Por Zhao Hang (texto e fotos)
Que a Fiat não tem vocação para vender carros de porte médio, todos sabemos. Mas também sabemos que os italianos são teimosos e têm capacidade de aprender rapidamente com os erros.
Agora, a marca volta a atacar com um novo sedã médio, o Viaggio, modelo que deve inaugurar a fábrica de Goiana, em Pernambuco, até o fim do ano, e conviver com o Linea, que será posicionado um degrau abaixo. Você não precisa esperar até lá para saber se troca o seu Civic ou o seu Corolla pela novidade: o Viaggio já está começando a rodar na China e nós fomos até lá dirigir o carro.
O carro já havia causado boa impressão sob os holofotes do Salão de Pequim (China), em abril de 2012. Agora, ao vivo, a boa impressão se confirmou. O Viaggio tem estilo agradável, parece maior do que realmente é, conta com interior bem cuidado e com motor 1.4 T-Jet bem disposto.
Viaggio, não: Tempra
Apesar do parentesco com o Dart, o estilo do Viaggio é mais conservador. Lembra o Bravo, com uma grade dianteira claramente Fiat. Não há como confundir ambos nas ruas, ao contrário do que ocorre atualmente com Dodge Journey e Freemont. O Dart também será vendido no Brasil em breve, importado dos EUA, mas o Viaggio, que por aqui pode receber o nome Tempra, conseguirá se distinguir pelo estilo.No Recife, os médios
O Viaggio deve inaugurar, em 2013, a nova fábrica da Fiat em Pernambuco. Antes projetada para produzir um compacto de baixo custo para substituir o Mille, a fábrica passará a abrigar a linha de montagem de modelos de médio porte tanto da marca italiana como de seu braço americano, a Chrysler. Além do sedã, de Goiana sairá um utilitário compacto (você viu na C/D 56), o SUV 500X, e uma picape média.
Com boa área envidraçada, a cabine passa sensação de conforto, frescor e espaço. Isso se deve a um dos pontos mais brilhantes do carro: o entre-eixos de 2,70 m. A medida é quase igual à do Peugeot 408, mas o Fiat parece aproveitar melhor cada centímetro disponível. O resultado é que o Viaggio oferece espaço para as pernas comparável ao de modelos de nível superior.
Mérito da plataforma C-Evo, onde foram assentados o Alfa Giulietta e o Fiat Bravo. Na verdade, a base foi modificada para o mercado americano e transformada em CUSW (o w da sigla significa wide, do inglês “largo”). É sobre ela que rodam o Dodge Dart e o Fiat Viaggio.
O motor é o 1.4 T-Jet, turbo, o mesmo das versões esportivas do Bravo e do Punto. Mas, no sedã, há duas especificações: 120 cv e 21 mkgf e 150 cv e 23,5 mkgf. As opções de câmbio são a caixa manual de cinco marchas e a manual automatizada de dupla embreagem de seis marchas, chamada de DDCT (Dual Dry Clutch Transmission). Nesta transmissão, as embreagens não usam banho de óleo, como as do DSG, da Volkswagen. E isso a torna mais leve.
Só em alta
Aceleramos o Viaggio mais potente. E a primeira característica que percebemos é que, mesmo com a caixa de dupla embreagem, o carro não acorda em baixas rotações. O turbo demora a encher e só quando a agulha do conta-giros encosta nos 3.000 rpm é que o quatro cilindros começa a se manifestar. Deve melhorar: a Fiat trabalha no desenvolvimento de um novo motor turbo a partir do 1.6 E.torQ, com maior oferta de torque em baixas rotações.Com o 1.4, não dá para dizer que o Viaggio de 150 cv é vibrante. Para deixar a situação um pouco mais dramática, as trocas de marcha do DDCT se mostraram ríspidas, quando deveriam ser quase imperceptíveis. É preciso dizer, contudo, que o carro avaliado era um pré-série e que esse tipo de problema pode (ou deve) ser sanado nos modelos de produção normal. Também esperamos que os freios sejam ajustados antes de chegar às lojas: no carro avaliado, revelaram-se assistidos demais.
Feito para custar menos do que o Dart, o Viaggio peca em mais um aspecto. Em vez da suspensão multibraços na traseira, como no Alfa Romeo e no carro americano, ele usa eixo de torção, recurso mais simples e mais barato. A suspensão privilegia o conforto e deixa a esportividade meio de lado, como nos mostraram as estradas sinuosas de Qingdao. Não dá para dizer que ele não oferece estabilidade e conforto, mas a suspensão não passa confiança quando você quer fazer curvas com um pouco mais de velocidade. A direção elétrica também não ajuda na missão. Apesar de ser progressiva, ela não é muito fã de dizer ao motorista o que se passa com o asfalto.
Disponível no(a):http://caranddriverbrasil.uol.com.br/
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