Um dos principais focos de atenção do GP do Canadá, neste fim
de semana, estará sem dúvidas no Lotus E21 alvinegro de número 7,
pilotado por Kimi Raikkonen. Esteja o finlandês andando em primeiro ou
em 14º, vai ser interessante e importante verificar quais são suas
estratégias e chances na prova, especialmente em relação a terminar
entre os dez primeiros (algo que não vem sendo lá muito difícil para ele
nesta temporada).
A grã questão para o nórdico em Montreal é se ele conseguirá ou não igualar o recorde de 24 GPs seguidos na zona de pontuação, estabelecido por Michael Schumacher no auge de seu domínio com a Ferrari, entre as etapas da Hungria de 2001 e a da Malásia de 2003. Em um passado não muito distante, o fã mais assíduo da F1 há de se lembrar que Fernando Alonso teve essa mesma oportunidade no GP da Bélgica do ano passado, mas não conseguiu cacifá-la, porque havia um Romain Grosjean no meio do caminho.
Seria tolice dizer que Raikkonen tem um caminho mais fácil agora do que Alonso possuía há nove meses. Naquele momento, o espanhol ostentava condições tão propícias quanto para estabelecer a marca, mas acabou sucumbindo aos perigos da largada. Não obstante, o circuito Gilles Villeneuve também é conhecido por suscitar confusões na volta de abertura, e é aí que mora o grande perigo para Kimi. Vai que ele não consegue se classificar tão à frente, e aí tem de encarar um Pérez, Grosjean ou Maldonado da vida em seu encalço. Agora, se sua primeira volta for limpa, aí as chances aumentam consideravelmente.
Para muitos detratores de Schumacher, o feito do escandinavo teria
valor imensuravelmente maior que o do queixudo germânico, já que terá
sido obtido com uma Lotus “marromenos”, enquanto o grande vilão tedesco
atingiu o seu com aquelas supermáquinas da Ferrari, com as quais até eu,
você, sua avó e seu periquito de estimação teriam sido campeões. Não é
bem assim. É inegável que a marca já alcançada por Raikkonen hoje, mesmo
que não vire recorde, é muito significativa, especialmente se levarmos
em conta que ele está em um time com estrutura limitada, e que teve de
fazer isto aqui há uma semana e meia, em Mônaco, para salvar um décimo lugar e manter a sequência viva.
Mas há alguns fatores que facilitam bastante a sua vida: primeiro, assim como acontecia com a Ferrari em 2011 e 2012, os dois últimos modelos da Lotus são verdadeiros tanques, que raramente apresentam algum tipo de falha ou problema. Na F1 atual, a confiabilidade é um fator muito mais presente do que em qualquer outra época, mesmo o início dos anos 2000; segundo, o sistema de pontuação atual privilegia os dez primeiros colocados de cada corrida, enquanto que, em boa parte do período em que o recorde de Schumacher foi construído, somente seis eram contemplados. Nesses dois quesitos, portanto, os méritos do heptacampeão acabam sendo maiores.
Além disso, Schumacher protagonizou uma façanha única na F1, ao terminar todas as etapas de 2002 na zona de pódio, sendo apenas uma na terceira colocação. Digam o que quiserem, que o carro era muito superior, que ele ganhava com “o pé nas costas”, como diria Nelson Piquet, mas esse é um feito que nem mesmo Senna ou Prost alcançaram com o ainda mais imbatível McLaren MP4/4 de 88 (e olha que o brasileiro não sofreu quebra em nenhuma etapa daquela temporada), nem Mansell com o FW14B de 92 e nem Vettel com o Red Bull RB7 de 2011.
No caso de Raikkonen, o grande mérito foi ter conseguido extrair
exatamente aquilo que seu equipamento podia lhe dar de forma quase
sistemática. Se dava para subir ao pódio, ele subia. Se dava para ser só
sétimo, lá estava ele em sétimo. Conforme poderemos perceber na tabela
mais abaixo, enquanto Schumi alcançou muito mais vitórias e pódios em
seu período de 24 GPs na zona de pontos, Kimi apresentou certas
oscilações entre os dez primeiros, indicando que também havia uma maior
irregularidade no desempenho de seu veículo. E ser consistente quando
seu carro não é assim tão sólido também pode ser considerado, por assim
dizer, um feito notório.
E o que o próprio Raikkonen pensa a respeito? “É claro que seria legal [chegar ao recorde]. Já está legal a cada vez [que marco pontos] com este time. No passado, eu costumava sofrer abandonos frequentes e agora é diferente. Mas eu tenho certeza que vou enfrentar alguma dificuldade em dado momento”, disse o sempre minimalista campeão de 2007.
Para concluir, sem mais delongas: se o finlandês igualar em Montreal o recorde do alemão, a marca estará em quatro excelentes mãos. A despeito de todos os chiliques e contrariedades que vierem a surgir, pontuar por tantos GPs seguidos é um feito para pouquíssimos, gente apenas do calibre desses dois pilotos. Portanto, vamos deixá-los em paz. Eles sabem o que estão fazendo.
Confira a tabela comparativa das sequências estabelecidas por Michael Schumacher e Kimi Raikkonen na zona de pontuação:
A grã questão para o nórdico em Montreal é se ele conseguirá ou não igualar o recorde de 24 GPs seguidos na zona de pontuação, estabelecido por Michael Schumacher no auge de seu domínio com a Ferrari, entre as etapas da Hungria de 2001 e a da Malásia de 2003. Em um passado não muito distante, o fã mais assíduo da F1 há de se lembrar que Fernando Alonso teve essa mesma oportunidade no GP da Bélgica do ano passado, mas não conseguiu cacifá-la, porque havia um Romain Grosjean no meio do caminho.
Seria tolice dizer que Raikkonen tem um caminho mais fácil agora do que Alonso possuía há nove meses. Naquele momento, o espanhol ostentava condições tão propícias quanto para estabelecer a marca, mas acabou sucumbindo aos perigos da largada. Não obstante, o circuito Gilles Villeneuve também é conhecido por suscitar confusões na volta de abertura, e é aí que mora o grande perigo para Kimi. Vai que ele não consegue se classificar tão à frente, e aí tem de encarar um Pérez, Grosjean ou Maldonado da vida em seu encalço. Agora, se sua primeira volta for limpa, aí as chances aumentam consideravelmente.
Em
2002, além de marcar pontos nas 17 etapas, Schumacher conseguiu a
incrível façanha de subir ao pódio em todas elas, sendo só uma em
terceiro
Mas há alguns fatores que facilitam bastante a sua vida: primeiro, assim como acontecia com a Ferrari em 2011 e 2012, os dois últimos modelos da Lotus são verdadeiros tanques, que raramente apresentam algum tipo de falha ou problema. Na F1 atual, a confiabilidade é um fator muito mais presente do que em qualquer outra época, mesmo o início dos anos 2000; segundo, o sistema de pontuação atual privilegia os dez primeiros colocados de cada corrida, enquanto que, em boa parte do período em que o recorde de Schumacher foi construído, somente seis eram contemplados. Nesses dois quesitos, portanto, os méritos do heptacampeão acabam sendo maiores.
Além disso, Schumacher protagonizou uma façanha única na F1, ao terminar todas as etapas de 2002 na zona de pódio, sendo apenas uma na terceira colocação. Digam o que quiserem, que o carro era muito superior, que ele ganhava com “o pé nas costas”, como diria Nelson Piquet, mas esse é um feito que nem mesmo Senna ou Prost alcançaram com o ainda mais imbatível McLaren MP4/4 de 88 (e olha que o brasileiro não sofreu quebra em nenhuma etapa daquela temporada), nem Mansell com o FW14B de 92 e nem Vettel com o Red Bull RB7 de 2011.
Para Raikkonen, marcar pontos seguidamente com um carro que nem sempre está entre os mais rápidos tem sido o grande mérito
E o que o próprio Raikkonen pensa a respeito? “É claro que seria legal [chegar ao recorde]. Já está legal a cada vez [que marco pontos] com este time. No passado, eu costumava sofrer abandonos frequentes e agora é diferente. Mas eu tenho certeza que vou enfrentar alguma dificuldade em dado momento”, disse o sempre minimalista campeão de 2007.
Para concluir, sem mais delongas: se o finlandês igualar em Montreal o recorde do alemão, a marca estará em quatro excelentes mãos. A despeito de todos os chiliques e contrariedades que vierem a surgir, pontuar por tantos GPs seguidos é um feito para pouquíssimos, gente apenas do calibre desses dois pilotos. Portanto, vamos deixá-los em paz. Eles sabem o que estão fazendo.
Confira a tabela comparativa das sequências estabelecidas por Michael Schumacher e Kimi Raikkonen na zona de pontuação:
MICHAEL SCHUMACHER |
KIMI RAIKKONEN |
||
GP | Resultado | GP | Resultado |
Hungria 2001 | 1º | Bahrein 2012 | 2º |
Bélgica 2001 | 1º | Espanha 2012 | 3º |
Itália 2001 | 4º | Mônaco 2012 | 9º |
Estados Unidos 2001 | 2º | Canadá 2012 | 8º |
Japão 2001 | 1º | Europa 2012 | 2º |
Austrália 2002 | 1º | Grã-Bretanha 2012 | 5º |
Malásia 2002 | 3º | Alemanha 2012 | 3º |
Brasil 2002 | 1º | Hungria 2012 | 2º |
San Marino 2002 | 1º | Bélgica 2012 | 3º |
Espanha 2002 | 1º | Itália 2012 | 5º |
Áustria 2002 | 1º | Cingapura 2012 | 6º |
Mônaco 2002 | 2º | Japão 2012 | 6º |
Canadá 2002 | 1º | Coreia do Sul 2012 | 5º |
Europa 2002 | 2º | Índia 2012 | 7º |
Grã-Bretanha 2002 | 1º | Abu Dhabi 2012 | 1º |
França 2002 | 1º | Estados Unidos 2012 | 6º |
Alemanha 2002 | 1º | Brasil 2012 | 10º |
Hungria 2002 | 2º | Austrália 2013 | 1º |
Bélgica 2002 | 1º | Malásia 2013 | 7º |
Itália 2002 | 2º | China 2013 | 2º |
Estados Unidos 2002 | 2º | Bahrein 2013 | 2º |
Japão 2002 | 1º | Espanha 2013 | 2º |
Austrália 2003 | 4º | Mônaco 2013 | 10º |
Malásia 2003 | 6º |
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