Dizem que os 50 anos marcam a crise da meia idade. Não é o caso, ao menos, do Ford Mustang. Ícone da era de ouro dos muscle cars norte-americanos, ele cheha a essa marca no ano que vem. E em sua melhor forma. A história começou no início dos anos 1960.
Depois da apresentação dos protótipos Mustang I e Mustang II, feitos pela Ford, esperava-se que a versão final do Mustang fosse um carro moderno para atender as necessidades de um típico modelo compacto. Ou seja, que fosse econômico e com algum apelo esportivo. Afinal, o nome Mustang é inspirado no caça norte-americano da II Guerra Mundial, P-51 Mustang.
Lançado no Salão de Nova York em 1964, o carro causou furor. Foi sucesso de vendas desde o inicio, com mais de 126 mil unidades comercializadas no primeiro ano, sendo dois terços delas equipadas com os motores V8. Inicialmente estava disponível nas variações cupê e conversível e, seis meses depois, a versão fastback – de pegada bem mais esportiva – era lançada.
Diferente dos carros da época, ele tinha desenho mais limpo com traseira bem curta e capô longo. O para-choque traseiro integrado à carroceria iria servir de inspiração para modelos como Chevrolet Camaro, Pontiac Firebird, Dodge Charger e Challenger.
O Mustang foi feito sobre a plataforma do sedã compacto Falcon e podia ter motores 2.8 de 101 cv ou 3.3 de 116 cv, ambos V6. As versões V8 eram compostas por um 4.3 de 164 cv e um 4.7 que variava entre os 210 e os 271 cv de potência. O câmbio era manual de três marchas, mas havia caixa automática de quatro marchas opcional para todos e manual de quatro marchas de série na versão mais potente.
Mas a Ford queria mostrar o desempenho do Mustang nas pistas e para isso os motores V8 originais, embora fossem muito bons, não dariam conta do recado. Para apimentar o carro, a marca recrutou o preparador Carroll Shelby, que realizou diversas modificações mecânicas, adotou capô feito de fibra de vidro, retirou os bancos traseiros e aplicou freios mais robustos ao Mustang. Nascia uma lenda: o Shelby GT 350.
Em 1967 ele já passava pela primeira mudança, ficando maior, com a suspensão retrabalhada e mais potência nos motores de entrada. A ideia era manter a competitividade no mercado. Juntamente com essas mudanças veio a grande novidade: a introdução do V8 390 big block, um 6.4 litros de 315 cv que definitivamente marcou a história do Mustang.
No final dos anos 1960 ele passava por mais uma atualização de estilo, ficando maior e ampliando o leque de versões. Nessa época, o Mustang possuía diversas versões para atender a todos os gostos: desde um carro familiar mais econômico até as versões para competição que adotavam o motor V8 com preparação mais forte e que chegava aos 500 cv de potência, algo surpreendente para a época.
Depois de literalmente “destruir” os concorrentes em vendas nos anos 1960, no começo da década de 1970 o cenário começava a se inverter: as vendas estavam em queda constante. Em 1971 veio uma nova atualização e o modelo começava a perder sua identidade visual original. O cenário piorou no ano seguinte, quando mudanças na legislação e um novo padrão de medição de potência com valores líquidos minavam lentamente as vendas do modelo.
Mas o golpe mais duro foi a crise do petróleo, em 1973. Com o embargo da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), mais as mudanças na legislação americana de emissões, os motores tiveram sua taxa de compressão reduzida para economizar combustível, perdendo muita potência. Além disso os altos preços de seguros estavam tornando esses modelos esportivos inviáveis. Se encerrava então a fase de ouro dos muscle cars.
Na época, a Dodge abandonou o Charger e o Challenger, porém a Ford optou por apresentar um Mustang mais manso e econômico. Nascia o Mustang II, que perdia o apelo esportivo, adotava um visual mais tradicional e era voltado para o luxo e o conforto. Só como exemplo, ele estreou com os fracos motores 2.3 de 88 cv e V6 2.8 de 105 cv que, após a adoção do catalisador em 1975, tinham suas potências diminuídas para 83 e 97 cv respectivamente.
Em 1979 era apresentada uma nova geração com visual mais “quadrado” e algumas melhorias mecânicas, mas que ainda eram insuficientes para levantar a moral do Mustang. Ao longo dos anos 1980, a Ford se esforçou em lançar gradualmente motores mais potentes e versões especiais para ganhar prestígio. Em 1984 a versão conversível voltava ao mercado após dez anos de ausência.
Uma nova geração chegaria em 1993, com traços bem modernos para a época e que resgatavam um pouco da esportividade da primeira geração. O Ford Mustang começava, então, a recuperar seu prestígio perdido na década de 1980.
Em seguida ele ganhava a versão SVT Cobra, equipada com o motor 302 V8 de 240 cv e que foi carro madrinha na corrida das 500 milhas de Indianápolis. Era o retorno do carro aos tempos de alto desempenho.
Seis anos depois, em 1999, o Mustang era atualizado novamente. Com um belo visual nessa geração, o modelo buscava mais semelhança com os primeiros Mustangs da década de 1960 e continuava a recuperar lentamente o prestígio, ao mesmo tempo em que os concorrentes Camaro e Firebird, em baixa, eram descontinuados. A Ford continuava a atualizar os motores com mais potência. Em 2003 era lançada a série especial que celebrava os dez anos da divisão SVT (Special Vehicle Team), chamada de 10th Anniversary. A SVT é o braço da Ford que cuida do desenvolvimento dos carros mais fortes da companhia.
A melhor novidade, entretanto, só viria em 2005. Com uma plataforma nova, o Mustang era lançado com um visual que remetia completamente ao modelo clássico dos anos 1960 e resgatava de vez a esportividade. Os faróis voltavam a ser circulares, as lanternas tinham três seções e havia vincos na lateral. No interior, volante de três raios e instrumentos circulares relembravam os melhores anos do ícone. Além disso, os motores faziam jus à esportividade do carro: um V6 4.0 de 204 cv e um V8 4.6 de 304 cv.
Logo após, em 2007, um leve facelift é aplicado, e a versão conversível retornava mais uma vez em 2010. Ao longo da história de mais de quarenta anos, o Mustang sempre teve seus grandes motores V8 e, mesmo na época da crise do petróleo, quando a oferta era majoritariamente de motores pequenos, ele nunca deixou de ter versões com esse propulsor. O Mustang foi um marco para a Ford e também o responsável por inaugurar um segmento: o dos pony cars.
Disponível no(a):http://carplace.virgula.uol.com.br/
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