Mini John Cooper Works Coupé é brinquedo de luxo, com potência de sobra e visual invocado
Depois
de consolidar uma linha completa de carros baseados no mesmo conceito
do Mini hatch – com direito a uma pequena station e até um utilitário
pequeno – a Mini apostou na esportividade em estado bruto do Coupé.
O
modelo se vale de um visual inspirado, com linhas diferentes e muita
personalidade para conquistar compradores. Os seduzidos pelo carrinho
dificilmente o colocarão na lida diária, mas vão recorrer a ele quando
quiserem usufruir alguns momentos de pura diversão. Por R$ 146.950, a
versão John Cooper Works é um dos Mini mais caros à venda no Brasil, mas
promete, em um mesmo pacote, desempenho, design inconfundível e a
sofisticação da marca inglesa.
Como
no hatch, o Coupé JCW usa o conhecido 1.6 litro turbo – desenvolvido
pela BMW em parceria com a PSA –, mas retrabalhado para render 211 cv e
26,5 kgfm de torque entre 1.850 e 4 mil rotações. Para chegar nessa
potência, o propulsor teve pistões, válvulas e cabeçote feitos de
materiais mais resistentes. Tudo para suportar a pressão extra do turbo,
elevada de 0,9 para 1,3 bar. Também são exclusivos dessa configuração o
coletor de admissão e filtro de ar. Esse conjunto é – para o mercado
brasileiro – sempre acoplado a um câmbio automático de seis marchas com
opção de trocas manuais pela alavanca ou por botões no volante. Com
isso, o Coupé acelera de zero a 100 km/h em 6,6 segundos e atinge 238
km/h de velocidade máxima.
O
Coupé praticamente não mudou as dimensões externas do Mini. Apenas a
altura, de 1,38 m, é 3 cm menor que no hatch, mas a curvatura acentuada
do teto eliminou os dois – já diminutos – assentos traseiros. O
para-brisa é mais inclinado e as janelas laterais bem pequenas, num
perfil muito esportivo e que chama atenção – há até um pequeno aerofólio
sobre a tampa traseira que se ergue quando o carro ultrapassa 80 km/h e
é recolhido abaixo dos 60 km/h. Todas as mudanças acima da linha de
cintura do modelo fazem dele um legítimo cupê – que até deu origem a um
Roadster. A plataforma é a mesma do Mini Cabrio, o conversível de quatro
lugares, que recebeu reforços estruturais em relação ao hatch
convencional para devolver a rididez torcional perdida com a retirada do
teto. O Coupé se aproveitou disso para dispor de um chassi mais firme
e, consequentemente, melhorar o comportamento dinâmico.
Além
de se tornar um ícone de design, o Mini Coupé traz o melhor que a linha
de modelos retro-futuristas oferece. Desde comodidades como computador
de bordo, bancos em couro e faróis e ar-condicionado automáticos como
sistema de entretenimento com conexões para celulares e entrada USB. O
revestimento interno é em couro, com as partes centrais dos bancos –
feitos pela Recaro e exclusivos para o modelo – em Alcântara. De resto, o
painel é o mesmo já conhecido. Estão lá os botões inspirados nos de um
cockpit de avião e o clássico velocímetro analógico no meio do painel,
que circunda a tela que comanda som e computador de bordo. No
conta-giros, em frente ao motorista, também vão duas telinhas com o
velocímetro e informações sobre consumo e autonomia.
Mas
nem todo esse conjunto justificaria o alto preço do modelo. A compra do
Mini Coupé responde, invariavelmente, a uma demanda passional. Como
aliás ocorre com seus pouquíssimos rivais diretos – seja em design, seja
em motorização. A Peugeot vende o RCZ, com o mesmo 1.6 turbo, mas com
“apenas” 165 cv, por R$ 132.900, enquanto um Audi TT 2.0 TFSI já eleva a
conta para R$ 204.500. A previsão – otimista – de 50 unidades do John
Cooper Works Coupé, dá conta do quanto o modelo é para poucos.
Ponto a ponto
Desempenho – Os 211 cv
que a Mini extraiu do pequeno 1.6 turbo são mais do que suficientes para
dar ao Coupé um desempenho muito interessante. O carrinho arranca com
decisão cumpre a aceleração de zero a 100 km/h em 6,6 segundos. O torque
de 26,5 kgfm aparece já a 1.850 rpm e injeta enorme agilidade. O câmbio
automático de seis marchas completa o conjunto com trocas suaves e
rápidas, para respostas sempre imediatas. A velocidade máxima chega a
238 km/h. Nota 9.
Estabilidade – A
suspensão um bocado dura faz do Coupé quase um kart. Ele é bastante
reativo e passa bastante segurança nas curvas. Os pneus 205/45 nem são
tão largos, mas o perfil baixo – em conjunto com o centro de gravidade
mais próximo ao solo em comparação ao hatch – faz o modelo a grudar no
asfalto. Ele só ameaçar desgarrar sob condições muito extremas. A
direção tem relação bem direta e comunicativa com o motorista, que sabe
precisamente tudo o que se passa sob as rodas dianteiras. Nota 10.
Interatividade – O Mini
é bem completo, com diversos equipamentos eletrônicos à disposição do
motorista – mesmo sendo pequenino, conta com sensor de obstáculos
traseiro. Falta, no entanto, um GPS integrado – desejável em um modelo
de quase R$ 150 mil. Outro detalhe: a localização dos comandos, no
entanto, obedecem mais à ordem estética do que lógica. Por isso, alguns
sistemas tem o uso dificultado, como um simples abrir ou fechar de
janelas. Os comutadores centralizados são baixos e há a necessidade de
se deslocar do banco para acioná-los. A tela central preenche o meio do
enorme velocímetro analógico – meramente decorativo, já que o visor
digital com a velocidade dentro do conta-giros em frente ao motorista é
que realmente tem função. Nota 8.
Consumo – O InMetro não
testou nenhuma unidade do Mini John Cooper Works Coupé, mas o
computador de bordo acusou média de 7,7 km/l em ciclo urbano e 12,3 km/l
em rodoviário. Nota 7.
Conforto – Os dois
ocupantes desfrutam de relativo espaço. O problema é a suspensão firme,
que transmite cada ondulação do asfalto. O desconforto, no entanto, é
intrínseco à proposta do carro. O câmbio automático descomplica o uso do
Coupé. Nota 8.
Tecnologia – O Coupé
chegou já no fim da segunda geração do Mini. O modelo é de 2011 e usa a
base do Mini Cabrio, com reforços estruturais e que chegou em 2009 ao
mercado europeu. Ela, no entanto, é oriunda da plataforma apresentada em
2006. Ainda assim, o carrinho tem itens modernos como faróis de
xenônio, seis airbags e controles de tração e estabilidade. Por dentro,
há ar-condicionado automático e sistema de entretenimento com conexões
Bluetooth e USB. O motor tem injeção direta e turbo de geometria
variável. Nota 8.
Habitabilidade – Por
ser muito baixo, entrar no Coupé não é das tarefas mais fáceis. Pessoas
com mais de 1,80 m terão dificuldades no acesso e na acomondação no
interior do carro. As portas são grandes, o que também complica o acesso
em vagas apertadas de estacionamento. Ao menos, cabem razoáveis 240
litros no porta-malas. Nota 7.
Acabamento – Os
materiais usados na cabine são de boa qualidade, assim como os arremates
das peças. Nada faz barulho, mesmo com os impactos causados pela
suspensão firme. Os plásticos usados são bons e condizem com os R$
146.950 cobrados por cada unidade. O tom escuro ajuda a tornar o
ambiente mais requintado e aconchegante. Nota 9.
Design – Certamente é o
grande atrativo do modelo. As proporções corretas – e o ar “bonitinho”
comum ao hatch – são radicalmente quebradas pelo teto rebaixado e as
janelas pequenas. O perfil é bastante esportivo, acentuado pelas rodas
de 17 polegadas que preenchem bem os arcos. O jeitão definitivamente é
de um carro pequeno, mas sempre “pronto para briga” e com direito a um
pequeno spoiler retrátil atrás. Personalidade não falta ao Coupé. Nota 10.
Custo/benefício – Como
funcar que se preze, a compra de um Mini Coupé jamais é uma decisão
racional. Ele custa R$ 146.950 na versão mais “furiosa”, a John Cooper
Works. São R$ 17 mil a mais que a variante mais simples, a Cooper S, com
o mesmo 1.6, mas de 184 cv. É um valor bem alto para um carro que
dificilmente será usado todos os dias e que só carrega duas pessoas –
ainda que o relativo espaço para bagagens inspire viagens. No entanto, a
etiqueta paga um visual único, desempenho instigante e muita
personalidade, além da garantia de receber muitos olhares por onde
passar. Nota 5.
Total – O Mini John Cooper Works Coupé somou 81 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Pequeno endiabrado
O
design destaca o Mini Coupé na multidão. Até a linha de cintura, ele é
praticamente igual a um Mini hatch, mas acima disso, as colunas são bem
mais inclinadas e dão uma personalidade única ao Coupé. O jeitão
encorpado, apesar das dimensões enxutas, fazem dele um carro com
bastante presença. Mas, junto com esse charme, o modelo recebe o motor
1.6 turbo preparado para render 211 cv e 26,5 kgfm de torque o torna um
“foguetinho”. Tudo que o visual agressivo do carrinho promete é
cumprido.
As
acelerações são bem espertas e o Mini consegue manter ritmos fortes em
estrada sem demonstrar cansaço. O turbo enche rápido – o torque máximo
já aparece a baixas 1.850 rpm e segue constante até 5.600 giros – e há
sempre disposição para ultrapassagens e arrancadas. Ainda assim, ele não
é um carro arisco. O acerto é mais esportivo que outras versões menos
apimentadas, mas não há qualquer dificuldade para conduzi-lo de forma
exigente. Ele oferece até uma boa dose de refinamento. O câmbio
automático de seis marchas contribui com trocas suaves e precisas e é um
alento na hora de encarar trânsito pesado. Com pista livre, basta jogar
a alavanca para a direita e trocar as marchas manualmente pelos botões
no volante e explorar todo o potencial do pequeno 1.6.
A
suspensão rígida, inclusive, conspira para essa condução mais vigorosa.
Bem dura, ela repassa sem cerimônia para o interior todas as
imperfeições do solo, que são sentidas pela coluna dos dois ocupantes.
No entanto, em asfalto liso, segura os 1.185 kg do modelo com
competência nas curvas e passa segurança em estradas sinuosas. Mesmo sob
forte chuva, o John Cooper Works Coupe segue firme na trajetória, sem
vacilos. Apenas quando levado ao limite, a frente desgarra e o controle
de estabilidade permissivo demora frações de segundo para entrar em
ação, mas o suficiente para um rápido susto no motorista.
O
interior é muito bem acabado, com materiais de qualidade e precisão na
montagem. A lista de equipamentos é bem completa, com direito a sensores
crepuscular e de chuva, faróis de xenônio e um sistema de
entretenimento comandado por um pino giratório no console – muito
semelhante ao iDrive da BMW. No entanto, faltam itens importantes como
navegador por GPS e a disposição central do comando dos vidros é pouco
cômoda – e como se não bastasse, não há o sistema um-toque para as
janelas.
Ficha técnica
Mini John Cooper Works Coupé
Motor: Gasolina,
transversal, 1.598 cm³, turbo, quatro cilindros em “V”, quatro válvulas
por cilindro e comando duplo variável. Injeção direta de combustível e
acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 211 cv a 6 mil rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 6,6 segundos.
Velocidade máxima: 238 km/h.
Torque máximo: 26,5 kgfm entre 1.850 e 5.600 rpm
Diâmetro e curso: 85,8 mm X 77,0 mm. Taxa de compressão: 10,0:1.
Suspensão: Dianteira
independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores
pneumáticos. Traseira com braço transversal em alumínio, braços
múltiplos, molas helicoidais, amortecedores pneumáticos e barra
estabilizadora. Oferece controle de estabilidade.
Pneus: 205/45 R17.
Freios: Discos ventilados nas quatro rodas. Oferece ABS, EBD, assistente de frenagem de emergência e controle de frenagem em curvas.
Carroceria: Cupê em
monobloco com duas portas e dois lugares. Com 3,75 metros de
comprimento, 1,68 m de largura, 1,38 m de altura e 2,47 m de distância
entre-eixos. Airbags frontais, laterais e do tipo cortina.
Peso: 1.185 kg.
Capacidade do porta-malas: 240 litros.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Cowley, Inglaterra.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado
automático, direção e trio elétricos, bancos em couro, computador de
bordo, faróis de xênon, volante multifuncional, partida por botão,
rádio/CD/MP3/USb/iPod/Bluetooth, tapetes em veludo, bancos dianteiros
esportivos com ajuste de altura, airbags frontais, laterais e de cabeça,
controle de estabilidade, ABS com EBD, assistência de frenagem de
emergência, controle de tração e sensor de chuva com acionamento de
farol baixo.
Preço: R$ 146.950.
Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado! Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário