Presente no Brasil desde a década de 1960, quando era fabricado pela FNM (Fábrica Nacional de Motores), o primeiro Alfa Romeo em solo nacional foi o FNM-JK-2000. Produzido sob licença da marca italiana, ele era idêntico ao europeu Alfa 2000 e duraria até 1973, ano em que a própria Alfa Romeo assumiu o controle das operações no país. No ano seguinte era lançado o Alfa Romeo 2300: baseado no italiano Alfeta sedã, ele chegava para brigar no segmento de luxo. Moderno e refinado para a época, ele ainda traria soluções inéditas em carros nacionais.
Seu visual agradava e era contemporâneo, destacando-se a área envidraçada, as linhas retas e a traseira alta. Avançado, ele possuía um motor 2.3 com duplo comando de válvulas, freios a disco nas quatro rodas (inéditos em um carro nacional) e o grande tanque de combustível de 100 litros.
Devido às boas soluções mecânicas, a potência era de 140 cv e o torque de 21,1 kgfm (brutos). A marca divulgava aceleração de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos e velocidade máxima de 170 km/h.
Por dentro, havia uma mistura de luxo e esportividade típica da marca italiana: volante imitando madeira, painel de instrumentos completo, bancos separados e alavanca no assoalho (isso ainda era incomum nos carros de luxo da época).
No segmento de luxo, os principais concorrentes eram o Chevrolet Opala 4.1, Dodge Charger 5.2 e Ford Galaxie/Landau 5.0, todos eles maiores e mais potentes, porém, o 2300 era mais leve, o que o deixava com desempenho próximo dos rivais.
Com a proibição das importações em 1976, o Alfa Romeo – que a marca vendia como o único nacional “importado” – ganha uma série de mudanças em 1977. Lançado como 2300B, ele passou a ter acabamento interno de melhor aspecto, maçanetas externas embutidas e melhorias na suspensão e no motor (melhor adaptado a gasolina comum).
Nos meses seguintes viria mais uma novidade: o 2300 Ti, com acabamento mais refinado, dois encostos de cabeça e cintos de três pontos no banco traseiro, painel mais completo e o motor com carburação quádrupla que elevaram a potência para 149 cv e o torque para 23,3 kgfm. Porém, no inicio de 1978 a Alfa Romeo passa a oferecer no mercado interno a mesma versão destinada à exportação, que tinha maior taxa de compressão (mais adequada a gasolina azul) com 163 cv e 24,4 kgfm de torque.
Nesse ano, a Alfa Romeo é adquirida pelo Grupo Fiat. A partir daí, o 2300 passa deixa de ser produzido no Rio de Janeiro e começa a ser feito em Betim/MG, com melhor qualidade de construção graças a linha de produção mais moderna da Fiat.
Em 1980, ele ganha uma leve reestilização com novos para-choque e detalhes externos e a direção hidráulica progressiva passava a ser item de série. Poucos meses depois veio a versão a etanol com 145 cv e 23 kgfm de torque, chamada de Ti, sendo o anterior Ti a gasolina rebatizado de Ti4. Nessa época, o 2300 ainda era o carro nacional mais caro, superando todos os concorrentes.
A versão de topo Ti4 se tornava a única disponível a partir de 1983, indicando o que fim do modelo estava próximo. Na linha 1985, ele ganhava mais uma reestilização, numa clara tentativa de mantê-lo no mercado. O 2300 passou a ter para-choques envolventes, nova grade dianteira e lanternas traseiras maiores
Diante do baixo volume de vendas, a Fiat deixa de produzir o 2300 e encerra a marca Alfa Romeo no país no final de 1986. Mais um clássico da indústria nacional, além de ser um dos melhores carros produzidos em sua época, o 2300 foi inovador em muitos aspectos e um legítimo representante do segmento de luxo sem abrir mão da esportividade. Suas características agradavam quem apreciava o estilo “europeu” de conduzir. Depois do 2300, a Alfa Romeo só voltaria ao país em 1990 com o sedã italiano 164.
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