Segundo universidade, sistemas de interatividade ‘roubam’ concentração. Motoristas se esquecem de retrovisores e não reagem às sinalizações.
Estudo realizado nos Estados Unidos pela Universidade de Utah, encomendado pela American Automobile Association (AAA), aponta que sistemas de interatividade para carros conhecidos como “hands free” ou “mãos livres” são mais perigosos do que simplesmente falar ao celular enquanto dirige.
Estes recursos consistem em botões mais acessíveis e comandos em viva-voz para telefonar e mandar mensagens de dentro do carro, entre outras atividades. O resultado da pesquisa foi divulgado nesta quarta-feira (12).
Os sistemas são muito utilizados pelas montadoras para atrair o público mais jovem, imerso no mundo de redes sociais e aplicativos de smartphones. De acordo com as fabricantes, os dispositivos “hands free” são mais seguros, porque os motoristas conseguem manter as mãos no volante e os olhos na estrada.
No entanto, a pesquisa da associação automotiva americana mostra que a concentração para comandar o sistema por voz exige muito mais a atenção do motorista. Tal distração é definida pelos pesquisadores como “visão de túnel" ou "cegueira de desatenção". Isso porque a primeira reação dos condutores é se esquecer de olhar pelos espelhos retrovisores e prestar atenção aos detalhes do que vê na frente, seja a luz de freio de um carro ou pedestres.
"As pessoas não estão enxergando o que elas precisam ver para dirigir. Essa é a parte mais assustadora para mim", afirmou o presidente e CEO da fundação AAA, Robert L. Darbelnet, sobre o resultado da pesquisa.
Existem cerca de 9 milhões de carros e caminhões nos Estados Unidos em circulação com sistemas de informação e entretenimento. De acordo com a entidade, esse volume vai saltar para 62 milhões de veículos até 2018. A associação ressalta ainda que as pessoas se consideram seguras ao falar pelos sistemas de viva-voz, assim, mantêm o hábito.
"Nós acreditamos que há uma crise de segurança pública iminente", disse. "Esperamos que este estudo vá mudar alguns conceitos errados, amplamente defendidos pelos motoristas", alerta o representante da entidade.
Pesquisa foi realizada pela Universidade de Utah, nos EUA (Foto: Manuel Balce Ceneta/AP)
MetodologiaO estudo foi aplicado pela equipe do especialista Dr. David Strayer, da Universidade de Utah. Foram medidas ondas cerebrais, além de movimentos oculares e outras reações para avaliar o que acontece com a carga de trabalho mental dos motoristas quando eles tentam fazer várias coisas ao mesmo tempo, tomando como base décadas de pesquisa das indústrias aeroespacial e automobilística.
Ao todo, 32 estudantes universitários dirigiram enquanto executavam uma série de tarefas secundárias, que vão desde ouvir música a enviar e-mails e SMS. Câmeras foram montadas dentro do carro para acompanhar os movimentos da cabeça e dos olhos dos motoristas. Outro dispositivo permitiu gravar o tempo de reação a luzes vermelhas e verdes introduzidas no campo de visão dos condutores.
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