Razão ou emoção? Motor girador, elástico e de ronco empolgante ou um conjunto dócil e harmonioso, com mais torque em baixa e sem tanta pimenta no temperamento? Trail da Honda ou da Kawasaki? Este é o dilema trazido pelos nossos parceiros da Bikers Magazine com este baita comparativo. Confira!
Boazinha vs Malvada
Honda NC 700X e Kawasaki Versys 650 pertencem a categoria trail, montam rodas de 17” com pneus esportivos e possuem motor bicilíndrico. As semelhanças param por aí!Dizem que a melhor motocicleta do mundo é a próxima que teremos, já que geralmente, quando estamos com uma moto nova, não demora muito para despertarmos interesse por outra. Também pudera, com tantas alternativas diferentes e categorias distintas, escolher entre uma ou outra opção, atualmente, é bem difícil.
No menu de hoje, temos duas motocicletas que pertencem à mesma categoria. Preço e motorização parecidos, também podem confundir ainda mais a cabeça dos motociclistas. A Honda NC 700X é a boazinha da dupla enquanto a Kawasaki Versys 650 fica com o papel de malvada.
Temos diante de nós um embate conhecido: razão ou emoção? Os números de emplacamento apontam que as pessoas estão seguindo pela razão. Em 2013, precisamente até o fechamento do mês de março, 414 unidades da Honda NC 700X foram emplacadas, uma verdadeira lavada contra o pessoal da emoção, com 90 Kawasaki Versys 650 vendidas no mesmo período.
Claro que a rede de concessionárias e a imagem da Honda no Brasil fortalecem essa diferença, mas, na prática, comprovamos o que suspeitávamos: estamos diante de duas ótimas escolhas. Qual eu escolheria para um passeio animado durante o fim de semana? A resposta seria, sem qualquer sombra de dúvida, a Kawasaki Versys 650. E se a questão for “qual delas eu compraria”? A resposta também estaria na ponta da língua: Honda NC 700X. Você irá entender as razões no vídeo abaixo.
COMPARATIVO - Honda NC 700X vs Kawasaki Versys 650 - Bikers Magazine from Bikers Magazine on Vimeo.
As fichas técnicas apontam pouco mais de 10 cv de diferença a favor da Versys. Em relação ao torque, uma mínima vantagem para a NC. Mas a grande distinção está na rotação em que esses números aparecem: nada pode ser mais desanimador que o limite de giros da Honda NC 700X, que corta antes mesmo das 7.000 rpm. Isso faz com que seus “números bons” apareçam em rotações baixas, ótimo para um passeio de domingo e não para uma voltinha mais esportiva.
É interessante comparar os dados da NC com outra bicilíndrica de cubicagem parecida da marca, a Honda XL 700V Transalp, que utiliza um propulsor disposto em V. Essa moto possui 60 cv, e mostra como o moderno motor da NC está “estrangulado” com apenas um corpo de injeção de combustível para os dois cilindros.
Na Kawasaki, o comportamento do motor é totalmente diferente, as rotações sobem como se não houvesse qualquer limite e não é preciso trabalhar tanto as trocas de marcha durante uma condução esportiva. Em suma, se o motor da Kawasaki tivesse o mesmo índice de vibração que o bicilíndrico da NC, teríamos uma pontuação de 10 a 7 a favor da Versys… Mas não é isso que acontece: o propulsor da Kawasaki vibra consideravelmente, e para piorar, o acionamento do câmbio é pesado por conta do sistema de varetas do pedal (na Kawasaki ER-6N, que utiliza o mesmo motor, esse problema não existe).
Mas serão esses os motivos para a diferença no número de vendas? Tudo bem que a Kawasaki possui um visual alternativo, mas a Honda também corre para uma imagem conceitual – aliás, não é só imagem, no lugar habitual do tanque de combustível está um guarda-volumes generoso que abriga até uma mochila de proporção média ou um capacete pequeno. Por sua vez, a gasolina vai sob o assento do banco da garupa, apenas 14,1 litros, que são suficientes para 320 km de acordo com a nossa média de consumo: 22,7 km/l.
O tanque da Versys é magnânimo, 19 litros, porém, a fórmula de altas rotações + potência + adrenalina + moto 0km nos deu uma média de 17,5 km/l, satisfatórios para 332,5 km de autonomia. Mas não podemos levar esse consumo da Versys muito a sério, justamente pela pouca quilometragem da moto.
Já citamos os propulsores, vamos falar agora de ergonomia e dirigibilidade. As duas motos oferecem postura cômoda, e a principal diferença está no assento, com vantagem para a Honda, com banco mais baixo, largo e confortável. Aliás, o garupa também se sente melhor. Em marcha, apesar de montar equipamentos mais sofisticados como suspensão invertida e duplo disco de freio na roda dianteira, a vantagem da Kawasaki não é imensa no quesito “handling”, mas sim no grau de esterço do guidão, que a transforma em uma boa opção para costurar o trânsito dos grandes centros. Apesar de apontarmos uma vantagem para a Honda, quem viaja na garupa da Versys também se acomoda muito bem.
Apesar de não aparecer nas fotos, testamos a versão City da Versys, que apresenta baú e protetor de mão. A intenção da marca foi boa em adaptar um espaço a mais para o motociclista, mas temos que concordar que o suporte do baú merecia um acabamento melhor.
O entre-eixos mais estreito da Versys deveria tornar a Kawasaki uma moto mais ágil para curvas travadas, no entanto, a altura da motocicleta compromete sua desenvoltura. Mais baixa, porém com um entre-eixos maior, a Honda também acaba não mostrando perfeição plena em sua ciclística. Neste quesito ambas poderiam se comportar um pouco melhor. Não estamos apontando isso como um problema de pilotagem, afinal, as motos são muito fáceis de pilotar.
As duas motocicletas possuem versões com e sem freios ABS. Porém, não é preciso ressaltar que esse é um equipamento imprescindível, e a diferença de investimento vale muito a pena. Na prática, o sistema da Versys é mais forte, graças aos dois discos na roda dianteira. Mas, isso não significa que a NC seja pior, nela é preciso apenas um pouco a mais de força.
Quando a conversa diz respeito ao acabamento, a Honda se sobressai, com equipamentos mais modernos e soluções simples que agradam aos olhos. A Kawasaki possui muitos plásticos na área frontal e, como já andamos em Versys com quilometragem mais alta, sabemos que não são necessários muitos quilômetros para eles começarem a manifestar os seus ruídos.
Agora, voltamos à questão inicial, razão ou emoção? A Kawasaki é R$2.000,00 mais cara que a Honda, que custa R$ 29.990,00. Logo, a decisão cai para um lado muito particular de gosto. Não foi fácil chegar a um resultado, e os mais audaciosos podem escolher a Kawasaki e seu propulsor “endiabrado”. Os mais conservadores optarão pela tradicional e bem sucedida receita da Honda.
Segunda opinião
Lucas PaschoalinEntrar em um comparativo destes é tão difícil quanto sair de um labirinto. O Rafa pontuou muito bem entre razão e emoção. Mas, para facilitar a minha decisão, me imaginei frente a duas namoradas. A NC 700X representaria a namorada compreensiva e parceira, que está do seu lado o tempo todo e sempre disposta a ajudar. A Versys seria aquela mulher espetacular que você não consegue despregar os olhos, por um segundo sequer. No entanto, ao mesmo tempo em que estaríamos presos à sua beleza, também ficaríamos frente a uma pessoa geniosa e difícil de lidar em alguns momentos. Foi seguindo esta linha de raciocínio que cheguei à conclusão: é muito mais difícil achar uma mulher companheira como é a Honda NC700X.
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