26 de fev. de 2013

Vale a pena trocar o dia a dia em seu carro por viagens de táxi?

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Quando todos precisam estar no mesmo lugar ao mesmo tempo para fazer a mesma coisa e resolvem ir de carro, o preço dos estacionamentos dispara, o consumo aumenta e sua paciência esgota.

Como o transporte coletivo ficou caro e só serve quando você quer ir do ponto A ao ponto C sem parar no ponto B, restam duas alternativas: a primeira é usar a bike, que só funciona se você gostar de pedalar, se não estiver chovendo e se você não morar em Belo Horizonte. A outra é chamar um táxi, algo que pode parecer proibitivo à primeira vista, mas pode até trazer economia dependendo do uso, segundo uma matéria da Folha de S. Paulo. Será que vale mesmo a pena?
A Folha elaborou uma calculadora para comparar as despesas anuais com o seu carro e o custo de rodar a mesma distância com táxis. Em São Paulo, por exemplo, ter (e manter) um carro de até R$ 30.000 só compensaria se você rodar mais de 17 km por dia.
O cálculo logicamente não leva em consideração a conveniência de ter um carro para viagens e para trajetos com uma ou mais paradas — o que transforma o táxi em uma espécie de ônibus particular —, mas é interessante notar como o uso do automóvel chegou a esta situação extrema na qual uma vaga de estacionamento pode custar até R$ 50 por dia. Outro fator ignorado pela calculadora é a forma de funcionamento dos taxímetros, que tarifa também o tempo do táxi parado (como acontece nos congestionamentos), e não apenas o quilômetro rodado.
(Incluo aqui uma observação muito subjetiva e pessoal: não gosto de ser conduzido. A ideia de ter minha salubridade nas mãos de um desconhecido me causa desconforto e uma preocupação que não tenho mesmo em condições adversas ao volante.)
No fim, a comparação só é válida para quem usa o carro para ir do trabalho para casa, apenas. Nada além disso.
Aqui entra uma constatação essencial, porém sempre ausente nos comparativos entre carros e qualquer outra coisa: carros não foram feitos apenas para ir do ponto A ao ponto B, em um roteiro mecanizado como ônibus e táxis. O valor da liberdade de paradas e desvios permitida pelos carros é incomensurável. O que você paga pelo aumento do trajeto no táxi é muito muito mais do que o combustível usado para rodar aqueles quilômetros. E torça para não topar com um congestionamento, pois você terá que pagar para ficar parado.
As pessoas não usam o carro/moto apenas pelo status ou pelo comodismo. Quando se coloca na ponta do lápis as despesas e fatores objetivos, talvez seja realmente mais caro ser um vilão da natureza que entope as ruas e aquece o planeta com seus monstros comedores de fogo, mas a vida real não é objetiva.
O que trouxe a humanidade ao estágio atual de desenvolvimento (para o bem e para o mal) foi sua busca permanente pelo conforto — criamos ferramentas para facilitar o trabalho e nos tornarmos mais poderosos (e consequentemente ter mais tempo para o lazer) — e foi esse o real motivo do triunfo do transporte individual sobre o coletivo até agora.
É por isso que um trabalhador não hesita em trocar seu vale-transporte mensal por parcelas de uma moto, alguns litros de combustível e uns trocados para a manutenção. Ainda que custe algumas dezenas de real a mais, ele poderá fazer coisas que não fazia quando dependia apenas de suas pernas e da tabela de horários de ônibus, como parar na casa de um amigo ou parente no trajeto entre sua casa e seu trabalho, para ficar em um exemplo simples. Agora estenda essa possibilidade/necessidade ao casal que sai junto para trabalhar, aos pais que deixam os filhos na escola, aos universitários que saem do trabalho e vão à aula antes de finalmente ir para casa.
São exemplos perfeitamente realistas, presentes em qualquer grupo familiar brasileiro, de qualquer classe social. Aliás, também é por isso que as famílias de classes mais altas tendem a ter mais de um carro — elas podem pagar pela comodidade.
O transporte individual, no fim das contas, nos proporciona mais tempo livre, que por sua vez nos traz conforto e estimula a criatividade. Isso é o que todos nós buscamos e é isso o que nos trouxe até aqui. As coisas custam o quanto elas valem — não o contrário — e se as pessoas pagam caro pelo conforto e pela conveniência do transporte individual, é por que isso deve ser valioso para elas.
PENSATA
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/  

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