19 de jul. de 2013

Teste: Range Rover Sport - Forma e conteúdo

Fotos: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias e divulgação (dentro da água)
Teste: Range Rover Sport - Forma e conteúdo


Em geral, a vocação principal de cada marca aparece desde a origem, na fundação da empresa. E nela estabelece sua área de excelência. Esta prioridade pode ser o conforto, a esportividade, o luxo ou, ao contrário, o baixo custo – que redunda em popularidade.
No caso dos veículos da Land Rover, o espírito aventureiro é o traço de personalidade indelével. Mesmo que fique aparentemente submerso sob uma grande dose de requinte e tecnologia, como acontece com a linha de luxo da marca, a Range Rover. No caso da segunda geração do Range Rover Sport, além do requinte intrínseco à linha, muito da tecnologia adotada foi no sentido de ampliar a capacidade de enfrentar o asfalto. Isso sem fugir à tradição. O utilitário esportivo desembarca no último trimestre deste ano no Brasil trazendo recursos também impressionantes para a prática do “off-road”.

Na verdade, um novo conceito construtivo foi o principal responsável por esta melhora de desempenho tanto da estrada quanto fora dela. O objetivo da engenharia da marca foi reduzir o peso ao máximo. Para isso, o novo Range Rover Sport ganhou carroceria em alumínio e recebeu a mesma plataforna do Range Rover Vogue, também em alumínio. Braços de suspensão e várias partes dos motores também passaram a utilizar materiais mais leves. No modelo 3.0 V6 turbodiesel, a iniciativa foi extremamente efetiva e a perda de peso em relação ao antecessor foi de espantosos 420 kg – o mesmo que cinco passageiros bem robustos. No caso da versão 5.0 V8 a gasolina, a redução da massa foi menor, mas também expressiva, de 179 kg.



Apenas por esta dieta, o desempenho do SUV evoluiu substancialmente. Com os mesmos 510 cv, o modelo com propulsor V8 cumpre o zero a 100 km/h em 5,3 segundos, contra 6,2 s do antecessor. No caso do propulsor diesel, o desempenho é melhorado ainda por um ganho de potência. Passou de 256 cv para 292 cv na nova geração e o tempo do zero a 100 km/h caiu de 8,9 segundos para 6,9 s. A nova geração ainda vai dispor de um terceiro propulsor, 3.0 V6 a gasolina, de 340 cv, que deve equipar uma nova versão de “entrada”, que vai a 100 km/h partindo da inércia em bons 7,0 segundos.

No gerenciamento dessa maior disposição, a Land Rover injetou uma quantidade avassaladora de controles eletrônicos dinâmicos no Range Rover Sport. O Terrain Response de segunda geração é capaz de ler e adaptar o modelo às condições de rodagem, alterando a distribuição de potência nas rodas e atuando sobre a suspensão pneumática. O sistema tem um ajuste especificamente para a pista, que faz a marca afirmar que este é o Land Rover que melhor se comporta no asfalto já feito. Muitos desses recursos ajudam também no fora-de-estrada, como o diferencial traseiro com controle eletrônico, que faz a leitura para fazer uma distribuição mais inteligente do torque. Especificamente para o off-road, o Range Sport ganhou um leitor de profundidade, que mostra na tela de LCD do console central em que ponto do veículo está a linha d’água. Junto com esse leitor, houve um bom aumento na capacidade de submersão, que passou de 70 para 85 cm.   

O novo fôlego do Range Rover Sport vem acompanhada por uma roupagem bem moderna, inspirada no bem-sucedido SUV médio Evoque. O desenho da primeira geração ressaltava principalmente a robustez do modelo, com uma frente reta e volumosa e a traseira truncada. Agora, as linhas exaltam a esportividade, com a parte frontal mais angulosa e o para-brisa bem inclinado. O conjunto ótico esticado nas laterais em direção ao para-lamas acentua a ideia de velocidade. As colunas em preto reduzem visualmente os 1,78 metro da altura do modelo. Como no Evoque, o novo Sport oferece combinações de cores diferentes para o teto e a carroceria. Os preços para o Brasil ainda não estão definidos, mas não devem se afastar muito dos atualmente praticados. E que vão de R$ 340 mil, para o modelo diesel, a R$ 440, para o V8 a gasolina completo.



Ponto a ponto

Desempenho – As três motorizações do Range Rover Sport são de respeito. Ainda mais porque são gerenciadas pelo câmbio de oito velocidades, que consegue sempre achar o giro certo para o momento preciso. Todas movem os mais de 2 mil quilos do modelo sem dificuldades, mas cada um a seu modo. O motor 3.0 V6 a gasolina, com seus 340 cv, é o que tem desempenho mais comedido e inspira uma condução mais racional. O propulsor diesel impressiona pelo alto torque, de 61,2 kgfm, e parece ter disposição para subir paredes. E o 5.0 V8 a gasolina, de 510 cv, é simplesmente avassalador. Só para dar uma ideia, é o mesmo usado nos modelos mais fortes da Jaguar. Nota 10.

Estabilidade – Mesmo com alta tecnologia construtiva, um carro alto, pesado, grande e muito potente não pode prescindir de controles eletrônicos dinâmicos. E isso o  Range Rover Sport tem de sobra. Controles inteligentes de tração, de estabilidade, suspensão pneumática autoajustável, pneus 275/45 R21 e diferencial eletrônico. isso quer dizer que o carro se comporta como programado: aderna pouco nas curvas, não mergulha em freadas e quase não empina nas arrancadas. Aparentemente os sistemas são pouco invasivos, mas a verdade é que eles entram em ação de forma muito sutil. Basta desligá-los para rapidamente se explicitarem os limites do utilitário-esportivo. Na prática cotidiana, com controles acionados, o Sport consegue tanto explorar os potentes motores que dispõe quanto oferecer altos níveis de conforto. Nota 9.

Interatividade – Faz parte da lógica do Range Rover Sport facilitar e a vida do motorista e informar cada detalhe do que acontece com o carro. O modelo tem cinco câmaras no entorno para enxergar obstáculos, leitor de profundidade para travessia de áreas alagadas, computador de bordo completo, volante multifuncional, paddle shift para trocas de marcha – que podem ser feitas também diretamente na alavanca em formato de joystick –, ajustes elétricos de volante e bancos, GPS e até sistema dual view (motorista e passageiro podem ver imagens diferentes no monitor central ao mesmo tempo). E a navegação pelos recursos é simplificada por uma tela de menu autoexplicativa. Nota 10.

Consumo – Segundo a Land Rover, a segunda geração do Range Rover Sport ficou aproximadamente 15% mais econômica – tanto pela melhor aerodinâmica quanto pela perda de peso. Com o sistema start-stop, a economia é incrementada em outros 7%. Nos testes, quando o consumo não era uma preocupação, o computador de bordo nunca acuou uma média inferior a 6 km/l nem superior a 8 km/l. Números bem razoáveis para um modelo potente e grande. Nota 7.



Conforto – O Range Rover Sport alto, largo e comprido. Por isso, é natural que o espaço seja dos mais generosos. E entre os recursos de conforto comuns a modelos de luxo, não falta nada. O ar-condicionado eletrônico tem duas ou três zonas, dependendo da versão. Há dois monitores para a segunda fileira, nos apoios de cabeça dianteiros, a tampa traseira abre e fecha eletricamente, a ergonomia é perfeita e os bancos tem várias regulagens, inclusive de apoio lombar. A lista é gigante e para comportar tudo isso, há ainda a suspensão pneumática, com nível de rigidez ajustável. Nota 10

Tecnologia – A Land Rover investiu pesado na leveza do seu modelo. Por isso, o Range Rover Sport tem uma grande quantidade de peças em alumínio. Mas, além disso, ainda ganhou 25% na rigidez torcional. A suspensão pneumática, em quinta geração, também apresenta alta performance. E o câmbio de oito velocidades da ZF é um dos mais modernos fabricados. Os motores a gasolina, projetados pela Jaguar e construídos pela Ford, são robustos e têm bons recursos, como sobrealimentação e controle de abertura de válvulas. O propulsor diesel, este da própria Ford, também foi retrabalhado e está com rendimento 15% maior. Além de tudo isso, há ainda um sem número de controles dinâmicos, fornecidos por Magneti Marelli e Bosch, entre outras, que tornam o Sport um dos modelos com maior embarque de  eletrônica de ponta feitos atualmente. Nota 10.

Habitabilidade – Além do espaço em todas as dimensões e dos recursos de conforto, o interior oferece um bom número de porta-objetos. Sob o apoio de braços central, há uma pequena geladeira, com capacidade para quatro garrafas ou latas. A versão que vem para o Brasil não terá opção para sete lugares, como existe na Europa. Desse modo, todos os 784 litros do excelente porta-malas ficam apenas para a bagagem. Nota 9.

Acabamento – Todos os detalhes explicitam a preocupação da marca em fazer valer a condição de modelo premium para o Range Rover Sport. Dependendo da versão, o revestimento por ser apenas em couro ou em couro e alcântara. Praticamente não há plásticos aparentes no interior. O painel frontal e a forração das portas também são em couro. Tudo com ótima aparência e visual requintado – no que é acompanhado pela decoração de extremo bom gosto, com cromados, painéis em laca e frisos de alumínio em doses muito bem estudadas. Nota 9.  

Design – A evolução do estilo da linha Range Rover conseguiu encontrar no Sport uma ótima expressão. Como é um modelo sem tanta tradição como o Range Rover maior – está apenas na segunda geração –, a marca se permitiu misturar a robustez própria de um Land Rover mais requintado com a jovialidade do Evoque, que inaugurou o novo conceito de design. O resultado é agradável e bastante equilibrado, sem ser modernoso nem conservador. Nota 10.

Custo/benefício – O Jaguar Land Rover ainda não estabeleceu o valor que será pedido pelo Range Rover Sport, mas não ficará muito longe da faixa que vai dos R$ 300 mil até os R$ 450 mil. Ou seja: um segmento onde não se pode aplicar uma lógica de custo/benefício – não tem sentido alguém mudar para um modelo rival por conta de uma diferença de R$ 30 mil, por exemplo. No caso, o Sport chega para brigar com BMW X5, Mercedes ML e Porsche Cayenne, todos com menor aptidão off-road que ele e com comportamento similar no asfalto. Nota 6.

Total – O Range Rover Sport somou 90 pontos em 100 possíveis.



Primeiras impressões

Fleuma aventureira

Cheltenham/Inglaterra – A nova geração do Range Rover Sport impressiona à primeira vista. E contrinua impressionando à medida que se obverva os detalhes. O design é moderno, mas sem firulas desnecessárias e cansativas. O interior é repleto de itens teconológicos, mas sem parecer o de uma nave espacial. E o acabamento é refinado, sem ser esnobe ou “nouveux-riche”. A elegância estática do utilitário inglês – apesar de a empresa pertencer aos indianos da Tata, a Land Rover ainda é um bocado inglesa – se mantém intacta quando posto em movimento. Qualquer que seja o propulsor sob o capô, ele é virtualmente inaudível de dentro do habitáculo. A não ser, claro, quando o pé direito o força a falar alto.

O teste proposto pela Land Rover no lançamento do modelo foi bem extenso. Foram aproximadamente 400 km percorridos em dois dias entre a Inglaterra e País de Gales, incluídos trechos rodoviários, urbanos, de terra e off-road de vários níveis. Por exemplo, uma passagem de uns 200 metros por dentro de um rio com aproximadamente 80 cm de profundidade, pensado para acionar o sensor de profundidade. Outro foi a descida de uma pirambeira com aproximadamente 60º de inclinação, para testar o sistema de down hill. Houve ainda lamaçais portentosos e, o mais inusitado de todos, um teste de limite de inclinação lateral, gangorra e de subida em rampa dentro de uma sucata de um Boing 747. No mesmo “cemitério de aviões” havia uma área de aceleração, numa velha pista de pouso. Com o modelo V8, pôde-se chegar somente a 234 km/h, pois faltou pista. No caso, o modelo de teste estava com o opcional que eleva a velocidade máxima de de 140 para 155 milhas por hora, equivalentes a 225 e 250 km/h, respectivamente.



As três motorizações mostraram qualidades. E na evolução do teste, foram testadas, na ordem, a V6 a gasolina, a V6 a diesel e a V8 a gasolina. Com a primeira, a sensação foi que qualquer aumento de potência e torque seria um evidente exagero. O Range Rover 3.0 V6 turbo de 340 cv respondeu bem a todas as solicitações. E parecia mais que suficiente até que o turbodiesel 3.0 V6, de 292 cv e seus colossais 61,2 kgfm de torque (o 3.0 a gasolina tem “apenas” 45,9 kgfm) se mostrou capaz de pressionar o corpo dos ocupantes contra o encosto dos bancos. Só que o propulsor V8 a gasolina, além de dispor de 510 cv, oferece um torque ainda maior, de 63,7 kgfm. A capacidade de empurrar um veículo volumoso e com 2.300 kg da inércia até 100 km/h em apenas 5,3 segundos dá bem a medida da pujança. Tudo assistido por um verdadeiro arsenal de recursos eletrônicos, que servem tanto à dinâmica privilegiada quanto ao exacerbado nível de conforto disponível nesta segunda geração do Range Rover Sport.



Ficha técnica

Land Rover Range Rover Sport

Motores:
3.0 diesel: Diesel, dianteiro, longitudinal, 2.993 cm³, biturbo, seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro e comando duplo de válvulas no cabeçote. Injeção Common Rail e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 292 cv a 4 mil rpm.
Torque máximo: 61,2 kgfm a 2 mil rpm.
Aceleração de zero a 100 km/h: 7,2 segundos.
Velocidade máxima: 210 km/h.
Diâmetro e curso:  84,0 mm X 90,0 mm. Taxa de compressão: 16,1:1.
3.0 gasolina: Gasolina, dianteiro, longitudinal, 2.995 cm³, supercharger, seis cilindros em “V”, quatro válvulas por cilindro e comando duplo variável de válvulas. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 340 cv a 6.500 rpm.
Torque máximo: 45,9 kgfm entre 3.500 e 5 mil rpm.
Aceleração de zero a 100 km/h: 7,2 segundos.
Velocidade máxima: 210 km/h.
Diâmetro e curso:  84,0 mm X 89,0 mm. Taxa de compressão: 9,5:1.
5.0 gasolina: Gasolina, dianteiro, longitudinal, 4.999 cm³, oito cilindros em “V”, supercharger, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e comando duplo variável de válvulas. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 510 cv entre 6 mil e 6.500 rpm.
Torque máximo: 63,7 kgfm entre 2.500 e 5.500 rpm.
Aceleração de zero a 100 km/h: 5,3 segundos.
Velocidade máxima: 225 km/h.
Diâmetro e curso:  92,5 mm X 93,0 mm. Taxa de compressão: 9,5:1.
Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré. Tração permanente nas quatro rodas com diferencial central e traseiro blocantes. Oferece controle eletrônico de tração.
Suspensão: Dianteira do tipo double wishbone com dois braços inferiores e molas pneumáticas. Traseira independente do tipo multilink com molas pneumáticas. Oferece controles eletrônicos de altura e de estabilidade.
Pneus: 275/45 R21.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Assistidos por ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco de alumínio com quarto portas e cinco lugares. Com 4,85 metros de comprimento, 1,98 m de largura, 1,78 m de altura e 2,92 m de distância entre-eixos. Tem airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para motorista e passageiro.
Pesos:
3.0 diesel: 2.115 kg
3.0 gasolina: 2.144 kg
5.0 gasolina: 2.310 kg.
Capacidade do porta-malas: 784 litros.
Tanque de combustível: 105 litros.
Altura mínima do solo: 20,0 cm (26,5 cm no modo off-road).
Ângulo de ataque: 25,8º (31º no modo off-road).
Ângulo de saída: 26,4º (30,9º no modo off-road).
Capacidade de imersão: 85 cm.
Produção: Solihull, Inglaterra.
Lançamento da atual geração: 2013.
Itens de série: Ar-condicionado de duas zonas (três na topo V8), direção assistida, trio elétrico, bancos com ajuste elétrico, memória e aquecimento, cruise control, sensor de luminosidade e de chuva, sistema de auxílio de funcionamento off-road automático, medidor de profundidade, sistema de som Meridian com 29 alto-falantes, tela central sensível ao toque, GPS, monitoramento de ponto cego, airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho, faróis de xenon, rádio/CD/DVD/MP3/USB/iPod/Bluetooth, câmara de ré, duas telas adicionais atrás dos bancos dianteiros, ABS, ETC, DSC, HDC, EBD e EBA.
Preço estimado: Entre R$ 340 mil e R$ 440 mil.








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