26 de mai. de 2013

Teste: Citroën DS4 - Mistura fina

Fotos: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias
Teste: Citroën DS4 - Mistura fina
DS4 une design, luxo e desempenho para ser o modelo mais “sensato” da linha de luxo da Citroën

por Rodrigo Machado
Auto Press


Os dois primeiros integrantes da linha DS, da Citroën, que chegaram ao Brasil chamaram atenção pela ousadia. O DS3 é um pequeno “abusado”, com comportamento agressivo e divertido. Já o DS5 parece uma nave espacial – por dentro e por fora. O
último a chegar foi o DS4. De cara, ele parece o mais “normal” da gama . Há boas ideias no design e no acabamento, mas a proposta é muito mais “social”. Longe da “ferocidade” do primeiro e da suntuosidade do segundo, o DS4 é, basicamente, um hatch médio premium – como o atual Mercedes-Benz Classe A e o BMW Série 1. É um carro mais aplicável ao uso diário que seus companheiros de showroom, mas com peculiaridades suficientes para caracterizá-lo como um legítimo DS.

Assim como nos outros DS, o design tem nele um papel central. A intenção declarada da Citroën foi fazer um hatch com ares de cupê. Para isso, a principal modificação ficou na traseira. A maçaneta saiu da porta e foi parar na coluna, onde fica bem escondida enquanto o teto tem caimento bem acentuado. Fica óbvia a intenção da equipe de design em “sumir” com a porta de trás. No resto do desenho, o DS4 se assemelha bastante ao C4 francês, modelo no qual é baseado. Por dentro, o tom “inusitado” fica por conta da iluminação do painel de instrumentos, que pode mudar de cor, e pelo som da seta de direção, que também pode ser alterado pelo motorista.



O resto da composição do hatch é mais ortodoxa. A parte mecânica, por sinal, é mais uma reedição do conjunto formado pelo motor 1.6 THP – originário de uma parceria com a BMW – e pela transmissão automática de seis velocidades. Como em todos os carros da PSA Peugeot Citroën vendidos por aqui – incluindo os DS –, este quatro-cilindros turbo gera 165 cv a 6 mil rpm e 24,5 kgfm a partir de 1.400 giros. No hatch, isso é suficiente para acelerar até os 100 km/h em 8,6 segundos e chegar à máxima de 212 km/h. A plataforma, a PF2, é a mesma da segunda geração do C4 e dos atuais Peugeot 308, 408 e até do próprio DS5.

A lista de equipamentos atende o que se espera em um carro dentro da faixa de preços do DS4, de R$ 99.965. Ar-condicionado dual zone, sistema de som com GPS/Bluetooth e entradas auxiliares, câmara de ré e revestimento de couro estão lá. Por outro lado, bancos dianteiros com ajustes elétricos ficam de fora. Na parte de segurança, seis airbags, ABS e controles de estabilidade e tração também não chegam a surpreender. Os grandes diferenciais são o massageador para o motorista e o head-up display, itens geralmente restritos a modelos de alto luxo.



O valor próximo aos R$ 100 mil é semelhante ao pedido pelo Mercedes Classe A de entrada e ao BMW 118i, ambos com configuração mecânica equivalente, mas com menos luxo. Por enquanto, o Citroën vem acumulando bons números de mercado. De acordo com dados da Fenabrave, no primeiro quadrimestre o hatch emplacou cerca de 90 unidades por mês. A Classe A foi recentemente lançada e ainda não teve entregas e vendas estabilizadas. Já o modelo da BMW vai melhor, com mais de 100 emplacamentos mensais quando somadas as versões 118i e 116i.

A tal proposta “mais social” do modelo também também o posiciona bem em relação aos outros DS. Na média mensal , o DS4 é o veículo mais vendido da linha DS, com DS3 em segundo e DS5 logo em seguida. A praticidade, muitas vezes, prevalece sobre o inusitado. Mesmo em segmentos de luxo.



Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.6 THP se encaixa muito bem na proposta do DS4. Fornece um desempenho acima da média, com acelerações e retomadas vigorosas, porém, sem grandes arroubos ou trancos. O arranque de zero a 100 km/h é feito em 8,6 segundos, por exemplo. Marca interessante em comparação com outros veículos da categoria. O destaque do quatro cilindros turbo é a ótima entrega de torque, já presente em sua totalidade a partir dos 1.400 giros. A transmissão automática de seis marchas é eficiente e faz uma bela sincronia com o propulsor. Nota 8.

Estabilidade
– Mesmo sendo mais alto que seus concorrentes, o DS4 é um hatch com dirigibilidade muito bem-acertada. Fruto de uma suspensão dura e de um chassi rígido. O dois volumes encara com vontade uma sequência de curvas e mantém uma alta dose de estabilidade. Nas retas e altas velocidades, a precisão da direção também é absoluta. Nota 8.

Interatividade – O DS4 é um tanto discrepante neste aspecto. O sistema de som, por exemplo, é completo, mas os controles no painel são confusos de operar. Selecionar uma música para tocar no pen drive, por exemplo, é um martírio. O painel de instrumentos tem uma disposição futurista e pode mudar de cor entre tons de azul e branco. A ideia é boa, mas a visibilidade é prejudicada em alguns acertos. E mesmo com a proposta ligeiramente esportiva do carro, não há borboletas para trocas de marcha no volante – que já conta com diversos outros botões. Nota 7.

Consumo – De acordo com dados do InMetro, o DS4 faz 8,7 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada. Números que garantem a pior nota possível dentro do segmento, a E. No geral, o hatch ficou com a avaliação C. Nota 5.

Conforto – Os bancos são revestidos com alta qualidade e abraçam bem o corpo. Para melhorar, o motorista tem massageador na lombar, equipamento que melhora bastante o conforto a bordo. O DS4 até tem espaço para cinco ocupantes. Mas o melhor mesmo é levar no máximo quatro adultos. E, atrás, é melhor que não sejam muito altos com risco de esbarrar a cabeça no teto. A suspensão rígida paga a conta na hora de enfrentar estradas esburacadas como as brasileiras. O hatch da Citroën dá pancadas secas e não poupa os ocupantes de fortes trancos. Nota 7.



Tecnologia
– Em um segmento que dá bastante importância para a tecnologia embarcada, o DS4 fica basicamente na média. O motor 1.6 THP é moderno e casa bem com a transmissão. O ponto negativo é o consumo de combustível, que fica acima do esperado. O recheio fica na média da concorrência, com rádio/GPS, seis airbags e controles de estabilidade e tração. O grande diferencial do DS4 é o massageador de lombar e a possibilidade de personalizar o interior com diversas cores do painel de instrumentos e até o som emitido ao acionar as setas de direção. Nota 8.

Habitabilidade – Na frente, a vida a bordo do DS4 é descomplicada. Tudo está onde deveria estar e o acesso ao interior é simples. O para-brisa é panorâmico, mas não chega a ser tão amplo quando o do C3. Na traseira a situação muda. O desenho dos arcos de roda e, consequentemente das portas, dificulta bastante o acesso ali. É preciso algum contorcionismo para não esbarra as pernas ao tentar entrar no carro. Pior, pelo formato das portas, não é possível abaixar os vidros de trás. O porta-malas leva 360 litros, condizente com o resto do segmento. Nota 7.

Acabamento – É o principal item em que a Citroën tenta se diferenciar de seus concorrentes. Realmente, o cuidado na construção do painel do DS4 impressiona. Tudo é bem encaixado e os materiais são de ótima qualidade. Detalhes como o banco de couro com “gomos” e os diversos cromados no volante e nas portas são o grande destaque. Nota 9.

Design – O DS4 tem um proposta de ser um “super hatch”. Mantém as proporções características de um dois volumes, porém, mais agressivo. As caixas de rodas são maiores e as maçanetas traseiras são escondidas para dar um aspecto cupê ao modelo. No final, é um conjunto interessante e bem diferente do que se vê por aí atualmente. Nota 9.

Custo/benefício – Por R$ 99.965 o DS4 fica em preço bem semelhante a de seus principais rivais. Mercedes Classe A e BMW Série 1 menos equipados também rondam os R$ 100 mil. Pesa para o lado do Citroën recursos de conforto, acabamento e design acima da média. Os alemães gozam de prestígio, dirigibilidade mais apurada e qualidade construtiva comprovada. Nota 6.

Total – O Citroën DS4 somou 74 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir

Múltipla personalidade

A maior aplicação do DS4 em relação aos outros DS é óbvia assim que se põe os olhos nele. Não há um tom de inusitado, como no DS5, ou a imagem de agressividade, como no DS3. O DS4 é bonito, mas sem exageros. A tentativa de esconder a porta traseira dá certo e, de longe, o hatch realmente fica parecendo um cupê. O problema é que o acesso aos bancos traseiros fica bem precário. A caixa de roda é pronunciada e o formato da parte inferior da porta dificulta a entrada. Atrás, por sinal, um adulto de mais de 1,80 metro fica com a cabeça roçando no teto.

Na cabine, a história se confirma. O acabamento é excelente, inclusive superior aos BMW e Mercedes-Benz da faixa. Já as tentativas da Citroën para deixar o modelo mais “engraçadinho” – as mudanças de cor dos instrumentos e do som da seta – são o tipo de coisa que só impressionam na primeira semana. Depois, dá até para esquecer que estão lá . Principalmente o som da seta, que só varia entre o tradicional “tic tac” e outros esdrúxulos e irritantes com nomes pomposos, como Urban Rythmik e Jungle Fantasy.



A “sensatez” do DS4 aparece claramente também na parte dinâmica. Apesar de esperto, o médio pesa mais e por isso é mais comportado que o pequeno DS3. E mais simples de usar também. O câmbio automático de seis marchas – que deve a opção de trocas manuais no volante – facilita a vida em engarrafamentos e em longas viagens. A dupla formada com o motor 1.6 THP é bem entrosada e de fato distancia o DS4 dos medios “tradicionais” em termos de desempenho. O turbo entra em ação em giros baixos e permanece “soprando” até altas rotações. Na prática, isso significa que tanto acelerações como retomadas são feitas com agilidade.

A tração dianteira e o alto centro de gravidade não atrapalham o bom comportamento dinâmico do hatch. O DS4 é um carro que enfrenta uma sequência de curvas sem grandes problemas. A suspensão é rígida e mantém a carroceria neutra nas curvas – com algumas consequências no conforto ao rodar – e os pneus 225/45 mantêm aderência em todos os momentos. O volante, entretanto, merecia ter pegada melhor e um aro mais grosso para instigar mais a esportividade. Esta talvez seja a essência do DS4. Um carro que tenta aliar boa dirigibilidade com usabilidade e alta tecnologia. Mesmo que seja o menos emocionante da linha.



Ficha técnica

Citroën DS4

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e turbocompressor. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência máaxim: 165 cv a 6 mil rpm.
Torque máximo: 24,5 kgfm a 1.400 rpm.
Aceleração 0 a 100 km/h: 8,6 segundos.
Velocidade máxima: 212 km/h.
Diâmetro e curso: 77,0 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo pseudo McPherson, com braços inferiores triangulares e barra estabilizadora. Traseira com travessa deformável com barra estabilizadora. Oferece controle de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira. Oferece ABS com EBD.
Pneus: 225/45 R18.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,27 metros de comprimento, 1,81 metro de largura, 1,53 metro de altura e 2,61 metros de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina.
Peso: 1.363 kg.
Capacidade do porta-malas: 359 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Mulhouse, França.
Lançamento mundial: 2010.
Lançamento no Brasil: 2013
Itens de série: Airbags frontais, laterais e de cortina, apoios de cabeça com regulagem de altura, controle de estabilidade e tração, faróis bi-xenon com acendimento automático e acompanhamento em curva, luzes diurnas de led, cruise control, freio de estacionamento elétrico, ar-condicionado dual zone, botão de partida, câmara de ré, computador de bordo, pedaleira de alumínio, trio elétrico, revestimento de couro, head-up display, bancos com ajuste elétrico, banco do motorista com massageador, rodas de liga leve de 18 polegadas e rádio/CD/MP3/Aux/Bluetooth/GPS.
Preço: R$ 99.965.

Participe! Deixe aqui seu comentário. Obrigado!
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

Nenhum comentário: