Tudo começou em 1964 com algumas conversas entre Jorge Lettry, chefe de departamento de competições da Vemag, e Rino Malzoni, um fazendeiro do interior de São Paulo que criava carrocerias esportivas. Surgia assim a empresa Lumimari, dando inicio à produção em série de um novo modelo que entraria para a história da indústria automotiva nacional.
Pequeno, leve e bonito, o cupê tinha distância entre-eixos de apenas 2,22 metros e visual inspirado em esportivos italianos. O modelo se chamava GT Malzoni. Feito com carroceria de fibra de vidro, era equipado com motor Vemag.
A primeira evolução do esportivo era apresentada no Salão do Automóvel de 1966. Nascia o Puma GT. Projetado por Anísio Campos, tinha estilo baseado na Ferrari 275 GT e acabamento luxuoso, abandonando a simplicidade e despojamento vindos dos carros de corrida. Neste mesmo ano, o nome da empresa mudaria para Puma Veículos e Motores Ltda.
Em 1967 a Vemag passava para o controle da Volkswagen, o que implicaria em mudanças no recém-lançado esportivo. No ano seguinte, era apresentado o GT 1500, com plataforma e mecânica do Karmann Ghia 1500. O entre-eixos foi reduzido para 2,15 m, enquanto a nova carroceria inspirada no Lamborghini Miura permaneceria por longos anos no mercado. Além disso, o Puma GT era mais estável, graças aos novos acertos de suspensão.
Com apenas 60 cv de potência, o desempenho ainda não era um ponto forte, apesar do peso de apenas 640 kg. Diante da situação, a Puma aplicou o motor VW 1.6 de 70 cv a partir de 1970. Na mesma época, também surgiram diversas preparações que aumentavam a cilindrada para valores entre 1.7 e 2.0 litros.
Projetado para duas pessoas, o Puma tinha espaço extremamente reduzido atrás dos bancos. Ele vinha vinha equipado com rodas de aço aro 14″, volante esportivo de três raios cromados revestido em couro, painel exclusivo com cinco instrumentos (incluindo conta-giros) e bancos reclináveis.
A produção crescia rapidamente ano a ano, até que em 1970 o Puma estreava carreira internacional com uma exposição na Espanha. Para tanto, o esportivo ganhou diversos aperfeiçoamentos na versão destinada à exportação (GTE 1.600). Com o fim da produção do Karmann Ghia, o Puma passou a utilizar a plataforma da VW Brasilia.
O pequeno Puma foi o esportivo de maior sucesso da indústria nacional. Exportado para mais de 50 países, ele chegou a lugares como Alemanha, Canadá, EUA, África do Sul e Austrália.
O primeiro Puma conversível foi apresentado em 1971, com o nome de GTS (Spider). Ele tinha reforços estruturais e capota flexível (capota removível de fibra de vidro era opcional). O modelo agradou logo de cara, pois preenchia uma lacuna deixada pelo Karmann Ghia e pelo Interlagos conversíveis.
No ano de 1972, a Puma mostrava o novo GTO, que algum tempo depois passaria a se chamar GTB. O protótipo marcava uma mudança drástica por não usar mais mecânica VW. Conhecido como Puma “Chevrolet”, ele pegava emprestado o motor 3.8 seis cilindros do Opala, com 125 cv de potência, mas nunca chegou às lojas.
Somente dois anos depois era lançada a versão GTB definitiva, agora equipada com o bloco 4.1 litros de seis cilindros do Opala SS. A potência era de 140 cv. Ele também possuía carroceria de plástico e fibra-de-vidro, mas tinha frente alongada e traseira curta. Nesta configuração, o cupê acelerava de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos e alcançava 170 km/h.
Mais mudanças viriam só em 1979, com a “Série 2″. Grade preta, quatro faróis e vidros com maior inclinação faziam parte das mudanças visuais. Mais tarde, em 1982, novas alterações: maçanetas embutidas do Alfa Romeo 2300, para-choques com polainas e lanternas de Brasilia. As versões cupê e conversível passavam a ser chamados GTC e GTI, respectivamente.
Desde o inicio dos anos 1980, no entanto, a marca vinha apresentando problemas financeiros que se acentuaram com o tempo. A situação se agravou ainda mais com um problema de um lote que seria exportado para os EUA e foi recusado por não cumprir as especificações de segurança locais.
Cheia de dívidas, a Puma pediu concordata e suspendeu a produção em 1985. Logo depois, uma empresa chamada Araucária Veículos adquiriu os direitos e continuou produzindo os esportivos, mas por um curto período. Em 1988 a Puma foi vendida novamente, desta vez para a Alfa Metais, que relançou os modelos AMV (GTB), AM3 (GTI) e AM4 (GTC) com alterações de estilo. Entre 1986 e 1989 foram fabricados apenas 36 carros, até que a produção cessou definitivamente.
A história da Puma começou nas corridas e ganhou as ruas, onde conquistou o público jovem. Nos anos 1970, fila de espera era condição obrigatória para se adquirir um Puma. O felino pioneiro entre os esportivos nacionais deixou sua marca na história automotiva brasileira a ponto de ser alvo de grande admiração até hoje.
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