2 de dez. de 2013

Teste: Mini John Cooper Works Coupé - Puro sangue inglês

Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
Teste: Mini John Cooper Works Coupé - Puro sangue inglês
Mini John Cooper Works Coupé é brinquedo de luxo, com potência de sobra e visual invocado

Depois de consolidar uma linha completa de carros baseados no mesmo conceito do Mini hatch – com direito a uma pequena station e até um utilitário pequeno – a Mini apostou na esportividade em estado bruto do Coupé.
O modelo se vale de um visual inspirado, com linhas diferentes e muita personalidade para conquistar compradores. Os seduzidos pelo carrinho dificilmente o colocarão na lida diária, mas vão recorrer a ele quando quiserem usufruir alguns momentos de pura diversão. Por R$ 146.950, a versão John Cooper Works é um dos Mini mais caros à venda no Brasil, mas promete, em um mesmo pacote, desempenho, design inconfundível e a sofisticação da marca inglesa.
Como no hatch, o Coupé JCW usa o conhecido 1.6 litro turbo – desenvolvido pela BMW em parceria com a PSA –, mas retrabalhado para render 211 cv e 26,5 kgfm de torque entre 1.850 e 4 mil rotações. Para chegar nessa potência, o propulsor teve pistões, válvulas e cabeçote feitos de materiais mais resistentes. Tudo para suportar a pressão extra do turbo, elevada de 0,9 para 1,3 bar. Também são exclusivos dessa configuração o coletor de admissão e filtro de ar. Esse conjunto é – para o mercado brasileiro – sempre acoplado a um câmbio automático de seis marchas com opção de trocas manuais pela alavanca ou por botões no volante. Com isso, o Coupé acelera de zero a 100 km/h em 6,6 segundos e atinge 238 km/h de velocidade máxima.
O Coupé praticamente não mudou as dimensões externas do Mini. Apenas a altura, de 1,38 m, é 3 cm menor que no hatch, mas a curvatura acentuada do teto eliminou os dois – já diminutos – assentos traseiros. O para-brisa é mais inclinado e as janelas laterais bem pequenas, num perfil muito esportivo e que chama atenção – há até um pequeno aerofólio sobre a tampa traseira que se ergue quando o carro ultrapassa 80 km/h e é recolhido abaixo dos 60 km/h. Todas as mudanças acima da linha de cintura do modelo fazem dele um legítimo cupê – que até deu origem a um Roadster. A plataforma é a mesma do Mini Cabrio, o conversível de quatro lugares, que recebeu reforços estruturais em relação ao hatch convencional para devolver a rididez torcional perdida com a retirada do teto. O Coupé se aproveitou disso para dispor de um chassi mais firme e, consequentemente, melhorar o comportamento dinâmico.
Além de se tornar um ícone de design, o Mini Coupé traz o melhor que a linha de modelos retro-futuristas oferece. Desde comodidades como computador de bordo, bancos em couro e faróis e ar-condicionado automáticos como sistema de entretenimento com conexões para celulares e entrada USB. O revestimento interno é em couro, com as partes centrais dos bancos – feitos pela Recaro e exclusivos para o modelo – em Alcântara. De resto, o painel é o mesmo já conhecido. Estão lá os botões inspirados nos de um cockpit de avião e o clássico velocímetro analógico no meio do painel, que circunda a tela que comanda som e computador de bordo. No conta-giros, em frente ao motorista, também vão duas telinhas com o velocímetro e informações sobre consumo e autonomia.
Mas nem todo esse conjunto justificaria o alto preço do modelo. A compra do Mini Coupé responde, invariavelmente, a uma demanda passional. Como aliás ocorre com seus pouquíssimos rivais diretos – seja em design, seja em motorização. A Peugeot vende o RCZ, com o mesmo 1.6 turbo, mas com “apenas” 165 cv, por R$ 132.900, enquanto um Audi TT 2.0 TFSI já eleva a conta para R$ 204.500. A previsão – otimista – de 50 unidades do John Cooper Works Coupé, dá conta do quanto o modelo é para poucos.
Ponto a ponto
Desempenho – Os 211 cv que a Mini extraiu do pequeno 1.6 turbo são mais do que suficientes para dar ao Coupé um desempenho muito interessante. O carrinho arranca com decisão cumpre a aceleração de zero a 100 km/h em 6,6 segundos. O torque de 26,5 kgfm aparece já a 1.850 rpm e injeta enorme agilidade. O câmbio automático de seis marchas completa o conjunto com trocas suaves e rápidas, para respostas sempre imediatas. A velocidade máxima chega a 238 km/h. Nota 9.
Estabilidade – A suspensão um bocado dura faz do Coupé quase um kart. Ele é bastante reativo e passa bastante segurança nas curvas. Os pneus 205/45 nem são tão largos, mas o perfil baixo – em conjunto com o centro de gravidade mais próximo ao solo em comparação ao hatch – faz o modelo a grudar no asfalto. Ele só ameaçar desgarrar sob condições muito extremas. A direção tem relação bem direta e comunicativa com o motorista, que sabe precisamente tudo o que se passa sob as rodas dianteiras. Nota 10.
Interatividade – O Mini é bem completo, com diversos equipamentos eletrônicos à disposição do motorista – mesmo sendo pequenino, conta com sensor de obstáculos traseiro. Falta, no entanto, um GPS integrado – desejável em um modelo de quase R$ 150 mil. Outro detalhe: a localização dos comandos, no entanto, obedecem mais à ordem estética do que lógica. Por isso, alguns sistemas tem o uso dificultado, como um simples abrir ou fechar de janelas. Os comutadores centralizados são baixos e há a necessidade de se deslocar do banco para acioná-los. A tela central preenche o meio do enorme velocímetro analógico – meramente decorativo, já que o visor digital com a velocidade dentro do conta-giros em frente ao motorista é que realmente tem função. Nota 8.
Consumo – O InMetro não testou nenhuma unidade do Mini John Cooper Works Coupé, mas o computador de bordo acusou média de 7,7 km/l em ciclo urbano e 12,3 km/l em rodoviário. Nota 7.
Conforto – Os dois ocupantes desfrutam de relativo espaço. O problema é a suspensão firme, que transmite cada ondulação do asfalto. O desconforto, no entanto, é intrínseco à proposta do carro. O câmbio automático descomplica o uso do Coupé. Nota 8.
Tecnologia – O Coupé chegou já no fim da segunda geração do Mini. O modelo é de 2011 e usa a base do Mini Cabrio, com reforços estruturais e que chegou em 2009 ao mercado europeu. Ela, no entanto, é oriunda da plataforma apresentada em 2006. Ainda assim, o carrinho tem itens modernos como faróis de xenônio, seis airbags e controles de tração e estabilidade. Por dentro, há ar-condicionado automático e sistema de entretenimento com conexões Bluetooth e USB. O motor tem injeção direta e turbo de geometria variável. Nota 8.
Habitabilidade – Por ser muito baixo, entrar no Coupé não é das tarefas mais fáceis. Pessoas com mais de 1,80 m terão dificuldades no acesso e na acomondação no interior do carro. As portas são grandes, o que também complica o acesso em vagas apertadas de estacionamento. Ao menos, cabem razoáveis 240 litros no porta-malas. Nota 7.
Acabamento – Os materiais usados na cabine são de boa qualidade, assim como os arremates das peças. Nada faz barulho, mesmo com os impactos causados pela suspensão firme. Os plásticos usados são bons e condizem com os R$ 146.950 cobrados por cada unidade. O tom escuro ajuda a tornar o ambiente mais requintado e aconchegante. Nota 9.
Design – Certamente é o grande atrativo do modelo. As proporções corretas – e o ar “bonitinho” comum ao hatch – são radicalmente quebradas pelo teto rebaixado e as janelas pequenas. O perfil é bastante esportivo, acentuado pelas rodas de 17 polegadas que preenchem bem os arcos. O jeitão definitivamente é de um carro pequeno, mas sempre “pronto para briga” e com direito a um pequeno spoiler retrátil atrás. Personalidade não falta ao Coupé. Nota 10.
Custo/benefício – Como funcar que se preze, a compra de um Mini Coupé jamais é uma decisão racional. Ele custa R$ 146.950 na versão mais “furiosa”, a John Cooper Works. São R$ 17 mil a mais que a variante mais simples, a Cooper S, com o mesmo 1.6, mas de 184 cv. É um valor bem alto para um carro que dificilmente será usado todos os dias e que só carrega duas pessoas – ainda que o relativo espaço para bagagens inspire viagens. No entanto, a etiqueta paga um visual único, desempenho instigante e muita personalidade, além da garantia de receber muitos olhares por onde passar. Nota 5.
Total – O Mini John Cooper Works Coupé somou 81 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Pequeno endiabrado
O design destaca o Mini Coupé na multidão. Até a linha de cintura, ele é praticamente igual a um Mini hatch, mas acima disso, as colunas são bem mais inclinadas e dão uma personalidade única ao Coupé. O jeitão encorpado, apesar das dimensões enxutas, fazem dele um carro com bastante presença. Mas, junto com esse charme, o modelo recebe o motor 1.6 turbo preparado para render 211 cv e 26,5 kgfm de torque o torna um “foguetinho”. Tudo que o visual agressivo do carrinho promete é cumprido.
As acelerações são bem espertas e o Mini consegue manter ritmos fortes em estrada sem demonstrar cansaço. O turbo enche rápido – o torque máximo já aparece a baixas 1.850 rpm e segue constante até 5.600 giros – e há sempre disposição para ultrapassagens e arrancadas. Ainda assim, ele não é um carro arisco. O acerto é mais esportivo que outras versões menos apimentadas, mas não há qualquer dificuldade para conduzi-lo de forma exigente. Ele oferece até uma boa dose de refinamento. O câmbio automático de seis marchas contribui com trocas suaves e precisas e é um alento na hora de encarar trânsito pesado. Com pista livre, basta jogar a alavanca para a direita e trocar as marchas manualmente pelos botões no volante e explorar todo o potencial do pequeno 1.6.
A suspensão rígida, inclusive, conspira para essa condução mais vigorosa. Bem dura, ela repassa sem cerimônia para o interior todas as imperfeições do solo, que são sentidas pela coluna dos dois ocupantes. No entanto, em asfalto liso, segura os 1.185 kg do modelo com competência nas curvas e passa segurança em estradas sinuosas. Mesmo sob forte chuva, o John Cooper Works Coupe segue firme na trajetória, sem vacilos. Apenas quando levado ao limite, a frente desgarra e o controle de estabilidade permissivo demora frações de segundo para entrar em ação, mas o suficiente para um rápido susto no motorista. 
O interior é muito bem acabado, com materiais de qualidade e precisão na montagem. A lista de equipamentos é bem completa, com direito a sensores crepuscular e de chuva, faróis de xenônio e um sistema de entretenimento comandado por um pino giratório no console – muito semelhante ao iDrive da BMW. No entanto, faltam itens importantes como navegador por GPS e a disposição central do comando dos vidros é pouco cômoda – e como se não bastasse, não há o sistema um-toque para as janelas. 
Ficha técnica
Mini John Cooper Works Coupé
Motor: Gasolina, transversal, 1.598 cm³, turbo, quatro cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro e comando duplo variável. Injeção direta de combustível  e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 211 cv a 6 mil rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 6,6 segundos.
Velocidade máxima: 238 km/h.
Torque máximo: 26,5 kgfm entre 1.850 e 5.600 rpm
Diâmetro e curso: 85,8 mm X 77,0 mm. Taxa de compressão: 10,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores pneumáticos. Traseira com braço transversal em alumínio, braços múltiplos, molas helicoidais, amortecedores pneumáticos e barra estabilizadora. Oferece controle de estabilidade.
Pneus: 205/45 R17.
Freios: Discos ventilados nas quatro rodas. Oferece ABS, EBD, assistente de frenagem de emergência e controle de frenagem em curvas.
Carroceria: Cupê em monobloco com duas portas e dois lugares. Com 3,75 metros de comprimento, 1,68 m de largura, 1,38 m de altura e 2,47 m de distância entre-eixos. Airbags frontais, laterais e do tipo cortina.
Peso: 1.185 kg.
Capacidade do porta-malas: 240 litros.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Cowley, Inglaterra.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado automático, direção e trio elétricos, bancos em couro, computador de bordo, faróis de xênon, volante multifuncional, partida por botão, rádio/CD/MP3/USb/iPod/Bluetooth, tapetes em veludo, bancos dianteiros esportivos com ajuste de altura, airbags frontais, laterais e de cabeça, controle de estabilidade, ABS com EBD, assistência de frenagem de emergência, controle de tração e sensor de chuva com acionamento de farol baixo.
Preço: R$ 146.950.


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