22 de abr. de 2013

Teste: Peugeot 508 - Presença em cena

Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
Teste: Peugeot 508 - Presença em cena Sedã 508 combina bom conjunto e design inspirado para assumir o topo da linha da Peugeot


Há tempos a Peugeot não movimentava o mercado nacional como fez nos últimos dois anos. A marca francesa começou pelo crossover 3008 e depois continuou com o cupê esportivo RCZ e a nova linha de médios formada pelo hatch 308 e o sedã 408. Esse ano, surgiu o novo compacto 208. Por mais que alguns desses modelos exibam certa dose de requinte, a renovada linha da Peugeot precisava de uma referência de luxo. Papel personificado pelo 508, sedã médio-grande que desembarcou aqui em junho do ano passado e substituiu, de uma vez só, os antigos 407 e 607. Até pelos seus antecessores, a proposta é ser um modelo executivo, com conforto e refinamento para levar um graduado “homem de negócios” no banco de trás – e ainda agradar em uma viagem de final de semana.

O 508 chegou no meio do turbilhão do IPI extra para carros importados e na redução da taxa para todos os modelos. Trazido da França, o sedã passou por algumas alterações de preço até se estabilizar nos atuais R$ 109.900. O preço é competitivo, quando se leva em conta o belo recheio que o Peugeot traz consigo. A lista de equipamentos tem como destaque os seis airbags, sistema de som com GPS, rodas de 18 polegadas, head-up display e controles de estabilidade e tração. Não há opcionais. Ainda existem itens previsíveis para o segmento, como bancos com ajustes elétricos, ar-condicionado de quatro zonas, seis airbags, freio de estacionamento elétrico, faróis de xenon direcionais, cruise control e teto solar.



O conjunto mecânico também é moderno. O motor 1.6 THP desenvolve 165 cv e 24,5 kgfm logo a 1.400 rpm. Ele vem sempre aliado a uma transmissão automática de seis velocidades com trocas manuais na alavanca e por meio de borboletas atrás do volante. É a mesma dupla que já equipa outros diversos carros da PSA Peugeot Citroën no Brasil. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 9,2 segundos e a velocidade máxima atinge os 217 km/h. Outro destaque é o belíssimo design que o 508 traz consigo. Elaborado pela equipe chefiada pelo designer Gilles Vidal dentro da nova identidade visual da marca, ele traz um conjunto moderno e extremamente elegante, com linhas curvas e suaves.

Mesmo com esse bom conjunto, o 508 passa longe de ser um sucesso de vendas. A Peugeot estimava 40 emplacamentos por mês. Em 2012, a média foi de ínfimos 15 carros mensais. Em 2013, o número caiu para cerca de 10 unidades. Este desempenho pode ser em parte explicado pela concorrência. A faixa de R$ 110 mil é das mais disputadas do mercado nacional. Há alguns anos, o consumidor atrás de um modelo confortável, bem equipado e exclusivo praticamente só poderia apelar para sedãs médio-grandes. Caso do 508 e de outros tantos como Volkswagen Passat, Toyota Camry, Citroën C5 e Ford Fusion. O problema é que a oferta cresceu de maneira quase exponencial. Os utilitários e crossovers ganharam representatividade e muitos adeptos. Além disso, os sedãs médios das marcas premium ganharam versões de entrada com preços competitivos e passaram a disputar o mesmo cliente. Elementos que certamente diminuem as chances de se avistar pelas ruas brasileiras o belo sedã da Peugeot.


   
Ponto a ponto


Desempenho – O motor 1.6 THP e a transmissão automática de seis velocidades são suficientes para o Peugeot 508. Eles conseguem impor um desempenho consistente, sem grandes exageros. O torque aparece em giros baixos, algo importante para um carro pesado como o sedã. Uma pisada funda no acelerador não provoca uma “patada” nos ocupantes, e sim uma animada aceleração progressiva. A transmissão é eficiente nas trocas, e tem a seu favor o fato de ser extremamente adaptativa. Dependendo do estilo de condução do motorista, ela muda sua programação para segurar mais ou menos as marchas. Nota 8.

Estabilidade
– O 508 é um carro que preza pelo conforto. Isso significa um ajuste de suspensão mais macio. Nas curvas, o resultado são inevitáveis rolagens de carroceria. Contudo, o sedã mantém a sensação de segurança em todos os momentos. Os pneus são largos e aderem bem ao asfalto. O chassi é rígido e torce pouco. Tudo contribui para um bom comportamento dinâmico, que agrada na maioria das situações. Nota 8.

Interatividade – O sedã da Peugeot é um carro bem completo, com sistema de entretenimento com GPS e diversas funções. Demora um tempo até se acostumar com os comandos, até pela grande quantidade de botões no console e no volante. O programa em si também não é dos mais intuitivos. O volante tem boa pegada e até uma proposta ligeiramente esportiva, com a base reta. Painel de instrumentos e computador de bordo são de visualização simples e prática. Uma boa solução da Peugeot foi “esconder” os botões que controlam o head-up display em um compartimento do lado esquerdo do condutor. O equipamento em si também é bem útil e ajuda a não desviar o olhar da linha da estrada. Nota 9.

Consumo – Os testes do InMetro para o Peugeot 508 não são dos mais animadores. A entidade fez média de 8,4 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada. Os dados apontam para uma classificação D dentro de sua categoria – a de carros grandes – e C no geral. Nota 6.

Conforto – O 508 é um daqueles carros que dá para dirigir durante um bom tempo sem cansar. Os bancos são extremamente confortáveis, a suspensão absorve bem a buraqueira e o isolamento acústico isola os ocupantes dos barulhos externos. A arquitetura da cabine é pensada para quatro ocupantes – que viajam de maneira relaxada. Um quinto fica espremido. Nota 9.



Tecnologia – O recheio é um dos destaques do 508. A lista de equipamentos traz tudo que se espera em um carro deste segmento e preço. Destaque para o head-up display, item ainda raro hoje em dia. A plataforma é uma versão evoluída da usada pela segunda geração do Citroën C5 desde 2008. Ela fornece espaço e rigidez na medida certa para a proposta do carro. O trem de força, apesar de moderno, não impressiona. O desempenho é bom, mas o consumo fica abaixo da média. Nota 8.

Habitabilidade – Não há uma grande quantidade de porta-objetos no interior do 508. A fartura, no caso, é de botões e comandos para diversas funções no carro. Para guardar carteira, celular e chave é preciso recorrer ao compartimento sob o apoio de braço – que também nem é tão espaçoso assim. O porta-malas leva 472 litros – marca apenas razoável para um sedã desse porte. Nota 6.

Acabamento – Sem grandes extravagâncias, o interior do 508 conquista pela qualidade. O acabamento é ótimo, lotado de materiais de refinados, como black piano e alumínio. Os bancos e o volante são revestidos de couro de boa textura. Tudo com bom gosto e sobriedade. Nota 9.

Design – O 508 é elegante e moderno como poucos carros em sua faixa de preços. As linhas suaves e harmônicas criam um conjunto sóbrio e muito bem desenhado. É um belo exemplo do moderno design automotivo francês. Nota 9.

Custo/benefício – O Peugeot 508 tem uma natural disputa com outros sedãs médios-grandes de marcas generalistas. São rivais como o Citroën C5, Volkswagen Passat, Toyota Camry, Ford Fusion e Hyundai Sonata. Todos ficam na mesma faixa de preço – por volta dos R$ 100 mil – e focam no conforto e em um desempenho ligeiramente acima da média. O Peugeot tem a seu favor o fato de não ter opcionais. O preço de R$ 109.990 já inclui o máximo que ele pode oferecer. O problema é que o segmento é dominado por Fusion e Sonata, os dois com preço inferior aos R$ 100 mil e desempenho semelhante ao 508. A concorrência ainda pode derivar para os sedãs médios premium de entrada, como BMW 320i, Mercedes C180 e Audi A4 Attraction, todos na faixa de R$ 120 mil. Nota 6.

Total – O Peugeot 508 somou 78 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir

Equilíbrio em movimento

O 508 parece ser o melhor exemplo da atual identidade visual adotada pela Peugeot. O design não é tão agressivo como o dos modelos da virada de 2000. As linhas são mais suaves e parecem formar um conjunto mais harmônico que o antigo 607, por exemplo. O resultado final é um carro elegante e muito bem pensado na forma de um sedã discreto e confortável.

Por dentro, a proposta se reafirma. O acabamento é excelente, mas não há agressividade ou grandes invenções estéticas. O desenho do painel é correto e até previsível. Os apliques têm materiais refinados, como black piano e alumínio. A vida a bordo do 508, por sinal, é descomplicada. Os comandos vitais ficam em lugares intuitivos e a visibilidade externa é boa. A parte tecnológica do 508, por sua vez, traz contradições. A Peugeot teve uma sacada bem inteligente com os comandos do sempre útil head-up display. Criou uma “gavetinha” do lado esquerdo do volante – lugar geralmente reservado a algum porta-objeto – que esconde os botões. A solução é importante porque o sistema de som com GPS, ar-condicionado e controle de cruzeiro já são responsáveis por uma imensidade de botões espalhados na cabine. E a operacionalidade do rádio não é dos mais simplificadas.



Depois de pressionar o botão de partida, o 508 continua a apresentar bons atributos. O motor 1.6 THP já é conhecido e parece se encaixar muito bem na proposta do sedã. Há força suficiente para dar um comportamento ligeiramente acima da média ao modelo da Peugeot. Depois de um tempo na direção, a impressão é que sempre há uma pequena sobra no motor para uma ultrapassagem. As borboletas para troca de marcha são curiosas. Elas são fixadas na coluna de direção e não no volante. É uma estratégia usada em esportivos da Ferrari e Lamborghini, por exemplo, e ajudam na hora de trocar marchas no meio de alguma manobra ou curva.

O rodar também agrada. O isolamento acústico é digno de elogios e o comportamento dinâmico beneficia o conforto. A suspensão é macia, apesar de não ter curso longo. Na prática, significa que se o buraco for fundo, a pancada vai ser seca no interior. Em curvas, o 508 aderna um pouco, mas não perde aderência. Tudo é bem controlado e feito sem surpresas.

Ficha técnica


Peugeot 508 1.6 THP

Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, turbo e duplo comando no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 165 cv a 6 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 9,2 segundos
Velocidade máxima: 217 km/h
Torque máximo: 24,5 kgfm entre 1.400 e 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 77,0 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores a gás. Traseira do tipo Multilink, com molas helicoidais e amortecedores a gás.
Pneus: 225/45 R18.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,79 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,47 m de altura e 2,81 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Peso: 1.410 kg.
Capacidade do porta-malas: 545 litros.
Tanque de combustível: 72 litros.
Produção: Rennes, França
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Equipamentos: Airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS, ar-condicionado com quatro zonas, rádio CD/MP3/USB/Bluetooth, volante com revestimento em couro e comandos do som, computador de bordo, trio elétrico, retrovisores externos rebatíveis eletricamente, faróis de neblina.
Preço: R$ 109.900.






Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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