De visual renovado, Renault Clio usa a matemática para seduzir público jovem
O Clio resiste ao tempo. Mas para isso, o modelo da Renault tem se reinventado de tempos em tempos. A função inicial, em 1999, foi atacar o miolo do mercado, no segmento de compactos. E conforme os anos foram passando, o carro foi sendo deslocado para uma nova missão. A mais recente, com o face-lift promovido no final do ano passado, é a de atrair o público jovem.
O novo visual aproxima o Clio II da atual versão
europeia, de quarta geração. Além de ostentar a nova identidade da
marca na Europa, passou a oferecer adereços de personalização. Mas o
apelo ao público mais novo – época em que se costuma ter a carteira
menos recheada – extrapola o adorno de faixas e desenhos. Há também o
preço, a partir de R$ 24.290 no modelo duas portas, o baixo consumo de
combustível, constatado pelo InMetro, e ainda o motor mais potente entre
os modelos de entrada no mercado.O Clio resiste ao tempo. Mas para isso, o modelo da Renault tem se reinventado de tempos em tempos. A função inicial, em 1999, foi atacar o miolo do mercado, no segmento de compactos. E conforme os anos foram passando, o carro foi sendo deslocado para uma nova missão. A mais recente, com o face-lift promovido no final do ano passado, é a de atrair o público jovem.
O face-lift no Clio é estratégico para a pretensão da Renault de ser tornar a quarta maior do mercado nacional. O compacto tem o objetivo de encorpar o volume de vendas, ao lado do utilitário Duster e do hatch Sandero. Tanto que, na época do lançamento, o plano da marca era alcançar 7,5% de participação no mercado nacional – um ponto percentual acima do que possuía. A média de vendas do Clio até aumentou. No ano passado foi em torno de 1.400 unidades mensais e, no acumulado de 2013, o número fica perto de 1.800 emplacamentos por mês – alta de 28,5%. Ainda assim, o compacto, fabricado em Santa Isabel, na Argentina, fica bem abaixo de dois dos principais rivais – o Fiat Uno Mille e o Ford Ka, com médias de 6.200 e 3.500 unidades, respectivamente.
A Renault tem na economia de combustível um forte argumento de vendas do Clio. A marca atualizou o motor do compacto e para marca a mudança rebatizou o propulsor Hi-Flex 1.0 16V para Hi-Power 1.0 16V. A taxa de compressão foi elevada e a potência passsou de 77 cv para 80 cv, com torque de 10,5 kgfm a 4.250 rpm quando abastecido com etanol. Com gasolina no tanque, a potência fica nos anteriores 77 cv, com torque de 10,1 kgfm. No programa brasileiro de etiquetagem de veículos, do Instituto Nacional de Metrologia, o consumo ficou em 9,2 km/l com etanol e 13,6 km/l com gasolina em ciclo misto, números que garantiram classificação “A” no geral e no segmento.
O design evoluiu bastante em relação ao modelo anterior, graças à mais recente filosofia de estilo da Renault, que o compacto inaugura no Brasil. Inspirada no Clio IV da Europa, o modelo brasileiro tem na frente as mudanças de maior destaque. Os novos faróis aparecem agora unidos por uma redesenhada grade frontal. Pintada de preto, a peça ostenta o losango da marca em destaque. Atrás, o grupo ótico também foi renovado. O perfil do Clio também ficou diferente, com a traseira mais “levantada”. Outros detalhes opcionais, como kits de adesivos, permitem a personalização do hatch com aspecto mais jovial.
O Clio é um carro para gerar volume. Talvez por isso a Renault tenha economizado no recheio. Nem mesmo a versão Expression, topo da linha, oferece uma boa lista de equipamentos. De fábrica, vêm também alarme sonoro de luzes acesas, computador de bordo, travas nas portas traseiras, pré-disposição para rádio, ar-quente, acabamento cromado no interior, vidro traseiro com desembaçador e limpador. Essa configuração custa R$ 26.270. Os opcionais ar-condicionado e direção hidráulica – R$ 3.850 – e o adesivo de personalização – R$ 345 – elevam o preço da versão testada para R$ 30.465. Já itens fundamentais de segurança – e que serão obrigatórios em oito meses – não aparecem nem como opcionais. Casos de ABS e airbags. O curioso é que, quando foi lançado naquele longínquo 1999, a Renault instalou airbag em todas as versões do Clio e fez apologia da preocupação que tinha com a segurança do consumidor. O tempo, definitivamente, passa para todo mundo.
Ponto a ponto
Desempenho – O Clio ganhou 3 cv a mais em relação à versão anterior. O atual propulsor gera 80 cv. Na teoria ou na prática, a diferença não é muito expressiva. Como qualquer multiválvulas, é preciso encher um pouco o motor para conseguir arrancadas mais fortes. Mas é a partir de 3.500 rpm que o Clio acorda de fato. A partir daí o comportamento é bom. Em situações cotidianas, como ao enfrentar o tráfego pesado das metrópoles, a falta de disposição em baixa aparece mais, mas ainda assim é rápido nas retomadas. Nota 8.
Estabilidade – A suspensão do Renault Clio tem bom desempenho. Não há instabilidade, mesmo em velocidades mais altas. Em entradas mais agressivas em curvas, o hatch ameaça torcer, mas nada assustador. Em uma tocada mais “civilizada” a suspensão é bem resolvida e faz bom trabalho ao manter a sensação de segurança. Nota 8.
Interatividade – Descer ou subir os vidros eram problemas na versão anterior do Clio. Isso porque os comandos ficavam à frente da alavanca do câmbio. No modelo atual, os botões foram para as portas. O painel de instrumentos também foi alterado e tem visualização mais clara. Apesar de o para-brisa traseira ter uma área menor, o novo vidro tem uma curvatura menos acentuada, o que fez a visibilidade para a traseira melhorar. Nota 8.
Consumo – O programa brasileiro de etiquetagem classificou o hatch com conceito “A” na categoria e no geral. O consumo em ciclo combinado do Clio, segundo dados do InMetro, é de 9,2 km/l com etanol e 13,6 km/l com gasolina. É uma espécie de contra-partida pelo modesto desempenho do carro. Nota 9.
Conforto – A densidade dos estofados é boa e a suspensão filtra os impactos do solo. No entanto, espaço não é o que o Clio tem de melhor. Não há muito lugar para a cabeça nem para os ombros. As pernas se acomodam bem, mas dependendo da regulagem de distância do assento, quem viaja atrás pode sofrer. De qualquer forma, dois adultos no banco traseiro conseguem se acomodar sem maiores problemas. Nota 7.
Tecnologia – Na Europa, o Clio está na quarta geração. A versão sul-americana está bem longe, na segunda. A plataforma é de 1998. O hatch também fica devendo com relação aos equipamentos de série e nem airbags e ABS, obrigatórios a partir de 2014, são oferecidos. Nota 5.
Habitalidade – O porta-objetos no topo do painel é de grande utilidade, mas faltam outros compartimentos no interior do Clio. O porta-copos próximo à alavanca de câmbio é útil, mas o acesso não é privilegiado. Entradas e saídas são facilitadas pelo bom ângulo de abertura das portas e o porta-malas tem capacidade de apenas 255 litros. Nota 6.
Acabamento – Não houve evolução nos materias de revestimento do compacto, mas as pequenas alterações fazem diferença. Os detalhes que simulam cromados no volante agradam. O painel continua com plástico rígido, usado também nos forros das portas. Os encaixes, porém, são precisos. Nota 7.
Design – O Clio absorveu bem os elementos frontais inspirados no modelo europeu, de quarta geração. A “corcundinha” traseira também ficou disfarçada pelo vidro mais plano e o aerofólio no teto. A Renault até oferece alguns apliques como opcionais, que deixam o aspecto mais jovem. No final as mudanças disfarçam um pouco a idade do modelo e deixaram o Clio mais simpático. Nota 7.
Custo/benefício – A versão de entrada do Clio, a Authentique, sai por R$ 24.290 sem itens de conforto fundamentais, como por exemplo, ar-condicionado e direção hidráulica. Já a topo Expression parte de R$ 26.270, mas chega aos R$ 30.465 do modelo testado, com a soma dos opcionais ar-condicionado e direção hidráulica, além do kit de personalização. Não é o modelo mais barato nem o melhor equipado, mas não “sai da curva” do segmento. Nota 7.
Total – O novo Renault Clio somou 72 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Cidadão das ruas
Por mais que o Renault Clio tenha mantido a essência, o compacto aparenta agora estar mais alinhado com o tempo. A reestilização conseguiu dar uma personalidade renovada ao modelo. Tal sensação se repete ao entrar no hatch. O novo painel de instrumentos ganhou computador de bordo e o conta-giros apresenta marcadores coloridos que buscam auxiliar o motorista na economia de combustível.
Dada a partida, o Clio mostra que ganhou pouco mais que um “tapa no visual”. As alterações feitas no motor visaram mais a economia de combustível – e nesse ponto deu resultado. Porém, o comportamento dinâmico mudou pouco com os 3 cv a mais. O torque só é entregue em giros altos e é preciso encher o motor para ter arrancadas mais convincentes. Isso tira um pouco da agiidade do modelo no trânsito. Em giros mais altos o hatch se comporta muito bem e ganha velocidade sem incomodar os ocupantes com o barulho do motor.
Alguns detalhes presentes na versão de topo, como os elementos “cromados” no volante, melhoram a sensação dentro do carro. Os antigos bancos, muito duros, ganharam nova densidade e transmitem mais conforto. A suspensão, além de deixar o hatch bastante estável na maioria das situações, absorve com competência as imperfeições do asfalto.
Ficha técnica
Renault Clio Expression 1.0 16V
Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 999 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle de tração.
Potência máxima: 80 cv e 77 cv a 5.750 rpm com etanol e gasolina.
Aceleração 0 a 100 km/h: 13,7 e 14,3 segundos com etanol e gasolina.
Velocidade máxima: 168 e 167 km/h com etanol e gasolina.
Torque máximo: 10,5 e 10,1 kgfm a 4.250 rpm com etanol e gasolina.
Diâmetro e curso: 69,0 mm X 66,8 mm. Taxa de compressão: 12,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com triângulos inferiores, amortecedores hidráulicos telescópicos com molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira com rodas semi-independentes, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos verticais e barra estabilizadora. Não oferece controle de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambor na traseira. Não oferece ABS.
Pneus: 175/70 R13.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e quatro lugares. Com 3,81 metros de comprimento, 1,63 metro de largura, 1,41 metro de altura e 2,47 metros de entre-eixos. Não oferece airbags.
Peso: 912 kg.
Capacidade do porta-malas: 255 litros.
Tanque de combustível: 50 litros.
Produção: Santa Isabel, Argentina.
Lançamento mundial da atual geração: 1998.
Itens de série: quatro apoios de cabeça, banco traseiro rebatível, computador de bordo, hodômetro total e parcial, pré-disposição para rádio, calotas, conta-giros, alarme sonoro de luzes acesas, relógio digital, tomada 12V, travas nas portas traseiras, ar-quente, acabamento cromado no interior, vidro traseiro com desembaçador e limpador e revestimento diferente dos bancos.
Preço: R$ 26.270.
Opcionais: Ar-condicionado e direção hidráulica
Preço completo: R$ 30.465.
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Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br
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