14 de jul. de 2013

Duro de vender: mercado de duas rodas segue em baixa no Brasil

lustração: Afonso Carlos/Carta Z Notícias
Duro de vender: mercado de duas rodas segue em baixa no Brasil

O mercado de duas rodas até tenta encontrar motivos para se animar. A realidade, no entanto, não permite. Depois de um relativo otimismo após os três meses iniciais de 2013, o fechamento do primeiro semestre trouxe o setor de volta à rotina que parece se repetir a cada período.
De janeiro a junho, o país emplacou 748.252 motocicletas, o que representa uma queda de 12,9% das vendas em relação à mesma época de 2012. E as perdas não se resumem apenas ao varejo. No atacado – que contabiliza as entregas das fabricantes às concessionárias –, a retração foi de 9,3%. Os “vilões” apontados ainda são os mesmos do ano passado: restrições nos financiamentos e nas concessões de créditos.

O resultado do semestre derrubou as previsões da Abraciclo – associação que reúne os fabricantes de motocicletas –, que demonstravam otimismo em relação a 2013. Em março, o presidente da associação, Marcos Fermanian, chegou a projetar crescimento de 2,4% para o setor até dezembro. “Agora, a previsão é que os volumes totais mantenham-se estáveis em comparação com 2012”, reavalia Fermanian. Apesar de não prever retração no comparativo entre os dois anos, o prognóstico não é dos mais positivos. Afinal, o executivo afirmou, no início de 2013, que no ano passado o setor chegou ao “fundo do poço”.

Longe da turbulência enfrentada pelos modelos de base, o setor de alta cilindrada segue acelerado. A entrada de novas marcas no mercado nacional nos últimos anos reflete o otimismo em relação ao potencial do segmento. É o caso da Triumph, que desembarcou no por aqui em novembro do ano passado. “De fora, enxergamos o problema do mercado, mas isso em nenhum momento pesou contra a decisão de operar no Brasil. Não havia risco de perda, já que iniciamos do zero”, afirma Marcelo Silva, gerente geral da marca inglesa no país. Para o executivo, a chegada de novas marcas pode impulsionar o mercado premium. “O aumento do número de opções faz o mercado crescer. O consumidor compra mais quando há mais para ser vendido”, pondera Marcelo. O segmento de alta cilindrada foi o único a encerrar 2012 com números positivos e pode repetir neste ano. No entanto, o prognóstico de bons resultados não é o bastante para impulsionar o setor de duas rodas como um todo, já que o nicho premium não tem volumes significativos de vendas.

Um dos fatores que desequilibram negativamente o mercado é a falta de incentivos para quem compra. Antes, o problema estava apenas na restrição de crédito para os consumidores de menor poder aquisitivo. No entanto, o problema agora atinge de maneira mais severa somente as transações envolvendo motocicletas – o que contrasta com a boa oferta para a compra de outros tipos de bens, como imóveis, linha branca e até carros. “Isso fez muitos compradores de motos migrarem para os automóveis, que oferecem maior conforto e segurança, além do status desse consumidor sentir que pode um pouco mais”, explica Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive.

Apesar das previsões da Abraciclo, o ano de 2013 pode não estar totalmente perdido. Mas para as empresas do setor, isso só será possível em caso de cooperação do Governo Federal. “É fundamental que tenhamos alguns incentivos governamentais, como a redução dos custos agregados, como emplacamento, licenciamento e IPVA, por exemplo”, avisa Mauro Ferraz, gerente nacional de vendas da Dafra. De acordo com o executivo, cabe às montadoras a criação de alternativas para reerguer o segmento de duas rodas, como o lançamento de novos produtos em mercados específicos. Porém, para Ferraz, a retomada das vendas não depende apenas de medidas das fabricantes. “Precisamos também ações de liberação de crédito específico para a compra de motos, como ocorre em outros setores”, explica.

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