Andar pelas estreitas ruas do Reino Unido e observar as construções centenárias em cenários cinematográficos me remeteu ao passado. Mas o mundo não é feito apenas de paisagens históricas. Vivemos uma era em que a tecnologia é algo fundamental e, de certa forma, estilo também.
Conectada às tendências, a Land Rover lança o totalmente novo Range Rover Sport 2014. E Fomos até o Velho Continente para conhecer o terceiro integrante da família real de luxo da tradicional marca britânica.
O que é?
O Range Rover Sport é o irmão do meio na família formada pelo caçula Evoque e pelo big brother Vogue. Agora, todos carregam traços do mesmo pai, Gerry McGovern, chefe de design da marca, responsável por inovar e aplicar a nova identidade visual que surgiu justamente no Evoque. Por fotos, confesso que esperava ver um “Big Evoque”, mas, ao vivo, a história é bem diferente. O Sport ganhou o mundo com visual de linhas retas, sisudas, imponentes e bem agressivas. Agora, a modernidade tomou conta dos traços, mais suaves e com arestas mais arredondadas. Do irmão menor vem a dianteira, com nova grade e conjunto óptico de design mais fino e com a assinatura em LEDs.
A silhueta também mudou, mas mantém sua essência. A lateral agora tem traços mais harmoniosos, com a linha de cintura acomodando de forma simétrica as maçanetas. O para-brisa ficou mais inclinado, o que, além de deixar o visual mais invocado, também contribui com a aerodinâmica. A linha do teto preserva a “caída” característica da geração anterior. A traseira ficou mais “clean” e moderna, reflexo do novo desenho da tampa do porta-malas, do para-choque e das novas lanternas horizontais, com desenho também derivado do Evoque.
Internamente, o luxo impera. Essa é uma virtude inspirada pelo irmão maior Vogue, de quem o Range Rover Sport compartilha cerca de 25% dos componentes. O painel tem desenho semelhante e é coberto de couro. Difícil é achar uma área interna que não seja macia ao toque. O quadro de instrumentos digital confere ainda mais sofisticação. Os bancos também são novos, maiores, e contam com aquecimento e refrigeração para quem vai na frente e na fila do meio. Isso mesmo, fila do meio, pois o modelo também dispõe de bancos adicionais (5+2) que são acionados eletricamente.
O volante, com botões integrados e ajuste elétrico, também é o mesmo do Vogue. No console central, além do fácil acesso aos comandos do ar-condicionado digital dual-zone e da tela colorida sensível ao toque, está a “central” de comando do sistema Terrain Response 2, do qual falaremos dos detalhes mais adiante.
O utilitário também evoluiu em construção e mecânica. E muito. O chassi e a carroceria agora formam uma estrutura inteiramente de alumínio (derivada do Vogue, enquanto antigo Sport usava a plataforma do Discovery), o que permitiu uma redução de até 420 kg no peso total do carro. O resultado direto é economia de combustível e melhor condução.
Como anda?
Uma experiência muito interessante foi dirigir um legítimo carro britânico em seu país de origem, ou seja, sentado no lado direito e com todos os sentidos das vias inversos. A bordo de um modelo equipado com motor 3.0 V6 a diesel, o test-drive começou em um hotel medieval localizado na cidade de Cheltenham, com cerca de 200 km entre regiões urbanas e rodovias. Confesso que os primeiros 15 minutos foram tensos, sendo que em todas as curvas eu pensava antes e conferia mentalmente em qual faixa de rolamento deveria entrar. Também havia o medo de ralar as rodas nas guias ou bater os retrovisores. As ruas estreitas e cercadas por paredes de pedras também não colaboram muito com a adaptação. Passados alguns quilômetros, o senso de direção começa se tornar automático e a condução volta ao normal.
Já adaptado, começo a prestar atenção no carro em si. Baixo nível de ruído, boas respostas ao acelerador e controle total são as características mais marcantes. O trabalho do câmbio automático de oito marchas também é impecável, com trocas no momento certo e quase imperceptíveis. Ao seguir o fluxo de carros, também aproveitei para utilizar o “piloto automático” adaptativo, o qual é capaz de identificar e manter a velocidade do carro à frente, seja em reduções ou acelerações. Uma vez acionado, basta apenas controlar o volante. Na rodovia, em velocidade média de 70 mph (112 km/h), é possível esquecer que se dirige um utilitário esportivo de mais de duas toneladas. Mesmo com o motor de “entrada”, o modelo é ágil e ganha velocidade rapidamente.
Mas não ficamos somente na “rua”. A Land Rover é reconhecida mundialmente pela capacidade off-road de seus modelos e com o novo Sport não poderia ser diferente. A marca preparou uma verdadeira trilha para mostrar a vocação fora-de-estrada do modelo. Para começar, uma estrada de cascalho/pedra em velocidade não tão moderada, para verificar os controles de tração e estabilidade. Somente forçando demais é possível tirar o modelo do sério, mas, mesmo assim, ele faz questão de mostrar o caminho correto. Em seguida, entramos literalmente no meio do mato, passando por cima de vegetação para descer ladeiras com inclinações de cerca de 30 graus. Para descer com segurança, basta acionar a reduzida através de um botão no console e o HDC (controle de descida) e soltar o pé do freio, que o carro faz quase tudo sozinho.
Outro desafio interessante foi atravessar um rio. Nesta nova geração, o modelo teve sua capacidade de travessia de água ampliada para até 850 mm de profundidade. Esta capacidade pode ser literalmente visualizada na tela no painel, por meio das informações obtidas por sensores incorporados nos espelhos retrovisores, que medem o nível de água e emitem avisos visuais e sonoros durante a passagem. Moleza: além de atravessar, depois ainda rodamos pelo leito do pequeno riacho.
Quando achava que já tinha sido suficiente, mais trechos vieram colocar à prova o controle de tração. Numa trilha que parecia a rodovia Transamazônica e seu piso calamitoso, onde até mesmo a pé é difícil de caminhar de tanto que afunda, o Range Rover Sport mostrou habilidade e percorreu cerca de 300 metros nesta situação. Apesar das “sambadas” da traseira e dos pneus para asfalto, o utilitário conseguiu atravessar o lamaçal de forma impressionante.
Mas não foi só isso! Depois das mais adversas situações, fomos surpreendidos por algo totalmente inesperado. No segundo dia de teste, o destino final era o aeroporto de Aeoroporto de Cotswold, no centro-oeste da Inglaterra, para provas de aceleração, frenagem e velocidade máxima. Havia, porém um Boeing 747 no meio do caminho com algumas rampas de inclinações bastante generosas. Sim, era preciso atravessar o avião com o Range Rover Sport. Na primeira etapa, subimos até a aeronave por uma rampa lateral e, ao entrar, era preciso fazer uma curva de 90 graus e encarar um desvio (havia um Defender dentro) e mais rampas de torção. Após passar pela primeira classe, descemos uma rampa de grau acentuado utilizando somente o HDC, ou seja, sem usar os freios.
Fora do avião, o teste era o seguinte: partindo do zero, acelerar até 100 mph (160 km/h) e imediatamente pisar no freio até a parada total. Com a versão 3.0 V6 diesel, consegui cumprir a tarefa em 23 segundos. Destaque para o controle total e absoluto do carro durante o ganho de velocidade e ao frear, mantendo inalterada a sua trajetória.
Já com a versão top de linha, equipada com motor 5.0 V8 Supercharged a gasolina de 510 cv, o tempo foi de 18 segundos com as mesmas impressões. Com este modelo, também pudemos acelerar por toda a extensão da pista, o que me permitiu atingir a velocidade máxima de 225 km/h.
Quanto custa?
A Land Rover ainda não divulgou os preços, versões e os respectivos itens de série. Apenas informou que o lançamento no Brasil acontecerá até o fim do ano. No entanto, estão confirmadas versões 3.0 V6 a diesel (292 cv) e a gasolina (340 cv), além do top de linha 5.0 V8 Supercharged a gasolina (510 cv). A marca britânica também informa que na maioria dos mercados oferecerá aos seus clientes a opção de quatro níveis de equipamento (S, SE, HSE e Autobiography), bem como versões mais dinâmicas do HSE e Autobiography.
O nível de personalização do acabamento e detalhes visuais é grande, incluindo 11 cores para o interior, quatro acabamentos internos em alumínio e três em madeira nobre. Na parte externa, são três opções de cores para o teto (Corris Grey, Santorini Black e Indus Silver) e nove desenhos disponíveis para as rodas de liga leve, que podem ser de 19, 20, 21 ou 22 polegadas.
Com dupla personalidade, de um esportivo de luxo e de um modelo preparado para o fora de estrada, o novo Range Rover Sport tem como principais concorrentes o BMW X5, que atualmente tem preço inicial de R$ 324.950, o Porsche Cayenne, que custa a partir de R$ 299 mil, e o Audi Q7, de R$ 294.500.
Com base em nossa avaliação pelo Reino Unido, o novo Range Rover Sport supre totalmente os anseios de quem deseja um utilitário esportivo, com excelente dirigibilidade, baixíssimo nível de ruído interno e conforto de sobra. No entanto, o grande diferencial em relações aos concorrentes citados está a sua herança off-road, que permite ir muito além de um passeio no sítio no fim de semana. É o tipo de carro que você pode sair engravatado do escritório na sexta-feira, pegar uma estrada e em seguida encarar uma bela trilha, com direito até a passar por riachos. É realmente um carro completo.
Por Fábio Trindade, de Cheltenheam, Inglatera
Viagem a convite da Land Rover
Ficha técnica – Range Rover Sport 3.0L V6 Diesel
Motor: dianteiro, longitudinal, V6, 24 válvulas, 2.993 cm³, diesel; Potência: 258 cv / 292 cv; Torque: 61,18 kgfm; Transmissão: câmbio automático de oito marchas ZF 8HP70; tração: integral permanente com diferencial central com bloqueio convencional e sistema Terrain Response 2, diferencial traseiro autoblocante como opção; Direção: elétrica; Suspensão: suspensão SLA com dois tirantes inferiores e mola pneumáticas/CVD com ARB Passivo ou ARC opcional na dianteira e multibraços com molas pneumáticas/CVD com ARB Passivo ou ARC opcional na traseira; Rodas:aro 17 com pneus 245/45 R17; Freios: discos ventilados de 350mm/380 mm dianteiros e discos ventilados de 350mm/365mm traseiros; Peso: a partir de 2.115 kg; Dimensões: comprimento 4.850 mm, largura 1.983 mm (com espelhos 2.073), altura 1.780 mm, entre-eixos 2.923 mm;
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