19 de mai. de 2013

Primeiras impressões: Mercedes-Benz G63 AMG


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Quando você estava no Ensino Médio, quase todo mundo da sua turma tinha o mesmo tamanho. Menos um cara. Aquele moleque de 1,90 m em uma turma de moleques de 1,70. Ele também era dois anos mais velho e pesava quase 100 kg. Este cara é o Mercedes G63 AMG.
A Mercedes fabrica o Gelandewagen desde 1979. Se você ver um modelo 1979 e um 2013 a uns 50 metros de distância será difícil dizer qual é o mais novo. Ele é exatamente igual há 34 anos.

O G-Wagen não é apenas diferente de qualquer outro modelo da Mercedes, ele é diferente de praticamente qualquer outro carro das ruas. É um dos últimos utilitários a ser construído com chassi separado da carroceria, e também é um dos únicos veículos que seria rejeitado se fosse mais refinado. O Classe G é cultuado graças à sua resistência, sua capacidade fora de estrada, longevidade e visual militar.
Isso nos traz ao G63 AMG. Em vez de fazer o que a Ford SVT fez com a F150 ao transformá-la em um monstro off-road como a Raptor, os caras da AMG optaram por uma abordagem diferente. As rodas têm 20 polegadas e pneus de perfil baixo. Há uma quantidade ofuscante de cromados, um trovejante V8 biturbo sob o capô, escape quádruplo, couro especial. É o tipo de carro que tem potencial para ser excelente fora de estrada, mas você nunca o verá longe do asfalto.
Você o encontra em bairros descolados de qualquer metrópole moderna, ou nos balneários mais badalados de qualquer país emergente para cima. O G63 é absurdo, ostensivo, inacreditável, desnecessário, estúpido, incrível, terrível e um dos carros mais fantásticos já feitos. De alguma forma ele consegue ser tudo isso ao mesmo tempo.

Por fora

Em 1979 a Mercedes introduziu o formato de caixote, que já não era nem um pouco revolucionário. Em 2013 este formado é ainda menos revolucionário, mas há algo retrô descolado nele. As linhas parecem mais limpas que há alguns anos, o que faz ele parecer um restomod de fábrica.
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O quebra-mato é 100% cromado. É muito bonito, mas causa um problemão para quem está na sua frente em um rodovia: o reflexo do sol ofusca o motorista à sua frente. Sabe quando seu relógio reflete o sol na cara de alguém? É igual, mas o cara ofuscado é um motorista e isso não é legal. Você se torna o carro mais imponente da estrada.
E quando digo imponente, quero dizer imponente mesmo. Esse negócio é assustador: as tomadas de ar imensas, todo aquele cromado, as janelas escurecidas. Tudo nele indica que há alguém perigoso ao volante deste carro. É o único carro do mundo no qual você pode ouvir Uptown Girl no volume máximo e aterrorizar as pessoas ao seu redor. Isso quer dizer algo.
Um aspecto negativo são as luzes de posição de LED. LEDs são legais, mas no G-Wagen a linha de luzes logo abaixo dos faróis parece comprada em lojão de peças. É como se o carro tivesse ficado pronto e só então alguém na fábrica falou “esse negócio precisa ter LEDs”. E assim os LEDs foram anexados.

Por dentro

“Anexado” é o tema do G63, ou de qualquer outro carro que venha sido constantemente atualizado desde 1979. No caso do G63 você tem uma tela de navegação que parece um Samsung Galaxy espetado no topo do painel. Você tem janelas “one touch” para abrir, mas não para fechar. O console central está forrado de botões, algo que a Mercedes vem eliminando há anos. É um interior que teve uma série desordenada de cirurgias plásticas. Como a Kate Beckinsale, não ficou feio, mas não é muito natural.
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O que é natural mesmo são seus sons militares. A porta se fecha com um ruído semelhante a um tiro de rifle. Elas se fecham com uma autoridade normalmente reservada ao alto escalão militar. Muitos dos interruptores não foram atualizados, como os dos vidros elétricos, dos ajustes dos bancos, dos bloqueios de diferencia, e têm uma funcionamento tátil e sonoro muito militar.
Os bancos são fantásticos, com ajustes infláveis nos apoios laterais e lombar, que podem ser ajustados precisamente para acomodar seu corpo. É excelente. Também gostei do interior vermelho em couro “Designo”.
O contraste entre o velho e novo é o único problema que identifiquei. Embora algumas coisas possam ser operadas com luvas, os botões modernizados precisam de um toque mais delicado. Talvez seja um sinal dos novos tempos, nos quais a clientela é menos Arnold Schwarzenegger e mais Ryan Gosling.

Como acelera, como anda

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O G63 usa o V8 biturbo de 5,5 litros da Mercedes. Ele produz 543 cv e 77,4 mkgf de torque. Isso leva o utilitário de 2.630 kg aos 100 km/h em apenas 5,5 segundos. É a casa mais rápida que eu já dirigir. Ele te arremessa com um empuxo absurdo graças à montanha de torque. Ele derrota praticamente qualquer carro na arrancada, o que assusta e confunde todo mundo na estrada.
O G-Wagen não foi concebido para o uso em estrada ou cidade. Ele é um utilitário feito para saltar dunas e escalar rochas. A transferência de tanta expertise off-road para o uso em asfalto exige muita habilidade. Em certos casos, a rodagem é muito boa. Em uma longa viagem ele foi confortável e suave. Pela cidade ele é duro. Balança para cima e para baixo como se todo o carro fosse a suspensão. Na verdade a rodagem não é dura, mas o movimento da cabine não é muito agradável.
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Ele não é um exemplo de dinâmica, não que eu estivesse esperando um Porsche 911. Na primeira vez que andei no carro esperava que o acerto da AMG tivesse resultado em algo ao menos mais inspirador.
A melhor coisa que posso dizer sobre isso é que ele não tomba quando encara uma curva. Contudo, isso é uma preocupação. Há vários problemas que se apresentam. Primeiro: o utilitário é rápido. Mais rápido do que você esperava. Isto significa que você pode acabar entrando em uma curva mais rápido do que esperava. A caixa de direção é lenta e leve, sem muita sensibilidade. Combine tudo isso e você tem a receita para uma assustadora primeira viagem em uma rampa de acesso.
O utilitário estreito e alto simplesmente não faz curvas. Na verdade ele parece se recusar a fazer curvas da mesma forma que uma criança se recusa a limpar seus brinquedos. Só que aqui a criança tenta te matar se você a obrigar.

Transmissão

Ele é equipado com uma transmissão automática de sete marchas, que faz um bom trabalho. As trocas são rápidas, precisas e suaves. É tudo o que você gostaria de ter. Ele tem aletas no volante e um modo para trocas manuais, mas você não vai usá-los. Tentei usá-los por quatro quarteirões e os achei inúteis.
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O Classe G também tem uma caixa de transferência de duas velocidades e bloqueio de diferencial que o tornam perfeito para uso off-road. Obviamente o mais perto da lama que um Classe G vai chegar é uma enchente de verão ou uma trilha de terra a caminho da fazenda. Nessas situações poucas coisas são capazes de pará-lo.

Como freia

Um carro de 2.600 kg precisa de muita força de frenagem. Em baixas velocidades o G63 freia bem. Em velocidades maiores é uma experiência terrível. O pedal fica levemente borrachudo, e  as frenagens de emergência não existem.
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O G63 é o tipo de carro que exige planejamento. Todos os seus movimentos precisam ser premeditados — as frenagens, inclusive. Você não pode esperar que quase três toneladas de aço e excelência militar alemã sejam parados pelo apertão de um pedal. É preciso de tempo e planejamento (e um pouco de sorte) para parar este gigante.

Vida a bordo

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Ao longo dos anos o G63 recebeu tudo o que os carros modernos têm, sem perder nada do que o tornou famoso. Ele tem bloqueio de diferencial, mas também tem conectividade com iPod, sistema de navegação, rádio por satélite, controle de velocidade com radar, sensores de estacionamento, câmera de ré, bluetooth e tudo o que você espera de um Mercedes moderno.

Bottom line

O G63 AMG tem uma categoria própria. O que você compararia a ele? Um tanque? Um bunker? Se você quer um carro como este, você compra este. Fim de papo.
É um dos Mercedes mais bem projetados e o mais robusto que se pode comprar hoje em dia. Na verdade ele é um dos carros mais robustos da atualidade.
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Este é um caso no qual o carro é maior que a soma de seus números. Ele não contorna bem? Não freia direito? O consumo de combustível deveria ser medido em metros por litro em vez de quilômetros por litro. O G63 é um tanque militar de um outro tempo. O simples fato de ainda podermos comprar um dos maiores feitos da história da Mercedes por si já vale cada centavo.

Ficha técnica Mercedes-Benz G63 AMG 2013

Motor: 5,5 litros, V8, biturbo, 543 cv de potência a 5.500 rpm e 77,4 mkgf de torque a 2.000 rpm.
Câmbio: automático de sete velocidades com caixa de transferência de duas velocidades
Aceleração 0-100km/h: 5,5 segundos
Velocidade máxima: 210 km/h (limitada eletronicamente por um bom motivo)
Peso: 2.595 kg
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 Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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