11 de nov. de 2013

Restauração e customização de rodas na AWRS, parte 2 (Maverick GT e suas Binno de Stock Car)

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Quem tem rodas de liga sabe bem que reparo, restauração e personalização destes componentes é assunto mais que delicado. Como vocês viram na primeira parte desta série, a norte-americana Alloy Wheels Repair Specialists acaba de ganhar seu representante no Brasil, no bairro Chácara Santo Antônio (SP), e promete revolucionar o mercado com técnicas, cuidados e equipamentos que não eram vistos por aqui até então.
Neste post, vocês conhecerão um pouco mais da estrutura e dos procedimentos dos caras.

Cá estamos: rua Laguna, 937, próximo à ponte João Dias. Cerca de 1.000 metros quadrados, 15 funcionários, um trailer-oficina e diversas estações: lavagem, desmonte e remonte, checagem de circunferência e desamassamento, análise e reparo de trincas, preparação para pintura, cabines de pintura e de secagem e o torno CNC de diamantação.
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A AWRS trabalha com basicamente dois tipos de reparo: o cosmético, que é feito em questão de um par de horas (dependendo do serviço, coloque o tempo no singular), trata ralados em calçadas com menor gravidade, pequenos amassados, falhas na pintura e repinturas em tons mais simples, como o preto e o prata – tudo sem sequer precisar remover o pneu da roda.
A outra opção, mais demorada, é a remanufatura ou reparo completo: quando os ralados e falhas de acabamento são mais profundos e generalizados, há necessidade de repintura completa, ou há trincas que se classificam dentro dos critérios da AWRS e que podem ser reparados. Este é o caso perfeito das rodas Binno 18 x 9 de Stock Car Omega que estão no Maverick GT 1978 de Eduardo Lioi, nosso convidado para testar os serviços da empresa.
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Além dos reparos, a AWRS também trabalha com personalização de rodas, serviço disponível tanto para os consumidores finais quanto para as concessionárias parceiras (seus principais clientes são marcas premium, como representantes da Audi, BMW, Porsche e Mercedes-Benz): no caso destas últimas, o cliente já pode tirar seu carro zero km com sapatos exclusivos – veja as rodas da AMG, abaixo, como ficaram bacanas.
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Para este tipo de trabalho, a Alloy Wheel Repair Specialists está desenvolvendo um catálogo de cores criado em base de todas as rodas originais que chegam lá. Assim, não somente eles conseguem agilizar o processo de reparos como também as personalizações ficam melhor contextualizadas dentro da identidade da marca.
Detalhe que mencionei no post anterior e que pode ter passado despercebido: as Binno também passarão pelo processo de personalização. Seus miolos serão pintados da cor do Maverick (Cinza Netuno, do catálogo da Fiat) e as bordas empregarão a diamantação mais brilhosa, que emprega linhas bem próximas.
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Mas, se o que você quer é qualidade, fica difícil discordar de que a AWRS está criando uma nova referência no setor. Aí em cima temos uma prova de que os caras mandam muito bem: você entregaria um jogo de Rays Volk TE37, de quase US$ 3000 nos EUA, para qualquer um?
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Após passaram pela lavagem e por uma primeira inspeção visual, as rodas passam pelo processo acima, patenteado pela AWRS. A primeira coisa que os funcionários fazem é a checagem do alinhamento das rodas – tanto a precisão axial do aro quanto a uniformidade de sua circunferência. A análise é feita com um relógio comparador e as diferenças, de décimos de polegada (estes americanos…), são marcadas na peça.
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Aqui temos o início do processo de realinhamento: o aro da roda é aquecido (dependendo da composição e da espessura da peça, entre 80 e 110 º C – totalmente dentro da margem tanto da liga quanto do pneu), sua temperatura é controlada por termômetros digitais, e o aro sofre a pressão de macacos hidráulicos multi-axiais (foto abaixo), que, aos poucos, devolvem a circunferência perfeita da roda. O processo é feito de forma cruzada, para distribuir tensões e prevenir novas distorções nos componentes, e a roda é aferida novamente, até que se chegue no ponto ideal.
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Abaixo, temos um exemplo de roda que foi recusada pela AWRS: “nossa margem de segurança é este vinco estrutural que acompanha o aro – se a trinca passar ou chegar nele, não fazemos o reparo”, afirma Marcelo Ciasca, diretor da empresa. Felizmente, o estrago na roda do Maverick tinha menos da metade da extensão deste aí embaixo. Muitas vezes, estas trincas só podem ser vistas com o pneu fora da roda.
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Aqui temos um exemplo aprovado para reparo: o trinco está distante do vinco estrutural. O conserto é feito pela completa eliminação do trinco antes da aplicação da solda TIG, pois rupturas com este padrão atraem tensões e só tendem a rasgar ainda mais com o tempo. “É por isso que o conserto tradicional, feito pelo enxerto direto na trinca, sem sua eliminação, é ineficaz”, afirma Ciasca.
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Para eliminar o trinco, é preciso meter a mão na massa – the hard way. Primeiro, o funcionário remove todo o acabamento em volta do dano, para localizar com precisão o ponto final da ruptura. Este ponto é perfurado, pois o círculo distribui melhor as tensões. Por fim, a extensão do trinco é literalmente eliminada da roda. Pense em algo doloroso visualmente.
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Agora a peça está pronta para receber a solda TIG, própria para estes tipos de metais. O composto usado leva em consideração a expansão térmica e a flexibilidade da liga, garantindo um reparo à prova de falhas de qualquer espécie.
Nunca tinha tirado uma foto sem enxergar o que estava fazendo: a máscara de solda me impedia de ver qualquer coisa que registrava. Até que não ficou ruim!
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Aqui temos a primeira parte do processo…
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…e a última parte do processo de soldagem. Depois desta etapa, a peça segue para o setor de preparação de pintura…
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…que é este aí embaixo. Cada roda usa um tipo específico de massa plástica, que também trabalha com a expansão térmica das ligas, garantindo acabamento perfeito e longevo.
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A AWRS conta com um laboratório próprio de tintas, que permite que eles façam virtualmente qualquer cor e tipo de acabamento possível – a única exceção é o cromado, processo químico que a empresa ainda não faz. Eles oferecem uma opção razoavelmente parecida, o Hiper Prata – acabamento obtido por uma base preta e aplicação de um tipo específico de prata translúcido. As manchas na foto abaixo são poeira.
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A AWRS possui várias cabines de pintura. Note as girafas em que as rodas estão instaladas, que dispensam o contato manual dos pintores com as peças.
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Ao lado da cabine de pintura, fica o setor de secagem. Nestas áreas, há muito cuidado na vedação e na entrada e saída de pessoas, para prevenir contaminação do ambiente com partículas suspensas.
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Abaixo temos algumas opções de acabamentos que a AWRS levou para o X-Treme Motorsports, evento dos nossos amigos da Fullpower.
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Este é o bebezão da AWRS. Não estamos falando do funcionário – trata-se do torno CNC de dois eixos atrás dele, de acordo com a empresa, único no país para esta aplicação de diamantação. Só este brinquedo custa mais de meio milhão de reais.
Ela oferece diversas vantagens sobre o trabalho manual, sendo as principais a rapidez, a precisão e a homogenização no processo – afinal, a peça é toda escaneada, mapeada e o torno aplica pressão uniforme em toda a extensão da área selecionada, com compensação de velocidade de acordo com o raio.
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A roda que está sendo submetida é de um Jetta de um cliente, que acabou ralando a peça em uma guia. Este tipo de reparo é feito na hora – o cliente aguarda em uma sala climatizada, com wi-fi, café e uns biscoitos de nata que destruí.
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Acima, temos uma roda da AMG, que foi diamantada com uma das opções de mais alto brilho: note como as linhas desenhadas pelo torno estão praticamente coladas umas às outras. “Quando são peças de fábrica, como estas rodas, seguimos o padrão original – a não ser, é claro, que o cliente queira outro acabamento”, afirma Marcelo Ciasca.
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Compare a Binno com a AMG ali em cima: veja a diferença absurda. Esta roda não só está gasta, sua diamantação também é simples e espaçada, com baixo brilho. Edu, o dono do Maverick, pediu o acabamento mais brilhante possível no CNC – seu aro deverá ficar tão brilhante quanto o da Mercedes-Benz. Vai dar um belo contraste com o miolo, que será pintado da cor do carro…
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Como o serviço nestas Binno é pra lá de extremo e havia muito serviço, a AWRS levou quase uma semana para finalizar o serviço. Na verdade, enquanto vocês estão lendo este post, Lioi está indo pegar o seu Maverick. Amanhã estarei lá na Pedrinho Racing para conferir o resultado e, claro, fazer um novo ensaio com as rodas renovadas para vocês verem, gravar um vídeo com uma arrancada deste muscle car e mostrar tudo isso – mais o preço da brincadeira -, ainda nesta semana!
Se você está curioso para saber o custo, dou um teaser: considerando a estrutura e os processos empregados, é muito abaixo do que esperávamos.
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Serviço

Alloy Wheel Repair Specialists do Brasil
Rua Laguna, 937 – Chácara Santo Antônio – São Paulo – SP
Fones: 11-2362-7006 e 11-2367-7006
atendimento@awrs.com.br
www.awrs.com.br
Pedrinho Racing
11 3862-5025
11 98241-0532
Nextel: 86*5110
pedrinhoracing@gmail.com

Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado! Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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