4 de nov. de 2013

Conheça a história do Fridolin, o Frankenstein da Volkswagen


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Quem viveu a época das importações fechadas no Brasil lembra de como era comum usar peças de vários carros para  fazer um modelo diferente. Geralmente essas iniciativas partiam de sonhadores que criavam seus carros em um galpão com algumas ferramentas e muita vontade.
Mas às vezes, os “frankensteins” eram criados pelas próprias fabricantes, e não são uma exclusividade do mercado fechado do Brasil dos anos setenta e oitenta. Um desses carros é o Volkswagen Typ 147, conhecido como Fridolin. Ele é o filho bastardo de duas espécies diferentes de Volkswagen, e você provavelmente não o conhecia. Até agora.
Carro “Frankenstein” é um carro feito com peças de outros carros, da mesma forma que o experimento do Dr. Frankenstein juntou partes de vários corpos para formar um só. E como todos os projetos que juntaram pedaços para criar monstros, este foi feito por encomenda dos correios.
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Para ser mais exato, do Serviço Postal Alemão, ou “Deutsche Post”. Nos anos sessenta o Deutsche Post fazia suas entregas com os pequenos e adoráveis Goggomobile Transporters, mas eles precisavam de algo maior, e menos propenso a ser carregado por um grupo de seis pessoas. Assim, eles fizeram uma lista de demandas e entregaram ao maior fabricante do país, a Volkswagen.
Os requisitos eram apenas uma série de dimensões específicas:
Compartimento de carga de 2 m³
Capacidade de carga entre 350 e 400 kg
Comprimento de 3.750 mm
Largura de 1.440 mm
Altura de 1.700 mm

Ah, e ele precisaria ter duas portas deslizantes. Eles não especificaram, mas acho que queriam uma de cada lado. Portanto, o que eles queriam era um veículo compacto com bom espaço de carga. Faz todo o sentido.
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A solução da Volkswagen foi simples: um cubo alto com um capô protuberante. Debaixo do capô a Volkswagen manteve seu DNA e colocou um pequeno bagageiro e o tanque de combustível, enquanto o conhecido motor Type I 1.200 ficava na traseira.
O que torna o Fridolin interessante é, claro, a incrível mistura de peças. Veja como ele era feito:
• Chassi do Karmann-Ghia (Typ 14 – similar ao do Fusca, porém mais largo)
• Motor 1.200 e transmissão do Fusca (Typ 1)
• Tampa traseira, tampa do motor, lanternas e várias peças da parte traseira da carroceria da Kombi (Typ 2)
• Faróis, capô e adereços da família Typ 3 (Fastback, Squareback — as versões alemãs dos nossos Variant e TL)
… e claro, rodas e calotas de todos os demais carros da linha Volkswagen.
Para algo feito com o que estava dando sopa na prateleira, acho que o resultado ficou bem interessante, e se provou muito útil. A área de carga era ampla e fácil de acessar, e o pequeno bagageiro extra na dianteira deve ter sido muito apreciado pelos carteiros alemães (que devem ter enchido o compartimento com salsichas, pretzels e cervejas), e o pequeno utilitário se mostrou útil o suficiente para prestar dez anos de serviços — entre 1964 e 1974 — durante os quais 6.000 unidades foram fabricadas.
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O correio da Suíça também encomendou 1.200 desses, mas pediu janelas nas quinas traseiras, que obviamente vieram da Kombi de passageiros. Algumas outras empresas também encomendaram pequenas frotas, como a Lufthansa, que os usou como carros de apoio nos aeroportos.
Por que o Typ 147 é chamado “Fridolin” é um mistério. O nome às vezes é usado para se referir a um pequeno garoto, e as proporções do carro certamente sugerem essa associação. O nome também foi usado para se referir a um vagão motorizado usado em trilhos, o MKB 52, que guarda certa semelhança com ele e também é movido por um motor VW.
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Hoje os Fridolin são muito valorizados entre os fãs dos VW air-cooled, e os restaurados valem uma boa grana. Não restaram muitos deles, já que eles eram veículos utilitários, que geralmente são usados até acabar, e ninguém dava muita bola para eles antes da febre dos carros antigos. Este é um dos poucos Volkswagen que apenas os maníacos pela Volkswagen conhecem e é isso o que os torna especiais. Para certos grupos, ao menos.
E como você já pode imaginar, a gente adoraria ter um desse.

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