Nos últimos dois anos, a Chevrolet renovou praticamente toda a sua oferta no Brasil. E entre os mais de 10 modelos que lançou de 2011 para cá, o compacto Onix era o que tinha a missão mais complicada: fazer a marca ganhar market share.
A configuração custa a partir de R$ 32.590 e, entre os principais atrativos, oferece direção hidráulica, rodas em aço de 15 polegadas, vidros dianteiros e travas elétricas, além dos triviais duplo airbag frontal e freios ABS com EBD. Com os mesmos itens e o motor 1.4, o preço vai a R$ 36.190. Virtualmente o mesmo preço que se paga pelo 1.0 LT acrescido de ar-condicionado e sistema multimídia MyLink com tela sensível ao toque. Nesse caso, é praticamente uma escolha por conteúdo ou motor. No topo da gama ainda aparece o 1.4 LTZ, por R$ 43.690 e com tudo incluído.
Boa parte do bom desempenho comercial do Onix pode ser creditada ao design. O desenho do modelo é nacional, mas, na frente, a cara global da Chevrolet se faz reconhecer pela grade bipartida horizontalmente. A peça, aliada aos faróis, em tamanho proporcional, confere um olhar agradável ao hatch. O perfil do compacto é bastante "vincado", o que cria um aspecto de robustez. Já a traseira combina soluções interessantes, como o formato do para-brisa, e outras um tanto controversas, como o tamanho reduzido das lanternas.
O motor 1.0 que a Chevrolet chama de "novo" é, na verdade da Família 1, que chegou por aqui há quase 20 anos sob o capô do Corsa. Porém, com a reorganização de alguns componentes, a unidade de força perdeu peso e teve um leve incremento de potência – entrega agora 80 cv com etanol a 6.400 rpm. O torque é de 9,8 kgfm, disponível aos 5.200 giros. A transmissão é manual de cinco velocidades. O antigo trem de força, no entanto, é montado sobre uma plataforma nova, assim como o conjunto de suspensão. Muito por causa desta base moderna, o hatch vai receber até o fim de julho um câmbio automático de seis marchas – mas que ficará restrito ao motor mais potente da gama.
Ponto a ponto
Desempenho – O Onix LT 1.0 pesa "mirrados" 1.012 kg. Mesmo assim, os giros demoram a subir e é preciso pisar um pouco mais para ganhar certa agilidade nas saídas. As relações da transmissão amenizam o problema. Com o conta-giros em faixas mais elevadas, a situação melhora. As retomadas são mais convincentes depois que o carro alcança velocidades mais altas. Nota 6.
Estabilidade – A plataforma do Onix tem boa distância entre-eixos, o que colabora para um comportamento estável do hatch em quase todas as situações. Há situações, como em frenagens mais bruscas, em que o carro ameaça fugir do controle. Eventualmente a carroceria rola um pouco em algumas curvas. Mas na maior parte do tempo, mesmo em altas velocidades, prevalece a sensação de ter o carro "na mão". Nota 7.
Interatividade – A visibilidade do Onix é boa para a frente, mas deixa a desejar para a traseira em virtude do formato do vidro e da largura da coluna. O painel de instrumentos oferece facilidade de leitura e todos os comandos são de fácil acesso. O opcional MyLink, presente na versão testada, deixa a vida mais divertida dentro do carro. O problema está na tela sensível ao toque. Os menus mudam sempre de lugar, o que faz necessário desviar o olhar do trânsito para efetuar uma determinada função. Nota 8.
Consumo – O Onix não foi avaliado pelo InMetro e não oferece computador de bordo. As medições durante o teste, em ciclo misto, apontaram para uma boa média de consumo de 11,6 km/l com gasolina. Nota 8.
Conforto – Apesar de compacto, o Onix não é um carro apertado – claro, dentro das limitações do segmento. A distância entre-eixos alongada resulta em maior espaço interno. Os ocupantes da frente viajam confortavelmente e dois adultos atrás não passam por apertos. Os encostos de cabeça dos bancos dianteiros são macios. A suspensão também trabalha para dar boa vida aos passageiros e absorve bem as imperfeições pelo caminho. Nota 8.
Tecnologia – O motor é antigo, mas a arquitetura e a suspensão são modernos. O Onix vem com duplo airbag e freios ABS, itens obrigatórios a partir de 2014, além de direção hidráulica e vidros elétricos. O sistema MyLink é um opcional que faz diferença a favor do Onix em relação aos rivais. Nota 7.
Habitabilidade – A ergonomia é agradável, graças aos ajustes do banco e da coluna de direção. Há muitos porta-objetos, o que facilita a disposição dos itens de uso mais imediato, como carteira e celular. Na traseira, há encostos de cabeça para apenas dois ocupantes. O puxador da porta está mal posicionado, mas os ângulos de abertura, tanto na frente, quanto atrás, são amplos. Nota 7.
Acabamento – O aspecto interior do Onix não é sua principal virtude. Não chega a desagradar aos olhos, mas há plástico rígido em toda parte. Alguns arremates mal feitos incomodam ao toque. Porém, os encaixes das peças são justos. Nota 6.
Design – Os designers da Chevrolet no Brasil fizeram um carro bem resolvido do ponto de vista estético. A frente familiar da fabricante, com a grade bipartida, cria um conjunto harmônico com os faróis. Há muitos vincos, o que deixa o perfil do hatch bem encorpado e musculoso. Já na traseira, o grupo ótico causa estranheza pela falta de proporção. Nota 7.
Custo/benefício – O líder do segmento é o Volkswagen Gol, que, em sua versão 1.0, parte dos R$ 27.920. Mas tem duas portas e não oferece airbags, nem ABS, por exemplo. Com quatro portas, além dos dispositivos de segurança, ar-condicionado, direção hidráulica e sistema de som, o valor sobe para R$ 36.186. O Hyundai HB20 1.0 começa em R$ 33.295 e já tem itens de série como ar condicionado, direção hidráulica e computador de bordo. A versão imediatamente abaixo da "top" custa R$ 36.290 e oferece vasta lista de itens de série. O preço inicial do Onix é de R$ 32.590, mas o modelo fica interessante apenas com opcionais quase obrigatórios, que elevam a conta para R$ 36.690. O consumo de combustível joga a favor do hatch da GM. Nota 7.
Total – O Chevrolet Onix somou 71 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Mais do que se vê
O Chevrolet Onix "engana" quando visto por fora. Dá a impressão de que é muito maior que os rivais – proeza conseguida graças ao entre-eixos alongado e à altura mais elevada. O perfil com vincos bem pronunciados contribui para a sensação de robustez ao olhar para o carro. E, exceto pela traseira, cujas lanternas lembram a "desajeitada" Spin, o hatch consegue conquistar pelo visual. Dentro do carro, a percepção de espaço não muda. Claro não se compara a modelos de segmentos maiores, mas, entre os compactos, o Onix consegue certo destaque.
Não é difícil encontrar uma boa posição de dirigir. O volante só é regulável em altura, mas a falta de ajuste em profundidade não compromete muito a ergonomia. Ao girar a chave surpreende de cara o baixo ruído do motor. Em movimento, no entanto, acontece algo bem mais esperado entre modelos 1.0 litro: "preguiça" na hora de acelerar. O pequeno motor demora muito para encher. Em situações comuns às grandes cidades, como os constantes congestionamentos, isso não é dos maiores problemas. O incômodo, porém, desaparece quando o motor começa a girar na faixa dos 4 mil rpm, quando as retomadas se tornam satisfatórias. Os engates da transmissão são sempre bastante precisos.
O Onix é um carro confortável ao rodar. Além da boa dirigibilidade, há o trabalho da suspensão, que trata de impedir que a maioria as imperfeições pelo caminho sejam sentidas dentro do carro sem grandes perdas no equilíbrio. Em alguns momentos, no entanto, a carroceria ameaça rolar – principalmente quando se tenta tocar o hatch de maneira mais animada. O isolamento acústico foi bem feito pela Chevrolet e o ruído que invade a cabine, mesmo em giros mais elevados, não chega a atrapalhar uma conversa em tom normal. E o sistema MyLink, com várias opções de conectividade, é um opcional que eleva bastante as qualidades do compacto.
Ficha técnica
Chevrolet Onix 1.0 LT
Motor: Flex, dianteiro, transversal, 999 cm³, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 80 e 78 cv a 6.400 rpm com etanol e gasolina.
Torque máximo: 9,8 e 9,5 kgfm a 5.200 rpm com etanol e gasolina.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13,3 e 13,7 segundos com etanol e gasolina.
Velocidade máxima: 167 e 162 km/h com etanol e gasolina.
Diâmetro e curso: 71,1 mm X 62,9 mm. Taxa de compressão: 12,6:1.
Pneus: 185/70 R14 (LT).
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais com carga lateral, amortecedores telescópicos e barra estabilizadora. Traseira semi-independente com eixo de torção, molas helicoidais e amortecedores telescópicos hidráulicos.
Freios: Discos na frente e tambor atrás. ABS de série.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,93 metros de comprimento, 1,70 m de largura, 1,48 m de altura e 2,52 m de distância entre-eixos. Oferece airbag duplo de série.
Capacidade do porta-malas: 280 litros.
Tanque de combustível: 54 litros.
Produção: Gravataí, Rio Grande do Sul.
Itens de série: Airbags frontais, freios ABS, ar quente, banco do motorista com ajuste de altura, direção hidráulica, maçanetas externas e capas dos retrovisores na cor do carro, chave canivete, direção com ajuste de altura, travas e vidros elétricos, alarme e protetor de cárter.
Preço: R$ 32.590
Opcionais: Ar-condicionado, MyLink e pintura metálica.
Preço completo: R$ 37.690
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