Ford New Fiesta Titanium traz conteúdo e preço de médio em embalagem compacta
Uma marca pode ter objetivos bem diferentes para o mesmo carro. Basta criar versões que apelem a públicos distintos. Foi o que Ford fez há pouco mais de um mês no lançamento do New Fiesta nacional.
Para ampliar a
abrangência do hatch, criou uma configuração de entrada, com motor 1.5 e
preço competitivo. Mas não eliminou a abordagem “premium” que
caracterizou o compacto por aqui desde que começou a ser trazido do
México. No topo da linha, introduziu a variante Titanium e a encheu de
equipamentos que geralmente só são encontrados em segmentos superiores.
Neste caso, o volume de venda da versão nem importa muito. O que vale é
encarnar com eficiência o prestigiado papel de “vitrine tecnológica” – e
emprestar algum requinte até aos modelos mais baratos da linha.Uma marca pode ter objetivos bem diferentes para o mesmo carro. Basta criar versões que apelem a públicos distintos. Foi o que Ford fez há pouco mais de um mês no lançamento do New Fiesta nacional.
As diferentes propostas entre as versões do New Fiesta é vista obviamente já no preço. O mais básico, o 1.5 S, custa R$ 38.990. A topo de linha, a sofisticada 1.6 Titanium, vale R$ 51.490. Ou seja, 32% mais caro que o New Fiesta mais acessível. A distinção entre as duas versões começa já no conjunto mecânico. Os dois motores derivam da família Sigma, mas com tamanhos diferentes. O menor traz 111 cv de potência, 14,9 kgfm de torque e concepção mais simples. O maior, com duplo comando variável de válvulas, entrega 130 cv e 16,2 kgfm. Bons números para um propulsor 1.6. Ambos trazem câmbio manual de cinco marchas, porém, o mais potente pode ter também um automatizado de dupla embreagem por R$ 3,5 mil a mais.
A lista de equipamentos, evidentemente, também muda bastante. O básico já vem com sistema de som com bluetooth, trio e direção elétricos e ar-condicionado. Mas é na Titanium que a Ford usa todo o seu arsenal. O New Fiesta se beneficia de ser um carro mundial, vendido também nos Estados Unidos e Europa. Assim, toda a base para o uso de itens tecnológicos já está pronta. É o caso dos sete airbags, controles de estabilidade e tração – é o único compacto nacional a ter estes três itens. O “recheio” é completo com rodas de liga leve de 16 polegadas, bancos e volante revestidos em couro, sensor de estacionamento com auxílio visual, ar-condicionado digital e cruise control. Em essência, é o que se encontra em modelos de maior porte, só que em embalagem menor.
A nova realidade do New Fiesta, agora como produto brasileiro, já surpreendeu logo no primeiro mês. De acordo com a Fenabrave, foram vendidos 11.400 Fiesta em maio, sendo cerca de 30 % do novo modelo. Em números absolutos, isso representa por volta de 3.500 unidades – como a produção está no estágio inicial, um volume ainda longe das 6 mil unidades mensais imaginadas pela Ford no lançamento. O desempenho de vendas do New Fiesta não é suficiente para encostar no Renault Sandero e suas 7.400 emplacamentos, mas já supera Honda Fit, Fiat Punto, Peugeot 208 e Citroën C3.
Em relação ao antigo hatch mexicano, que tinha média de 2 mil unidades mensais, é um crescimento significativo. Além disso, serve para fortalecer a Ford. Em maio, a marca norte-americana conseguiu se manter em quarto lugar no mercado brasileiro, mas já tem a posição ameaçada por Hyundai e Renault, ambas com planos ambiciosos no Brasil. Nesta briga, a presença de um compacto bom de mercado – e também de imagem – é fundamental.
Ponto a ponto
Desempenho – O New Fiesta acelera de maneira progressiva. Como a maioria dos motores de quatro válvulas por cilindro, o comportamento em giros baixos é comedido. Antes dos 2.500 rpm não há grandes emoções no hatch. Conforme as rotações sobem, no entanto, a história muda. O motor 1.6 Sigma é valente e gosta de explorar giros altos. Acima de 4, 4.500 rpm parece até um compacto de proposta esportiva. O câmbio tem alavanca grande, mas os engates são bastante certeiros. Nota 8.
Estabilidade – O equilíbrio dinâmico é um dos destaques do New Fiesta. O hatch se comporta muito bem ao encarar uma sequência de curvas, com agilidade e bastante aderência. As rolagens de carroceria acontecem, porém, sem prejudicar o acerto dinâmico. A direção é elétrica e, por isso, perde um pouco do feeling da estrada. Mesmo assim, é sempre precisa e direta. Nota 9.
Interatividade – A direção leve é ótima para estacionar e manobrar em velocidades baixas. O quadro de instrumentos tem desenho interessante e a visualização é clara. Bem diferente do sistema de som, que, apesar de completo, é um tanto confuso de usar. A retrovisão também não é das melhores. O vidro traseiro é pequeno, assim como os retrovisores externos, que pouco contribuem para a visualização. Nota 8.
Consumo – O InMetro deu nota A para o New Fiesta 1.6 em seu segmento. De acordo com dados do instituto, o hatch faz 10 km/l na estrada e 8,0 km/l na cidade com etanol e 14,3 km/l e 12,0 km/l com gasolina. Melhor que isso, só os híbridos – que custam bem mais – ou alguns raros compactos bem despojados. Nota 9.
Conforto – Como quase todos os compactos do segmento, espaço interno não é o forte do New Fiesta. Na frente dois adultos até que vão bem. Atrás, falta espaço para pernas e até para cabeças dos mais altos. A suspensão é bem calibrada e absorve os buracos com competência. Os bancos têm abas laterais que seguram o corpo no lugar nas curvas e contribuem para a ergonomia geral. Nota 7.
Tecnologia – O New Fiesta é dos compactos mais modernos do país. Além do motor Sigma, com bloco em alumínio e duplo comando variável de válvulas, traz uma plataforma moderna e design atualizado com o europeu. A lista de equipamentos é mais uma que se distancia dos rivais. O New Fiesta é o único compacto feito no Brasil a ter controle de tração e estabilidade. O sistema de entretenimento poderia ser mais moderno e incluir um navegador GPS, por exemplo. Apesar da existência de sensor de estacionamento, uma câmara de ré também não cairia mal em uma versão que se apresenta como “top”. Nota 8.
Habitabilidade – A vida é simples no interior do New Fiesta. Há bastante espaço para porta-objetos e os ajustes são fáceis. A entrada USB do rádio é em lugar de fácil acesso, no console central, o que facilita o seu manuseio. Os acessos são decentes, mas o porta-malas é pequeno: leva apenas 281 litros. Nota 8.
Acabamento – Assim como o EcoSport nacional, o New Fiesta tem um interior bonito, mas de acabamento apenas razoável. Os revestimentos escolhidos não aparentam maior requinte. Os plásticos são todos rígidos e, em alguns locais, os encaixes das peças não são precisos. Nota 6.
Design – O face-lift realizado pela Ford ao lançar o New Fiesta nacional fez muito bem ao carro. A dianteira ganhou a nova identidade da marca – aquela enorme entrada de ar dianteira que remete a um “bocão”. Foi o suficiente para modernizar o seu visual. No final, fica um conjunto harmônico e atraente. Nota 8.
Custo/benefício – A versão topo de linha do New Fiesta tem na alça de mira os compactos “moderninhos” do segmento. Recém-chegados, como Citroën C3 e Peugeot 208, e outros mais antigos, caso de Fiat Punto e Volkswagen Polo. O hatch compacto “top” da Ford tem preço ligeiramente superior aos concorrentes, mas traz alguns itens exclusivos para o segmento, caso dos controles eletrônicos de segurança, por exemplo. Por outro lado, valor de R$ 51.490 é alto e se aproxima de carros médios. Nota 7.
Total – O Ford New Fiesta Titanium 1.6 somou 78 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao Dirigir
Sem perder a classe
A Ford mudou o foco do New Fiesta e o transformou em um carro mais popular. Mas não é o que o visual do hatch emana. A reestilização que acompanhou o início da produção nacional fez muito bem ao compacto, principalmente na frente, que ficou mais imponente e “classuda”.
As alterações mecânicas não foram muitas, porém, suficientes para melhorar o já competente acerto do modelo. O motor 1.6 16V Sigma é um dos destaques. Mas é preciso saber o explorar bem para tirar o máximo. As respostas em giros baixos são lentas, até desanimadoras. Basta manter uma marcha, no entanto, para o comportamento do carro mudar completamente. O torque máximo aparece nos 4.250 rpm, e é exatamente nesta faixa que o New Fiesta fica mais a vontade. O carro todo parece “gostar” de trabalhar com o motor “cheio”. As retomadas ficam animadas e o New Fiesta se assemelha a um compacto de tocada nervosa.
O acerto dinâmico é mais constante. E sempre bom. O conjunto de suspensão e os largos – para o segmento – pneus 195/50 R16 fornecem ótimo apoio e aderência mesmo em curvas fechadas. Ainda há o controle de estabilidade para consertar qualquer tipo de barbeiragem. A direção é elétrica. Isso significa que passa pouco do que está acontecendo com as rodas dianteiras, algo que geralmente diminui a precisão. No caso do modelo da Ford, a assistência de fato diminui o “feeling” esportivo, mas não chega a prejudicar drasticamente a experiência de direção. O volante de raio curto e ótima pegada é um dos itens que ajuda neste aspecto.
O interior do New Fiesta é praticamente uma reedição do usado pelo EcoSport desde o segundo semestre do ano passado. Ou seja, desenho bonito, rádio pouco intuitivo e acabamento apenas mediano. Os plásticos rígidos até são esperados no segmento. Os encaixes incertos e espaçados, por outro lado, não. Ao menos, a ergonomia do hatch é das melhores. Os bancos tem ótimos apoios e ajudam depois de seguidas horas na direção. Os comandos do carro são quase todos intuitivos e claros. A exceção é o controle de estabilidade, desativável por meio do sistema de entretenimento. Um botão a mais seria uma solução bem mais prática.
Ficha técnica
Ford New Fiesta Titanium 1.6
Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.597 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e duplo comando de válvulas variável. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Potência máxima: 125 cv a com gasolina a 6.250 rpm e 130 cv com etanol a 5.500 rpm.
Torque máximo: 15,8/16,2 kgfm com gasolina/etanol a 4.250 rpm.
Transmissão: Câmbio manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Aceleração 0–100 km/h: 12,3/11,1 segundos (gasolina/etanol).
Velocidade máxima: 190 km/h (gasolina/etanol).
Diâmetro e curso: 79,0 mm X 81,4 mm. Taxa de compressão: 12,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira semi-independente por eixo de torção, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Oferece controle de estabilidade.
Peso: 1.126 kg.
Pneus: 195/50R16.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 3,96 metros de comprimento, 1,97 m de largura, 1,46 m de altura e 2,48 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista.
Capacidade do porta-malas: 281 litros.
Tanque de combustível: 51 litros.
Produção: São Bernardo do Campo, São Paulo.
Itens de série: Airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista, ar-condicionado digital, trio elétrico, rodas de alumínio de 16 polegadas, rádio/CD/MP3/USB/AUX/Bluetooth, controle de estabilidade e tração com assistente de partida em rampas, bancos e volante em couro, cruise control, volante multifuncional e retrovisor interno eletrocrômico.
Preço: R$ 51.490.
Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado! Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário