18 de set. de 2013

Teste: Benelli TnT-R160 - Tradição em estado bruto

 Fotos: Divulgação
Teste: Benelli TnT-R160 - Tradição em estado bruto
TnT R160 é a naked poderosa da italiana Benelli, que chega ao Brasil em outubro

por Igor Macário
Auto Press


As boas vendas nos segmentos de motos de alta cilindrada não param de incentivar a vinda de novas marcas para o Brasil. Prova disso é a chegada de mais uma, a italiana Benelli, que irá apresentar seus produtos no próximo Salão Duas Rodas – que abre as portas no próximo dia 8 de outubro em São Paulo.
A marca é a mais antiga fabricante de motocicletas italiana – foi fundada em 1911 – e desde 2005 é controlada pelo grupo chinês Qianjang. E terá quatro modelos, com cilindradas entre 899 e 1130 cm³, montados pela brasileira Bramont em Manaus, no Amazonas – a mesma que monta os utilitários da indiana Mahindra. Entre elas, a Tornado Naked TRE, ou TnT. O modelo foi testado na Itália em sua versão mais forte, a R160, novidade na linha 2013 da motocicleta.

A motocicleta, no entanto, foi lançada em 2004 e mantém uma arquitetura tradicional. Tanto que não dispõe de qualquer sistema eletrônico de segurança, como freios ABS ou controle de tração – presentes em concorrentes mais modernas – e coloca nas mãos do piloto a sensibilidade de domar a força do motor. Sob o tanque de combustível rosna um três cilindros de exatos 1.131 cm³ trabalhado para produzir bons que 157,8 cv a 10.200 rpm e 12,2 kgfm de torque a 8.500 rotações. O propulsor é uma pequena jóia, com duplo comando de válvulas, árvores de contrabalanceamento para diminuir as vibrações do conjunto e injeção eletrônica. O único controle eletrônico é o botão “Power Control”, que muda o mapa de injeção e para uma configuração onde as respostas da moto ficam mais brandas em baixas rotações – sem, no entanto, limitar a potência –, facilitando a condução em condições menos bravas.


O visual é bastante esportivo, com destaque para o escapamento visível, do tipo três em um, que desemboca numa saída única acima do espaço para a placa. A mecânica exposta confere bastante personalidade à TnT, e forte conexão com o desempenho proporcionado pelo motor. Chamam atenção também os grandes discos de freio com pinças da conterrânea Brembo – duplos, em formato de pétala e com 32 mm de diâmetro na frente e simples com 240 mm de diâmetro atrás. Envolvendo-os, largos pneus prontos para as pistas, com o traseiro de medida 190/50 R17, que pode ser expandida para 200/50. Na frente, sempre um de medida 120/70 em roda aro 17.

São 205 kg de peso a seco e chassi tubular em treliças de aço, complementado por placas de alumínio reforçado na fixação da estrutura da suspensão traseira. As suspensões são os tradicionais garfo invertido na dianteira – da Marzocchi, com 50 mm de diâmetro – e braço oscilante ZF Sachs na traseira. Ambos possuem regulagens de extensão do movimento, compressão do amortecedor e pré-carga das molas.

A Benelli terá duas concessionárias no Brasil até o fim de 2013 – uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Na Europa, ela custa 13.900 euros, equivalentes a R$ 41.960. Por aqui, a concorrência de modelos como a Triumph Speed Triple, que custa R$ 42.900, a Honda CB 1000R, de R$ 43.490 com freios ABS, a Kawasaki Z1000, vendida por R$ 46.990, e a MV Agusta Brutale 1090R, com preço fixado em R$ 49.900 – todas com desempenho semelhante à TnT-R160 –, deve nortear a faixa de preços praticados pela Benelli.



Primeiras impressões

Sensibilidade aguçada


Vicenza/Itália – A ausência de controles eletrônicos na TnT-R160 torna a abordagem à motocicleta bastante naturalista. O ABS está nos dedos e o controle de tração no pulso do motociclista, o que dá um certo sabor de nostalgia que não tem preço, mas também faz com que a TnT seja encarada com certo temor. Esse receio, no entanto, passa assim que se dá a partida e antes de se engatar a segunda marcha, um sorriso já estampa o rosto do piloto.

A posição de pilotagem é a esperada numa “naked”, com a parte superior do corpo ligeiramente inclinada e pedaleiras não tão recuadas para uma ótima sensação de controle. O motor surpreende pela plenitude na entrega de força mesmo em regimes baixos e médios, mas estica sem hesitação até a faixa vermelha do conta-giros – e passa até a impressão de estar pilotando uma superesportiva. A contrapartida, no entanto, é o alto consumo de gasolina, piorado pelo fato de ser difícil andar devagar com a TnT-R160.



É uma moto muito estável e ágil, o que se traduz em facilidade de conduzir, mesmo com 157 cv extraídos do três cilindros. O único controle eletrônico, um botão “Power Control” que altera o comportamento da injeção, pouco interfere e deixa claro que o controle das reações da moto está exclusivamente nas mãos do piloto. Ela não chega a ser perigosa, mas a traseira se torna arisca quando se exagera no acelerador, mesmo com um diferencial de deslizamento limitado.

A TnT exerce um certo fetiche em quem a pilota, com um ronco único e as emoções que pode causar num eventual uso diário. Ela, no entanto, não foi feita para pilotos pouco experientes, dado o comportamento mais explosivo e cru da motocicleta.



Ficha técnica

Benelli TnT-R160

Motor: A gasolina, quatro tempos, três cilindros, quatro válvulas por cilindro, 1.131 cm³, duplo comando no cabeçote com árvores de balanceamento e arrefecimento líquido. Injeção eletrônica.
Câmbio: Manual de seis marchas com transmissão por corrente.
Potência máxima: 157,8 cv a 10.200 rpm.
Torque máximo: 12,2 kgfm a 8.400 mil rpm
Diâmetro e curso: 88,0 mm x 62,0 mm. Taxa de compressão: 12,5:1.
Suspensão: Dianteira com garfo invertido Marzocchi de 50 milímetros na frente, com 120 mm de curso e regulagem hidráulica de extensão, compressão e pré-carga e traseira com braço oscilante ZF Sachs e amortecedor hidráulico com ajuste de pré-carga da mola e 120 mm de curso.
Pneus: 120/70 R17 na frente e 190/50 R17 atrás.
Freios: Disco duplo de 320 mm na frente com pinça Brembo de quatro pistões e disco simples de 240 mm atrás e pinça Brembo de dois pistões. Não oferece ABS.
Dimensões: 2,10 metros de comprimento total, 0,79 m de largura, 1,44 m de distância entre-eixos e 0,83 m de altura do assento.
Peso seco: 205 kg.
Peso em ordem de marcha: 215 kg.
Tanque do combustível: 16 litros.
Produção: Pesaro, Itália.
Lançamento: 2004.
Preço na Europa: 13.900 euros, o equivalente a R$ 41.960. O preço no Brasil não foi definido.





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