Em 23 de março de 2003, exatamente dez anos atrás, Kimi
Raikkonen alcançou sua primeira vitória na F1. Obviamente, o local do
triunfo foi o GP da Malásia, em Sepang, que desde aquela época era a
segunda etapa do calendário, imediatamente após a Austrália.
O contexto mundial, contudo, era bem diferente. Os Estados Unidos, sob o pânico instaurado pelo 11 de Setembro, invadiu o Iraque sem aviso prévio e deu início ao conflito que culminaria na execução de Saddam Hussein, três anos depois, e numa grave crise humanitária no país.
O Brasil, sob os primeiros dias da era Lula, vivia a expectativa do aumento do salário mínimo de R$ 200 para R$ 240, confirmado no dia 31 de março, e a ressaca do pentacampeonato na Copa-2002, sob a liderança do técnico Luiz Felipe Scolari e dos atacantes Ronaldo e Rivaldo.
Na pista, a F1 vivia um período, senão problemático, bastante tumultuado. A hegemonia da Ferrari e de Michael Schumacher incomodava a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), que lançou para 2003 uma imensa reforma no regulamento técnico e esportivo.
Entre as mudanças, um sistema de pontuação mais abrangente, do primeiro até o oitavo colocado, com uma diferença de apenas dois pontos entre o vencedor e o vice-líder, e uma enxurrada de proibições, incluindo os controles de tração e de largada e a troca de pneus após o treino oficial de sábado.
A rotina no fim de semana também sofreu transformações. Para se definir o grid de largada, ainda na sexta-feira, o líder do Mundial entrava na pista para dar três voltas: uma de aquecimento, uma lançada e outra de desaceleração. Quando um competidor abria a volta lançada, o seguinte era liberado para ir à pista.
No sábado, repetia-se o mesmo procedimento, invertendo as colocações do dia anterior e o mais rápido saía na frente no grid de largada.
Com essa classificação à la Nascar, os carros foram para a Austrália, onde a vitória ficou de forma surpreendente com David Coulthard. Duas semanas depois, a Malásia recebeu a segunda etapa da categoria e, logo de cara, o novo regulamento produziu outra surpresa no ano.
Fernando Alonso, um espanhol de 21 anos, foi o mais rápido na classificação, tornando-se o mais jovem piloto da história da F1 a obter uma pole. Ainda naquele dia, a Renault também largou do posto de honra pela primeira vez desde 1984, quando se vivia a era dos motores turbo no esporte.
Jarno Trulli, seu companheiro de equipe, saiu em segundo no grid, à frente de Schumacher, com uma Ferrari desatualizada, Coulthard, Rubens Barrichello e Nick Heidfeld, da Sauber. Kimi foi apenas o sétimo mais rápido.
No domingo, contudo, a sorte virou para o lado do finlandês. Primeiro, Schumacher se embananou na largada e, tentando fugir de Coulthard, acertou a Renault de Trulli. Com a asa dianteira danificada, o alemão precisou parar nos boxes, trocar o bico e, punido pela manobra sobre o italiano, caiu para o fundo do pelotão.
Mais atrás, Antonio Pizzonia, em sua segunda prova pela Jaguar, mirou a traseira da Williams de Juan Pablo Montoya e retirou o colombiano, outro postulante à vitória, da pista. Assim, no término da primeira volta, Alonso liderava o pelotão, à frente de Coulthard, Heidfeld, Raikkonen, Button e Barrichello.
Coulthard desistiu da disputa com um problema elétrico na segunda passagem, e pouco depois, Kimi assumiu a vice-liderança, aproveitando uma brecha do ex-colega de equipe Heidfeld. Na 10ª passagem, o alemão também foi superado por Barrichello.
Quatro passagens depois, Raikkonen deu o passo providencial em direção à vitória. Alonso, mais leve na classificação, parou na 14ª volta e caiu para quarto. Com caminho livre para acelerar, Kimi aproveitou o volume de combustível cada vez menor para abrir diferença em relação ao espanhol, preso no tráfego.
Na 20ª volta, encaminhou-se ao pit e perdeu a ponta provisoriamente para Barrichello. Após a parada do brasileiro, no entanto, emergiu na liderança com uma considerável vantagem para o pelotão.
Para se ter uma ideia, no fim da prova, a superioridade de Raikkonen era enorme ao ponto dele entrar por último entre os líderes na segunda janela de pits e voltar à pista com 22 segundos de folga para Barrichello, que ultrapassara Alonso. No último giro, a distância entre a Ferrari e a McLaren MP4/17D, uma atualização do modelo de 2012, terminou em 39s286.
Numa estratégia de uma parada a menos, Ralf Schumacher, da Williams, encerrou a corrida em quarto, seguido dos recuperados Jarno Trulli, da Renault, e Michael Schumacher, da Ferrari. Cristiano da Matta, da Toyota, foi o 11º, enquanto Pizzonia abandonou com problemas no freio.
Naquele ano, Raikkonen terminou bem o campeonato. O jovem finlandês passou de desconfiança no grid – obteve sua superlicença com apenas 21 anos – a candidato a título, encerrando o certame a apenas um ponto de Schumi. Ali, deu a impressão, com respeito aos nomes citados, de que não seria mais um daqueles Frentzens, Ralfs e Montoyas correndo atrás do alemão. Kimi tinha o arquétipo do campeão.
GP da Malásia/2003 – classificação final:
O contexto mundial, contudo, era bem diferente. Os Estados Unidos, sob o pânico instaurado pelo 11 de Setembro, invadiu o Iraque sem aviso prévio e deu início ao conflito que culminaria na execução de Saddam Hussein, três anos depois, e numa grave crise humanitária no país.
O Brasil, sob os primeiros dias da era Lula, vivia a expectativa do aumento do salário mínimo de R$ 200 para R$ 240, confirmado no dia 31 de março, e a ressaca do pentacampeonato na Copa-2002, sob a liderança do técnico Luiz Felipe Scolari e dos atacantes Ronaldo e Rivaldo.
Na pista, a F1 vivia um período, senão problemático, bastante tumultuado. A hegemonia da Ferrari e de Michael Schumacher incomodava a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), que lançou para 2003 uma imensa reforma no regulamento técnico e esportivo.
Entre as mudanças, um sistema de pontuação mais abrangente, do primeiro até o oitavo colocado, com uma diferença de apenas dois pontos entre o vencedor e o vice-líder, e uma enxurrada de proibições, incluindo os controles de tração e de largada e a troca de pneus após o treino oficial de sábado.
A rotina no fim de semana também sofreu transformações. Para se definir o grid de largada, ainda na sexta-feira, o líder do Mundial entrava na pista para dar três voltas: uma de aquecimento, uma lançada e outra de desaceleração. Quando um competidor abria a volta lançada, o seguinte era liberado para ir à pista.
No sábado, repetia-se o mesmo procedimento, invertendo as colocações do dia anterior e o mais rápido saía na frente no grid de largada.
Com essa classificação à la Nascar, os carros foram para a Austrália, onde a vitória ficou de forma surpreendente com David Coulthard. Duas semanas depois, a Malásia recebeu a segunda etapa da categoria e, logo de cara, o novo regulamento produziu outra surpresa no ano.
Fernando Alonso, um espanhol de 21 anos, foi o mais rápido na classificação, tornando-se o mais jovem piloto da história da F1 a obter uma pole. Ainda naquele dia, a Renault também largou do posto de honra pela primeira vez desde 1984, quando se vivia a era dos motores turbo no esporte.
Jarno Trulli, seu companheiro de equipe, saiu em segundo no grid, à frente de Schumacher, com uma Ferrari desatualizada, Coulthard, Rubens Barrichello e Nick Heidfeld, da Sauber. Kimi foi apenas o sétimo mais rápido.
No domingo, contudo, a sorte virou para o lado do finlandês. Primeiro, Schumacher se embananou na largada e, tentando fugir de Coulthard, acertou a Renault de Trulli. Com a asa dianteira danificada, o alemão precisou parar nos boxes, trocar o bico e, punido pela manobra sobre o italiano, caiu para o fundo do pelotão.
Mais atrás, Antonio Pizzonia, em sua segunda prova pela Jaguar, mirou a traseira da Williams de Juan Pablo Montoya e retirou o colombiano, outro postulante à vitória, da pista. Assim, no término da primeira volta, Alonso liderava o pelotão, à frente de Coulthard, Heidfeld, Raikkonen, Button e Barrichello.
Coulthard desistiu da disputa com um problema elétrico na segunda passagem, e pouco depois, Kimi assumiu a vice-liderança, aproveitando uma brecha do ex-colega de equipe Heidfeld. Na 10ª passagem, o alemão também foi superado por Barrichello.
Quatro passagens depois, Raikkonen deu o passo providencial em direção à vitória. Alonso, mais leve na classificação, parou na 14ª volta e caiu para quarto. Com caminho livre para acelerar, Kimi aproveitou o volume de combustível cada vez menor para abrir diferença em relação ao espanhol, preso no tráfego.
Na 20ª volta, encaminhou-se ao pit e perdeu a ponta provisoriamente para Barrichello. Após a parada do brasileiro, no entanto, emergiu na liderança com uma considerável vantagem para o pelotão.
Para se ter uma ideia, no fim da prova, a superioridade de Raikkonen era enorme ao ponto dele entrar por último entre os líderes na segunda janela de pits e voltar à pista com 22 segundos de folga para Barrichello, que ultrapassara Alonso. No último giro, a distância entre a Ferrari e a McLaren MP4/17D, uma atualização do modelo de 2012, terminou em 39s286.
Numa estratégia de uma parada a menos, Ralf Schumacher, da Williams, encerrou a corrida em quarto, seguido dos recuperados Jarno Trulli, da Renault, e Michael Schumacher, da Ferrari. Cristiano da Matta, da Toyota, foi o 11º, enquanto Pizzonia abandonou com problemas no freio.
Naquele ano, Raikkonen terminou bem o campeonato. O jovem finlandês passou de desconfiança no grid – obteve sua superlicença com apenas 21 anos – a candidato a título, encerrando o certame a apenas um ponto de Schumi. Ali, deu a impressão, com respeito aos nomes citados, de que não seria mais um daqueles Frentzens, Ralfs e Montoyas correndo atrás do alemão. Kimi tinha o arquétipo do campeão.
GP da Malásia/2003 – classificação final:
Disponível no(a):http://tazio.uol.com.br/
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