue a corrente Bauhauss desde o divisor de águas TT de 1998, trata-se de minimalismo elegante.
Audi A3 Sedan (Foto: Rafael Munhoz)
ACELERAÇÃO aceleração 0-100 km/h: 7,5 s;
0-400 m: 15,5 s
RETOMADA 40-80 km/h (D):  3,7 s; 60-100 km/h (D): 3,9 s;  80-120 km/h (D): 5,4 s
FRENAGEM 100 km/h: 39,2 m; 80 km/h: 29,7 m; 60 km/h: 14,7 m
CONSUMO 10,1 km/l na cidade e 17 km/l na estrada
 Algumas economias jogam contra, em especial os bancos de couro ecológico e a ausência de sensor de estacionamento, algo que o primo (nem tão) distante assim, Volkswagen Golf 1.4 TSI, traz de série por quase R$ 40 mil a menos. Arranhar um sedã premium novinho deve arruinar a autoestima de qualquer um que pule do segmento dos médios bem-equipados para o premium.
Ao menos a beleza põe a mesa. Pensando desde o início como um sedã, o modelo equilibra bem as linhas dos três volumes, um objetivo para ganhar mercados em que o A3 nunca teve penetração, como o norte-americano, e, de quebra, também fazer bonito na China, atual menina dos olhos da Audi. A traseira curta parece bem integrada e não um enxerto. Não é daquelas belezas que, após sair do salão do cirurgião plástico, serão elogiadas apenas pelas amigas mais próximas.

Participe! Deixe aqui seu comentário. Muito Obrigado! Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com

Nenhum comentário: