2 de out. de 2013

Primeiras impressões: Ford Focus 2.0 Powershift Titanium

Hatch e sedã se destacam pela ergonomia e lista de equipamentos. Desempenho é bom, mas câmbio no modo manual frustra.

Praticamente todos os segmentos – de sedãs médios a executivos; de picapes compactas a SUVs de luxo – se fortaleceram com lançamentos importantes neste ano, menos o de hatches médios.
Exceto pelo início das vendas do Hyundai i30, lançado oficialmente no Salão do Automóvel do ano passado, a categoria atravessou 2013 quase todo sem novidades significantes, apenas esboçando algum suspiro com a bizarra versão “Wolverine” do Bravo e a irrelevante “Rock You”, do C4. Na reta final do ano, enfim, acorda com duas bombas atômicas: Focus de terceira geração e Golf TSI.

Com a chegada deles, Chevrolet Cruze, Peugeot 308, Fiat Bravo, i30 e Citroën C4 ficam relegados a uma espécie de 2ª divisão entre os hatches médios. Bons carros, mas comuns. Triviais na condução, na oferta de equipamentos, na segurança e no estilo.
Basta uma revisão sobre a oferta de Golf e Focus: cadê o câmbio de dupla embreagem, o assistente de estacionamento ou o sistema multimídia mais interativo nos concorrentes?
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Fod Focus Sedan Concorrentes (Foto: Divulgação)
Primeiras impressões
A terceira geração do Focus é uma coroação de tudo o que tornou o modelo uma referência no segmento. Sentar na posição de motorista sempre foi um prazer, mas agora está melhor com o painel mais informativo e atraente, volante de melhor pegada e repleto de comandos e bancos mais envolventes. A suspensão de acerto afinado agora esbarra no brilhantismo ao evoluir em conforto e capacidade de manter o carro sempre firme nas curvas. E a direção direta conseguiu atingir um nível superior de precisão e sensibilidade.
Ford Focus (Foto: Divulgação)Ford Focus (Foto: Divulgação)
Excelente nesses três itens, o Focus perde um pouco do brilho quando exibe suas credenciais no quesito motor/câmbio – não pelo que a dupla é, mas pelo que poderia ser. A ausência da tecnologia Ecoboost, baseada na eficácia e desempenho do turbocompressor, é uma decepção que o Duratec não consegue reverter.

Ser o primeiro propulsor de injeção direta e bicombustível do mundo e ter até 178 cavalos são fatores que inflam seu currículo, mas não impressionam na prática: sem a “pegada” do turbo, o Focus é competente no desempenho. Não mais que competente.

A escolha por um câmbio automatizado de dupla embreagem em detrimento de um automático convencional é acertada, o que não se pode dizer do sistema de trocas manuais. Qualquer intenção de comandar manualmente o câmbio numa tocada mais esportiva é quase imediatamente interrompida pela irritação em não encontrar a parte exata do botão que sobe ou desce as marchas. Instalado no topo da alavanca, esse botão se divide entre “+” e “-“ num espaço muito reduzido, o que o torna completamente não intuitivo – até que se encontre o que se deseja apertar, o timing da troca já foi.

Difícil encontrar uma única razão para a engenharia da Ford não manter o simples paddle shift atrás do volante, já barateado e já estabelecido como a solução mais intuitiva e prática. Melhor manter o câmbio na posição S na hora de acelerar, que sabiamente escolhe a marcha ideal para cada momento, mantendo o giro do motor sempre no ponto certo – e assim como no modo Drive, as trocas são suaves e rápidas.  

Isso, no entanto, não faz do Focus um carro ruim de guiar. Pelo contrário: referência em dirigibilidade nas primeira e (especialmente) segunda gerações, o modelo segue como exemplo de prazer ao volante, apesar da ausência do turbo e da frustrante troca de marchas manual. Espaço farto para quatro ocupantes e ótimo acabamento (exceto pela pobre forração do teto) completam as qualidades do modelo. E isso vale para a versão sedã, também experimentada pelo G1 – ambas na configuração 2.0 Titanium.
Ford Focus hatch concorrentes certo (Foto: Divulgação)

Ainda líder?
Apenas uma abordagem agressiva da concorrência na política de preços deve desbancar o Focus da liderança entre os hatches médios. E isso até a Volkswagen iniciar a produção do Golf no Brasil (prevista para 2015): ao incrementar seu volume de vendas, ela permitirá ao hatch alemão fazer frente ao rival não só em prazer ao volante, equipamentos e visual.
 

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