Neste ano, o circuito de Albert Park recebe uma categoria que carrega muitas expectativas, com a previsão de mais um campeonato bastante equilibrado. Pelo histórico de 2012 e resultados da pré-temporada, cinco equipes se destacam na hipotética luta pelo título: Red Bull, Ferrari, McLaren, Lotus e Mercedes. O GP da Austrália, portanto, mostrará qual dessas começará o ano um passo à frente das demais.
Com 5.503 metros de extensão, a pista urbana localizada em Melbourne possui muitas retas de extensão média, além de freadas fortes e várias chicanes. Portanto, é uma pista que requer bom torque, tração e aderência mecânica, além de exigir muito dos freios.
PONTOS CRÍTICOS
Curvas 3, 4 e 5: o trecho começa com a freada mais forte da pista, o que acaba tornando-o um ponto bastante visado de ultrapassagem. Entretanto, como a reta anterior é curta, muitas vezes a manobra acaba sendo decidida no retardamento da frenagem. Na sequência, vêm duas puxadas velozes para esquerda e direita, com áreas de escape pequenas, o que dá maior margem a acidentes.
Curvas 11 e 12: velocíssima chicane em quinta marcha, na saída de uma longa reta. Escapadas de pista na saída da segunda perna são bastante frequentes.
PNEUS
Comprovando mais uma vez a abordagem agressiva no fornecimento dos pneus de 2013, a Pirelli irá levar à Austrália, pela primeira vez, os jogos do tipo supermacio, os mais aderentes e com maior índice de degradação entre todos.
O outro composto para a rodada de abertura será o médio, dois postos acima na escala de dureza. Com a escolha, a fabricante italiana espera que o GP da Austrália ofereça diversas opções de estratégias aos competidores.
PREVISÃO DO TEMPO
Sexta-feira: tempo ensolarado, com apenas 10% de possibilidades de chuva (min. 14º C; máx. 25º C)
Sábado: tempo nublado, com 60% de chances de chuva na parte da tarde (min. 12º C; máx. 23º C)
Domingo: céu parcialmente nublado, com 20% de chances de chuva (min. 11º C; máx. 18º C)
FIQUE DE OLHO
Em Jenson Button. Das últimas quatro edições do GP da Austrália, o inglês foi o vencedor em três. Duas de suas vitórias, 2009 e 2012, vieram com uma atuação dominante, enquanto a outra, de 2010, foi obtida na base da habilidade para pilotar em pista molhada, aliada ao reconhecido poder de leitura de corrida do inglês.
Portanto, se a McLaren conseguir acertar a mão no acerto do MP4-28, o britânico será forte candidato à vitória, pois já mostrou conhecer o caminho das pedras no Parque do Alberto. E, caso o triunfo venha, Button se igualará a Michael Schumacher como o maior vencedor da história do evento.
HISTÓRICO DO GRID
Além de Button, Fernando Alonso, da Ferrari, também anda bem em Melbourne. Dos pilotos com mais de cinco temporadas na F1, o espanhol é o único que completou todos os GPs, tendo chegado à zona de pontuação em dez das 11 etapas que disputou desde 2001, quando estreou na categoria.
Em contrapartida, Alonso, quinto no ano passado, só venceu na Austrália uma única vez: em 2006, a bordo da antiga Renault (hoje Lotus). Ainda na década passada, o espanhol subiu ao pódio em outras três ocasiões, duas pela Renault – 2004 e 2005 – e uma pela McLaren – 2007.
Nico Hulkenberg, por sua vez, possui o pior retrospecto em solo oceânico. O alemão, agora piloto da Sauber, nunca fechou uma única volta oficial na corrida.
Em 2010, pela Williams, se enroscou com Kamui Kobayashi no fim do grid e abandonou ainda na primeira curva. Dois anos depois, com a Force India, sofreu um toque de Jean-Éric Vergne e não terminou.
Mark Webber, da Red Bull, também não costuma ter sorte em seu país natal. Em 11 GPs disputados, abandonou quatro vezes e nunca cruzou além de um quarto lugar, obtido no ano passado.
RETROSPECTO EM MELBOURNE (desde 2000):
RETROSPECTO BRASILEIRO
O Brasil possui retrospecto razoável em GPs da Austrália (também contando com aqueles realizados em Adelaide, de 1985 a 95), mas há algumas atuações memoráveis para guardar na memória.
A primeira delas é de 1990. Embalado pela inesperada vitória no Japão, duas semanas antes, onde havia quebrado um jejum de três anos, Nelson Piquet chegou à terra dos cangurus com a confiança lá em cima. Por isso, o brasileiro preparou um bom acerto para as curvas de 90° e a longa reta Brabham de Adelaide, conseguindo as maiores velocidades finais registradas na prova daquele ano, mesmo empurrado pelo limitado motor Ford V8.
Largando do sétimo posto, o tricampeão pulou para quinto na volta de abertura. Depois, fez belas ultrapassagens contra Gerhard Berger, Alain Prost e Nigel Mansell, estabilizando-se em segundo. Quando Ayrton Senna sofreu um problema nos freios e bateu, Nelsão assumiu a dianteira da prova e lá ficou, mesmo com os ataques vorazes de seu antigo companheiro de Williams e arquirrival Mansell.
Na volta de encerramento, o “Leão” tentou o último bote na freada para o grampo, mas Piquet fechou-lhe a porta e, por milímetros, os dois não bateram. Na entrevista, o carioca afirmou, com sua peculiar sinceridade, que resolveu “jogar a merda no ventilador” quando viu seu eterno adversário enfiando a Ferrari por dentro.
Três primaveras mais tarde, Senna fazia sua última apresentação como piloto da McLaren, já que estava de mudança para a toda poderosa Williams. A exibição de gala começou logo na classificação de sábado: por conta de uma falha na comunicação via rádio, Ayrton não ouviu os alertas do time para voltar aos boxes após completar uma volta rápida, pois seu combustível estava acabando.
Em vez disso, ele seguiu na pista e, só com o cheiro da gasolina, completou uma passagem extra, que lhe daria a única pole daquela temporada. A corrida foi de domínio total do paulista, que chegou à sua 41ª vitória, sendo a última representando a escuderia de Ron Dennis. Ninguém poderia prever, contudo, que aquele também seria seu triunfo derradeiro na F1.
Além dessas, o próprio Senna tem outro primeiro lugar em 91, na famosa edição de apenas 14 voltas, interrompida por causa da chuva extrema.
Fora isso, Rubens Barrichello subiu cinco vezes ao pódio em Melbourne, em 2000, 2001, 2004, 2005 e 2009, enquanto Felipe Massa participou da cerimônia de premiação somente em uma oportunidade, 2010.
FICOU PARA A HISTÓRIA
Não há como falar em GP da Austrália sem lembrar da épica decisão entre Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet no campeonato de 1986. Companheiros de Williams, que possuía o melhor conjunto ao lado da fabricante de motores Honda, o brasileiro e o britânico passaram todo o certame em uma guerra interna, que custaria muito caro a ambos e ao time no fechar das cortinas.
Em meio às trocas de farpas, acusações, manobras por baixo dos panos e erros, Mansell e Piquet tiraram pontos preciosos um do outro do início ao fim, permitindo que um terceiro candidato, Prost, com sua “modesta” McLaren-TAG Porsche, chegasse a Adelaide com chances matemáticas de chegar ao bicampeonato.
Mansell era quem chegava ao fim de semana decisivo em situação mais folgada – se é que dá para afirmar isso -, com 72 pontos anotados e a certeza de que descartaria entre dois e quatro. Prost marcara 65 e seu descarte já estava definido em dois. Piquet era quem tinha a pior situação, com 63 marcados e nenhum descarte.
Para iterar ainda mais seu favoritismo, Nigel marcou a pole para a prova, tendo seu companheiro de equipe ao lado na primeira fila e o francês da McLaren um pouco mais atrás, em quarto. Mas, com uma largada extremamente cautelosa, o bigodudo foi engolido por Ayrton Senna, Piquet e Keke Rosberg na volta de abertura, caindo para quarto.
Nelson despachou Ayrton ainda na primeira passagem, liderando por seis giros. A partir de então, quem apareceu com ritmo alucinante foi o colega de Prost, Rosberg, que ultrapassou o então bicampeão na volta 7 e começou a disparar na ponta. No afã de acompanhá-lo, Piquet acabou rodando sozinho, indo parar logo atrás de Mansell, em quarto. O segundo, àquela altura, já era Prost, que pouco a pouco, bem ao seu estilo, crescia na corrida.
No 32º giro, o francês sentiu um furo em um de seus pneus e resolveu trocá-los, talvez a decisão mais acertada de sua vida. Devido ao forte calor, o desgaste dos compostos da Goodyear estava acima do esperado e, com o ritmo muito de Rosberg, as Williams foram forçadas a também apertarem o pé, comprometendo ainda mais o desgaste.
O golpe foi acusado entre as voltas 63 e 64. Primeiro, foi Keke quem viu a borracha de seu composto traseiro esquerdo desintegrando. Na passagem seguinte, quando Mansell sequer havia tido tempo para raciocinar sobre o que faria da vida, sua borracha traseira esquerda também estourou, no meio da longa reta Brabham, tirando-o da prova.
Tentando evitar que o mesmo acontecesse com Piquet, a Williams forçou o brasileiro a entrar para uma troca não programada de imediato, deixando Prost na liderança. Com sua quarta vitória naquele ano, o “professor” chegaria a um suado e inesperado título, o mais brilhante de sua tão gloriosa carreira.
COMISSÁRIO ENVOLVIDO
Danny Sullivan (EUA)
Data de nascimento: 9 de março de 1950 (63 anos)
GPs na F1: 15
Equipes: Tyrrell (1983)
Títulos no automobilismo: campeão da Indy (1988); vencedor das 500 Milhas de Indianápolis (1985)
ASA MÓVEL
Assim como na última temporada, a FIA decidiu manter duas zonas de ativação da asa móvel para o GP da Austrália de 2013. O ponto de detecção será apenas um, logo antes da última curva do circuito.
Caso o competidor esteja a no máximo um segundo de seu rival à frente, poderá acionar o dispositivo tanto na reta principal quanto naquela que leva da curva 2 para a 3. De acordo com o novo regulamento esportivo, a utilização do DRS nos treinos livres e classificação também ficam restritos a esses mesmos trechos pré-estiulados.
PROGRAMAÇÃO*
Quinta-feira:
22h30 – 0h: Primeiro treino livre (SporTV)
Sexta-feira:
2h30– 4h: Segundo treino livre (SporTV)
Sábado:
0h – 1h: Terceiro treino livre (SporTV)
3h: Treino classificatório (TV Globo)
Domingo:
3h: Corrida – 71 voltas (TV Globo)
(*) Horários de Brasília.
Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br/
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