Não é a moto do Batman, mas bem que poderia ser! Com seu jeitão sombrio e musculoso, a Ducati Diavel passou a ser montada em Manaus há pouco tempo e isso resultou em redução superior a R$ 10 mil nos preços: agora ela começa em R$ 58.900 (versão Black) e chega a R$ 69.900 na Carbon – que traz quadro vermelho e detalhes especiais, como a moto das fotos.
Basicamente é uma muscle bike italiana: ciclística custom com alma de esportiva, assim como a saudosa Yamaha V-Max, que não é mais trazida oficialmente para o Brasil. No caso desta Ducati, o grande diferencial está no motorzão 1.200 de oito válvulas. Formado por dois cilindros separados por 90º, é denominado como “L” pela marca – e não como um “V2″.
“L”azer ao máximo
Intitulada de Testastretta, a máquina em “L” é de fato estreita e explosiva. Não bastasse render elevados 164 cv (a 9.500 rpm), ainda gera um torque massivo (13 kgfm a 8.000 rpm). Parte da alta performance é fruto de uma solução adotada desde os anos 50 pela Ducati, o comando de válvulas desmodrômico. Apesar de estranho, o nome designa o fato de o eixo comandar as válvulas sem o uso de molas, diretamente nos cames. Em outras palavras, há menos perda de energia, e em altas rotações as válvulas não correm risco de flutuar e ver a máxima potência indo embora. Além de tudo, trata-se de um comando bravo, que embaralha a marcha-lenta e convida a acelerar.
Seria quase insanidade lançar uma moto tão forte sem auxílios eletrônicos. E a Ducati tem grande mérito na Diavel: por meio de comandos no punho esquerdo, o piloto escolhe entre os modos Urban (100 cv), Touring ou Sport. Estes dois últimos entregam todos os 164 cv, porém, no Sport, de modo mais brusco e com diferente forma de intervenção do controle de tração – entre oito níveis. Diante de tanta assistência, o acelerador perdeu o cabo e é feito de forma elétrica/eletrônica.
A diferença de funcionamento do motor é tamanha ao passar de 100 para 164 cv que, se mantida em baixos giros, a Diavel reclama com pequenos solavancos. Vale lembrar que, mesmo assim, há força de sobra em giros mais tenros. É o tipo de moto difícil de andar devagar, até pelo apetite em girar alto. Acima dos 6.000 rpm, o motor “acende” e cresce rápido até 10.000 rpm. O ruído não parece de uma moto original. Até por conta dos escapamentos com diâmetro absurdo, de 58 mm – ou quase 2,3 polegadas!
A transmissão por corrente agrada pela precisão dos engates, bem justos, e pelas relações de marchas acertadas. Em 6ª e a 100 km/h, a moto ronrona a apenas 3.600 rpm. No entanto, as três primeiras marchas são curtas e, quando levadas ao limite, geram náuseas nos desavisados. A embreagem, mesmo sendo hidráulica, é pesada para encarar trânsito. Os espelhos oferecem boa largura e os comandos são ergonômicos.
Com ciclística bem acertada, vinda do quadro de aço tubular em treliça – outra assinatura da marca –, a Diavel vibra pouco e se mostra bem firme. Mérito das suspensões dianteiras invertidas (Marzocchi) e traseira com monobraço de alumínio e amortecimento Sachs – ambos os sistemas com regulagens.
Pisos com imperfeições pedem certa perícia, ainda mais em curvas, quando a Diavel pode dar leves (mas controláveis) quicadas dianteiras. Em estradas sinuosas é preciso conter os ânimos: apesar de todo o DNA de pistas da marca, ela é uma custom. Vai bem, mas até o limite das pedaleiras e da habilidade do piloto. Ajuda muito na tração e estabilidade o incrível pneu traseiro de 240 mm (240/45 R17). É tamanha “pata” que a roda de trás pediu tala de oito polegadas para preenchê-la! Na dianteira o pneu tem a metade da largura: 120/70 R17.
Uma pena que o guidão “chopper” fique tão à frente e force o piloto a rodar com os braços esticados e abertos, com o tronco inclinado. As costas sofrem após um dia inteiro em cima da poderosa. O banco fica a 77 cm do solo. Agrada pelo formato e espuma densa, junto às pedaleiras pouco recuadas para frente.
Se levado sem abusos, o motorzão esquenta pouco: é bem amparado por dois radiadores de água nas laterais, devidamente auxiliados por carenagens com tomadas de ar. À frente, em posição inferior, ainda há um radiador para o lubrificante, também “carenado”. A traseira que acaba no banco e antes da roda esconde uma alça (escamoteável) para um garupa corajoso, enquanto nas laterais as pedaleiras de alumínio estão prontas para serem trazidas para fora do quadro. Já o suporte de placa é um charme à parte, e a faz lembrar ainda mais a moto “de briga” do Homem-Morcego.
Os dois painéis de instrumentos em cristal líquido são completos em informações, mas devem apenas um mero marcador de combustível. No lugar dele, há uma luz-espia para a reserva, de apenas quatro litros (total de 17 l). O indicador de marcha engatada não é sinônimo de precisão: não é raro estar com o neutro engatado e o painel indicar a 1ª ou a 2ª.
A chave presencial é interessante – não há ignição, apenas a presença da chave em um raio de 3 metros – mas pode haver uma certa demora no sistema de partida para reconhecer o “dono” e sua chave. Eletrônica é algo bom, em especial em segurança ativa, mas no caso desta chave “inteligente”, um tanto dispensável. Em especial após muitos anos de uso…
Bem amparada por freios Brembo e sistema ABS, a dianteira conta com quatro pinças monobloco e dois discos de 320 mm. Atrás, o disco de 265 mm é devidamente mordido por duas pinças da mesma marca. Assim, as frenagens são bem moduladas e atendem bem a parada dos 210 kg (a seco) da musculosa italiana. E tanto a ação do ABS quanto do controle de tração são irrepreensíveis. Outra tecnologia vinda das irmãs superesportivas é a embreagem deslizante, que evita trancos na roda traseira ao reduzir marcha bruscamente.
No uso diário, a Diavel engana: não é tão pesada como as concorrentes verdadeiramente customs, e se sai até bem ao esterçar e passar entre carros e demais veículos. De resto, é uma moto que garante status – leia-se assédio total – e, claro, exclusividade e adrenalina. Afinal, até então não se tinha conhecimento de uma custom/muscle que pudesse acelerar junto com esportivas. Segundo dados oficiais, a Diavel vai de 0 a 100 km/h em estúpidos 2,6 segundos. Algo até possível de fazer em estradas sem buracos, mas que pede um piloto experiente e destemido!
Por Guilherme Silveira
Fotos Divulgação
Ficha técnica – Ducati Diavel
Motor: dois cilindros em V (a 90 graus), 8 válvulas, 1.198 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração líquida; Potência: 164 cv a 9.500 rpm; Torque: 13,0 kgfm a 8.000 rpm; Transmissão: câmbio de seis marchas, transmissão por corrente; Quadro: estrutura tubular de aço; Suspensão: garfos invertidos na dianteira (120 mm de curso) e braço oscilante monoamortecido na traseira (120 mm de curso); Freios: discos duplos na dianteira (320 mm) e disco simples na traseira (265 mm), com ABS; Pneus: 120/70 R17 na dianteira e 240/45 R17 na traseira; Peso: 210 kg; Capacidades: tanque 17,0 litros; Dimensões: comprimento 2.260 mm, largura 965 mm, altura 1.255 mm, altura do assento 770 mm, entreeixos 1.580 mm
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