5 de abr. de 2013

Teste: Ford EcoSport Powershift - Transmissão de tecnologia

Fotos: Pedro Paulo Figueiredo/Cartaz Z Notícias
Teste: Ford EcoSport Powershift - Transmissão de tecnologia
EcoSport Titanium Powershift consolida a imagem de carro global do SUV compacto da Ford


O novo EcoSport fez tanto sucesso no Brasil que virou cidadão do mundo. De produto desenvolvido e consumido localmente, o utilitário esportivo compacto da Ford teve de se adaptar para ganhar as ruas de Estados Unidos, Europa, Ásia, em um total de mais de 100 países.
No “banho de loja” pelo qual o jipinho precisou passar, o visual ganhou a cara global e o recheio se adequou aos equipamentos exigidos nos mercados centrais. E como tem a mesma plataforma, os recursos do EcoSport são basicamente os mesmos no mundo todo. Nesta contingência, as tecnologias acabaram desembarcando também no Brasil. Todas elas estão disponíveis na versão topo de linha Titanium Powershift, a que melhor representa essa nova condição do modelo. Ela traz controle de estabilidade e tração, opção de seis airbags e câmbio de dupla embreagem – todos itens inéditos em um modelo compacto de fabricação nacional.

É claro que a versão Powershift funciona como uma vitrine de tecnologia. Ou seja: estes equipamentos só existem mesmo na gama mais alta do utilitário. A transmissão, por exemplo, só pode ser aplicada nas duas versões mais caras do SUV e sempre com o motor 2.0 Duratec de 147 cv e 19,7 kgfm de torque. E traz uma tecnologia até bem moderna. O sistema vem com duas embreagens que trabalham em sequência. Assim, a marcha superior e a inferior ficam sempre pré-engatadas o que agiliza as trocas. De acordo com a Ford, elas são feitas em 200 milisegundos. Além disso, a marca garante que o consumo de combustível cai na ordem dos 10%. O Powershift traz sempre a tradicional tração dianteira. O sistema mecânico para jogar a força nas quatro rodas é oferecido apenas com câmbio tradicional, mecânico.



A configuração SE 2.0 Powershift custa R$ 64.960 e traz controle de estabilidade e tração, ar-condicionado, direção elétrica, rádio com sistema Sync e bluetooth, airbag duplo e ABS. Ainda há a Titanium, responsável por trazer o máximo que um EcoSport pode ter. Ela adiciona ar digital, sensor de chuva e luminosidade, partida sem chave, retrovisor interno eletrocrômico e rodas de liga leve de 16 polegadas por R$ 72.680. Existem opcionais como seis airbags, bancos revestidos parcialmente em couro e sensor de estacionamento traseiro, que aumentam a conta para R$ 76.540.

A concorrência atualmente é resumida apenas ao Renault Duster automático, que tem versão única vendida a R$ 63.840 – bem mais em conta, porém com tecnologias menos sofisticadas. Mas a briga deve ficar muito mais complicada nos próximos dois anos. Ainda em 2013 aparece o Chevrolet Tracker. Já está programada para o final de 2014 a produção do Peugeot 2008 no Brasil. Sem falar das ameaças de Fiat, Hyundai, Volkswagen e até a Honda de explorarem o mercado dos SUVs compactos.

Em termos gerais, o EcoSport passa por um bom momento no mercado nacional. O começo das vendas da atual geração foi instável, com meses de apenas 3 mil vendas intercalados por outros com mais de 6 mil emplacamentos. Na época, a briga com o Duster era carro a carro. Mas o ano virou e a vida ficou mais fácil para a Ford. A Renault paralisou sua fábrica para expandir a capacidade e a produção – e vendas – despencaram. Na mesma época, a marca norte-americana introduziu as versões automatizada e 4X4 no seu utilitário. A conjunção de fatores consolidou o novo carro no mercado. Em três meses cheios de 2013 são mais de 15 mil unidades vendidas, ou média de 5 mil por mês. Isso em um ano ainda "frio" nas vendas. O suficiente para garantir o "Eco" na terceira posição entre os comerciais leves nacionais e para dobrar a média mensal do fim da vida da geração anterior.



Ponto a ponto


Desempenho – O câmbio Powershift só trabalha com o conhecido motor Duratec 2.0 16V da Ford. E os dois “harmonizam” perfeitamente. O propulsor dá fôlego suficiente para o utilitário, enquanto a transmissão cumpre a missão de aumentar o conforto. O melhor desempenho surge em giros altos, quando o motor é ligeiramente áspero. Esta transmissão tem o mesmo nível de eficiência de uma automática tradicional. É suave e responsiva, embora não tenha a mesma rapidez de outros câmbios automatizados com dupla embreagem disponíveis no mercado. Nota 8.

Estabilidade – A atual geração do EcoSport aposta forte na neutralidade em curvas. A suspensão é trabalhada para diminuir ao máximo a rolagem de carroceria. O fato do modelo da Ford não ser dos utilitários mais altos também ajuda na estabilidade durante as mudanças de direção. Em retas e mesmo em alta velocidade, o SUV se mantém na mão do motorista. Nota 9.

Interatividade – Por ser um modelo topo de linha, o “Eco” Powershift é equipado com o sistema de entretenimento Sync. Apesar de trazer bons recursos e ser vistoso, o funcionamento é um pouco confuso – além de os botões ficarem longe demais da pequena tela. A visibilidade dianteira é boa, enquanto a traseira é atrapalhada pelo estepe, que rouba uma grande área de visão. O câmbio automatizado é competente, mas as trocas manuais só podem ser efetuadas por um botão tipo gangorra na lateral do pomo da alavanca de câmbio. Lugar pouco ergonômico. Nota 8.

Consumo – Na categoria, o InMetro deu nota A para o EcoSport Powershift. No índice geral de todos os modelos testados pelo instituto, ele alcança o índice C. O consumo foi de 6,7 km/l na cidade e 8,0 na estrada com etanol e 9,7 km/l e 11,8 km/l com gasolina. Nota 8.

Conforto – A escolha de uma suspensão que privilegia a estabilidade tem óbvias consequências no conforto ao rodar de qualquer carro. O EcoSport é rígido e sofre com os buracos tão comuns nas ruas brasileiras. O espaço interno é o esperado no segmento. A versão automatizada adiciona mais conforto na hora de enfrentar longas distâncias com o descanso para o pé esquerdo do motorista. Nota 7.



Tecnologia – A plataforma do EcoSport é derivada da mesma utilizada no New Fiesta. Mesmo com as adaptações para um modelo bem maior, no final ela manteve boa rigidez e ainda oferece espaço interno melhor. O motor 2.0 Duratec já é conhecido e não decepciona. A transmissão Powershift é eficiente, mas não pretende dar um desempenho esportivo ao modelo – nem é das mais rápidas. A lista de equipamentos inclui controle de estabilidade, sistema Sync e demais recursos obrigatórios para um modelo topo de linha que custa acima de R$ 70 mil. Nota 8.

Habitabilidade – Há boa quantidade de porta-trecos espalhados dentro do utilitário. Além da área entre os bancos e à frente da alavanca de câmbio, as portas abrigam grandes áreas com espaço para muita coisa. Como é mais alto que um carro de passeio, mas não tanto quanto um utilitário de alto porte, entrar e sair do Eco é simples e não demanda grande esforço. A abertura lateral da tampa do porta-malas não é das mais práticas. E apesar de o estepe ficar do lado de fora, dentro do compartimento só cabe 362 litros – pouco mais que um hatch compacto. Nota 8.

Acabamento – A Ford mudou a proposta visual do interior do EcoSport, contudo, parece que não mudou a qualidade dos materiais empregados. Os plásticos duros estão por todo lugar. Continuam lá os encaixe irregulares e os grandes vãos entre as peças. O belo desenho não esconde o acabamento abaixo do esperado nesta faixa de preço. Nota 5.

Design – O desenho do EcoSport se beneficou bastante do novo estilo da montadora, moderno e limpo. O utilitário ficou vistoso, com um desenho equilibrado. O estepe pendurado na tampa traseira destoa um pouco dessa aparente modernidade – ninguém mais usa esse recurso –, mas a Ford garante que foi a pedido do público. De qualquer forma, não atrapalha o visual. Nota 9.

Custo/benefício – A briga direta do EcoSport Poweshift é com o Renault Duster automático. E, nesse caso, é uma disputa bem desequilibrada. O utilitário da Ford é quase R$ 9 mil mais caro que o concorrente. A marca norte-americana cobra R$ 72.680, enquanto a francesa pede R$ 63.840 pelo Duster – que ainda tem GPS, algo indisponível no Eco. A favor do Ford está o ar digital, o sistema Sync e o controle de estabilidade e tração, além da transmissão automatizada de seis marchas e dupla embreagem, bem mais moderna que a defasada automática de quatro velocidades do Renault. Mesmo assim, é uma diferença alta para justificar. Nota 6.

Total – O Ford EcoSport Titanium Powershift somou 76 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir

Nome impróprio

Salvo pela pequena inscrição na traseira, o EcoSport automatizado não se diferencia em nada das demais versões. E é natural que a Ford queira mexer pouco no modelo, pois foi muito feliz na escolha do desenho do utilitário. Agrada e chama atenção na rua. Mas no caso da versão automatizada, o interesse vai quase todo para o interior onde está o câmbio de dupla embreagem. Mas o seu comportamento desaponta, pois é mais lenta do que em geral este tipo de transmissão costuma ser. É bem verdade que não é proposta do modelo da Ford ter uma “pegada” esportiva. Em resumo, é uma caixa competente e oferece conforto a quem dirige – principalmente em trânsito urbano pesado.

No resto, o utilitário exibe suas já conhecidas qualidades e defeitos. O motor 2.0 tem potência mais que suficiente para um jipinho compacto. Mas seu desempenho não preza pela suavidade. Em rotações médias o propulsor gira de forma suave. Mas já a partir das 4 mil rpm o barulho invade a cabine e gera muitas vibrações. Nesse caso, o motor 1.6 Sigma, das versões mais baratas, se comporta melhor. Dinamicamente, o Eco não se ressente da altura. A suspensão é firme e a plataforma tem ótima rigidez, o que ajuda a manter o SUV na trajetória desejada. O comportamento em sequência de curvas, por exemplo, é surpreendemente bom.

O acabamento é que manteve a má tradição do EcoSport antecessor. O visual do interior até tem desenho inspirado, mas o capricho passou longe. Os plásticos são desagradáveis de olhar e ruins de se tocar. Os encaixes também são imprecisos e passam uma sensação de falta de cuidado. O espaço interno é satisfatório e leva quatro adultos, uma criança e um volume razoável de bagagens com tranquilidade.



Ficha técnica

Ford EcoSport Titanium Powershift

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.999 cm³, quatro cilindros em linha, duplo comando no cabeçote, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automatizado com dupla embreagem e mudanças sequenciais de seis marchas à frente e uma a ré com tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 141 cv e 147 cv com gasolina e etanol a 6.250 rpm.
Torque máximo: 18,9 kgfm e 19,7 kgfm com gasolina e etanol a 4.250 rpm.
Diâmetro e curso: 87,5 mm X 83,1 mm com taxa de compressão de 10,8:1.
Aceleração 0-100 km/h: 10,8 e 10,5 segundos com gasolina e etanol.
Velocidade máxima: 180 km/h limitada eletronicamente.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços inferiores, barra estabilizadora e molas com compensação de carga lateral. Traseira semi-independente com eixo de torção, amortecedores hidráulicos pressurizados com molas helicoidais. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 205/65 R15.
Freios: Discos ventilados na frente, tambores atrás e ABS de série.
Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,23 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,67 m de altura e 2,52 m de distância entre-eixos. Airbags frontais de série e laterais e de cortina opcionais.
Peso: 1.316 kg.
Capacidade do porta-malas: 362 litros.
Tanque de combustível: 52 litros.
Produção: Camaçari, Bahia.
Itens de série da versão: Ar-condicionado digital, direção e trio elétrico, volante com regulagem de profundidade e altura, airbag duplo, ABS com partida em rampa, rodas de liga leve aro 16, partida por botão, chave presencial para ignição e travas, retorvisor interno eletrocrômico, sensores de chuva e de luminosidade, controle de estabilidade e tração, faróis de neblina, sistema Sync, rádio/CD/MP3/AUX/Bluetooth e câmbio automatizado de dupla embreagem seis marchas.
Preço: 72.680.
Opcionais: airbags laterais e de cabeça, bancos parcialmente em couro e sensor para obstáculos traseiros.
Preço: R$ 76.540.







Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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