25 de jan. de 2013

Teste: BMW 335i - Jeito abusado de ser



Teste: BMW 335i - Jeito abusado de ser BMW 335i faz jus à fama e combina desempenho arrebatador com preço exagerado

por Rodrigo Machado
Auto Press

O BMW Série 3 carrega um imenso “peso” em suas costas. Além de ser o carro mais vendido da história da fabricante bávara, traz consigo a tradição de oferecer um comportamento dinâmico exemplar, aliado a altas doses de conforto e luxo. Desde a sua primeira geração, de 1974, o médio alemão é referência na combinação de equilíbrio, esportividade e requinte. Definitivamente não é das tarefas mais simples para quem desenvolve o sedã. Mas todo desafio traz seus benefícios. Com a exigência lá em cima, o resultado geralmente é acima da média. Algo que a sexta geração do modelo só explicitou. E que fica ainda mais claro na versão topo de linha, a 335i e seus 306 cv. Longe da função mercadológica da geração anterior da Série 3 no Brasil – que “cresceu olho” nos chamados “novos ricos” –, a 335i tem somente duas obrigações: divertir quem está no banco do motorista e “entortar pescoços” na rua. E cumpre ambas com maestria.

A primeira parte da equação é solucionada com uma fórmula tradicional da BMW. O chassi é referência de estabilidade com a clássica distribuição de peso perfeita entre os dois eixos – 50% para cada extremo –, enquanto a tração é traseira para melhorar ainda mais o comportamento dinâmico e o conforto de dirigir. Sob o capô, mais um clássico da BMW: o motor de seis cilindros em linha. Nesse caso, um com 3.0 litros e um turbo com dois fluxos de gases – em essência, um biturbo, só que mais eficiente. No final, são 306 cv a 5.800 rpm e 40,7 kgfm na imensa faixa entre 1.200 e 5 mil rpm. O conjunto é capaz de lançar o sedã até 100 km/h em meros 5,5 segundos e continuar empurrando forte até atingir os 250 km/h, limitados eletronicamente.
 


Mas, por mais que seja um carro apegado às antigas tradições da marca, o Série 3 não pode fugir da influência dos novos tempos – nesse caso leia-se “aplacar a fúria dos ambientalistas”. Para tal, algumas concessões precisaram ser feitas. A precisa direção hidráulica deu lugar a uma elétrica para ajudar na economia. A transmissão agora tem oito marchas e o Dynamic Drive – equipamento que ajusta diversos elementos do carro para situações diferentes – ganhou o modo EcoPro. Na prática, isso significa que dá para alcançar 40 km/h em oitava marcha.

O carro também ficou maior. No total ele ganhou 9,3 cm no comprimento, 5 cm no entre-eixos e ainda teve as bitolas alargadas em 3,7 cm na frente 4,7 cm atrás. Mas o uso de materiais mais modernos deixou o modelo atual mais leve que a geração anterior.
 


O departamento de estilo da BMW também fez o dever de casa na hora transformar a Série 3 em um capturador de olhares. Ainda mais nesse começo de vida, quando poucas unidades habitam as ruas brasileiras. Sem modificar muito a proposta, a sexta geração do sedã ficou com uma “cara séria”. Os faróis estão em posição mais baixa que o tradicional e a junção deles com a grade bipartida foi uma solução acertada. O arco formado pelo musculoso capô quando visto de perfil é mais um destaque.

Carros de luxo também precisam despertar a inveja pelos equipamentos que possuem. E como versão topo de linha a 335i passa longe de decepcionar. Só para destacar alguns, estão lá os faróis bixenônio direcionais, start/stop, controle de tração e estabilidade, oito airbags, Dynamic Drive, GPS, head-up display, rodas maiores, três camâras de estacionamento, acabamento interno em alumínio e sistema de aviso de mudança de faixa. A combinação de tudo isso com o elogiado conjunto dinâmico pesa no bolso. A BMW cobra R$ 304 mil pela 335i.

Até existem configurações de entrada da sexta geração do Série 3. Mas a tabela de preço mostra como a função do modelo no Brasil mudou drasticamente. A geração anterior chegou a ser vendida por menos R$ 100 mil. É verdade que isso foi em uma época em que o IPI para os importados era bem menor. Mesmo assim, o preço de entrada do sedã médio – atualmente de R$ 130 mil na 320i – deixa claro que o Série 3 subiu na vida. 
 
 
Ponto a ponto

Desempenho – A vitalidade do 335i impressiona. O motor de 3.0 litros e seis cilindros em linha é quase uma obra-prima. Fornece grande quantidade de torque em larga faixa de giros, alta potência, é suave e ainda é econômico. O sedã médio alemão acelera com extremo ânimo, auxiliado pela também excelente transmissão automática de oito velocidades. O zero a 100 km/h é feito em 5,5 segundos, em um tradicional sedã alemão de quase 1.600 kg. Nota 10.

Estabilidade
 – Os diferentes ajustes do sistema Dynamic Drive dão diferentes facetas para o Série 3. Mas existe uma característica presente em todos eles: o equilíbrio dinâmico. O sedã médio sempre foi conhecido por sua grande capacidade em encarar curvas e a nova geração conseguiu melhorar ainda mais isso. É realmente instigante enfrentar um trajeto sinuoso à bordo do 335i. Com os controles eletrônicos desligados, a BMW parece sempre dar o máximo de diversão possível. A traseira solta ligeiramente, mas acertar o carro de volta é uma tarefa prazerosa. Nota 10.

Interatividade – O Série 3 é um veículo correto no uso diário. A visibilidade é boa para todos os lados e as funções vitais do carro são bem distribuídas. O painel de instrumentos tem visualização clara e simples, bem no estilo BMW. O sistema de entretenimento é completo, porém demanda um tempo para adaptação. Há câmaras espalhadas por todo o carro que auxiliam na tarefa de estacionar o modelo – há ainda a função que simula uma visão superior do veículo. O volante tem ótima pegada e ainda abriga botões do rádio e as vistosas borboletas para trocas manuais de marcha. Nota 9.

Consumo – Não há medições do InMetro para o sedã alemão. O computador de bordo marcou a boa média de 9,4 km/l, mesmo sob uso severo – algo que o carro inspira o tempo todo. Nota 8.

Conforto – A sexta geração do Série 3 ganhou bastante em espaço interno. O novo carro é maior que o antigo em todas as dimensões. Isso, é claro, se reflete no interior. A distância entre-eixos agora é de 2,81 metros, o que dá ótimo espaço para quem vai atrás. O aumento do entre-eixos também permitiu posicionar os bancos mais baixos, aumentando assim os vãos para cabeças. A suspensão muda de rigidez dependendo do modo selecionado do Dynamic Drive. Nos ajustes mais extremos, o conjunto fica rígido e as pancadas são secas. No Comfort, o comportamento é mais “pacato” e o Série 3 se transforma em um confortável sedã para ser usado no dia-a-dia. Nota 9.
 

Tecnologia – A versão topo de linha da nova Série 3 é lotada de tecnologia. A plataforma é nova, lançada no início de 2012. O motor de seis cilindros em linha já está em uso desde 2009, mas ainda agrada muito pela combinação de força e eficiência. A lista de equipamentos do 335i tem como destaques a tela de 8,8 polegadas no centro do painel, GPS, head-up display, três camâras de estacionamento, alerta de mudança de faixa e acabamento interno em alumínio. Nota 10. 

Habitabilidade – O maior tamanho do Série 3 também beneficiou os acessos. O sedã médio é um carro fácil de entrar e sair. Lá dentro, itens de uso rápido podem ser guardados nos porta-copos logo à frente da alavanca de câmbio ou no espaço sob o descanso de braço. O porta-malas de 480 litros fica na média do segmento. Os braços não têm amortecedores, mas pelo menos há dutos que impedem que eles esbarrem nas bagagens. Nota 8.
Acabamento – É difícil achar alguma falha de acabamento no interior do 335i. O couro é de alta qualidade e a grande maioria dos plásticos usados é emborrachado, com boa sensibilidade. Esta configuração topo de linha ainda recebe apliques de alumínio que aumentam o requinte. Talvez o único problema seja uma certa falta de criatividade no desenho do painel. Nota 9.

Design – O Série 3 não chega a ser extremamente ousado. Pelo contrário. A BMW sempre preferiu introduzir um design sóbrio em seu sedã de entrada. Algo que não mudou na sexta geração do ícone. Só que, mesmo com pouca agressividade nas linhas, a marca alemã acertou em cheio no design. A dianteira dá um ar sério e “compenetrado” ao sedã, enquanto a lateral e o capô são lotados de vincos que dão um aspecto musculoso. Nota 9.

Custo/benefício – É complicado aplicar a clássica equação que mede a racionalidade de uma compra em um automóvel que custa R$ 304 mil e tem o mesmo tamanho de um Renault Fluence de R$ 60 mil. Definitivamente ser uma opção racional não é o principal atributo do 335i. Mas é através exatamente de seus outros predicados que o Série 3 conquista. O excelente equilíbrio dinâmico e a dose de luxo do interior impressionam e seduzem. Mas não eliminam o impacto da salgada etiqueta de preços que acompanha o modelo. Nota 3.
Total – O BMW 335i somou 85 pontos em 100 possíveis. 
 
 
 
Impressões ao dirigir

Tradição à prova

Ao menos por enquanto, a 335i traz o máximo de esportividade que pode se encontrar na linha da Série 3 – a versão M3 só deve ser apresentada mais à frente, ainda em 2013. E isso não significa pouca coisa. Tradicionalmente, o Série 3 é um dos carros que melhor consegue aliar a proposta de qualidade dinâmica e conforto. Fruto de seu porte, bem mais enxuto do que o executivo Série 5, por exemplo. E, como a BMW não seria maluca de jogar fora a fama que trabalhou duro para conseguir, a sexta geração do sedã médio parece estar ainda mais apurada nesta sua complicada tarefa.

Não é necessário muito tempo no volante para perceber o quão equilibrado é o Série 3. A maneira com que o sedã encara uma sequência de curvas beira a perfeição. A distribuição de peso de 50% para cada eixo e a tração traseira transformam o 335i em um carro extremamente agradável de se guiar. No modo de condução Comfort a carroceria rola bastante, mas a aderência está sempre presente.
 


Mas é nos ajustes mais esportivos que o sedã mostra realmente do que é capaz. No Sport+ e com os controles eletrônicos de segurança desligados, o 335i se transforma em uma máquina devoradora de curvas. E tudo da maneira mais divertida possível. A traseira escapa, mas há torque e precisão na direção suficientes para trazer o carro de volta ao controle com facilidade. A impressão é que a BMW fez de tudo para tornar o 335i um carro “vivo”, que recompensa o “favor” de ser guiado como deve ser, de forma bem esportiva.

Tudo é acompanhado pelo ótimo desempenho do motor de seis cilindros em linha. Suave em baixos giros, ele “grita” alto em regimes elevados e ainda roda até 7 mil rpm. A faixa de torque máximo é tão grande que é difícil achar uma situação em que o motor não possa desenvolver os seus 40,7 kgfm. Para tornar tudo isso ainda mais “visual”, há uma gráfico na tela de 8,8 polegadas que mostra o quanto de potência e torque está sendo enviado para as rodas traseiras – o único ponto negativo é que não dá para modificar as unidades, definidas para as pouco usuais kW e Nm.

O interior é muito menos agressivo do que o comportamento na pista. A escolha da BMW foi – e geralmente é – por uma cabine sóbria. Bem acabada, mas sem extravagâncias estéticas. O espaço interno está maior e acomoda quatro adultos com muito conforto. O quinto é sacrificado pelo túnel central alto e pela própria arquitetura do banco ali – voltado mais para ser um descanso de braço. Mas os outros dois são ótimos lugares para relaxar na volta para casa de um “track day” movimentado. 
 
 
Ficha técnica

BMW 335i

Motor: A gasolina, dianteiro, longitudinal, 2.979 cm³, seis cilindros em linha, turbo, quatro válvulas por cilindro e sistema de abertura variável de válvulas. Injeção direta e acelerador eletrônico. 
Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Oferece controle de tração.
Potência máxima: 306 cv a 5.800 rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 5,5 segundos.
Velocidade máxima: 250 km/h.
Torque máximo: 40,7 kgfm a entre 1.200 e 5.000 rpm.
Diâmetro e curso: 89,6 mm X 84,0 mm. Taxa de compressão: 10,2:1. 
Suspensão: Dianteira independente em alumínio do tipo double wishbone e amortecedores a gás. Traseiro tipo five-link e amortecedores a gás. Barras estabilizadoras na frente e atrás. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 255/45 R18.
Freios:  Discos ventilados na frente e sólidos atrás. ABS, EBD, assistente de frenagem de emergência e controle de frenagem em curvas. 
Carroceria: Sedã em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,62 metros de comprimento, 1,81 m de largura, 1,42 m de altura e 2,81 m de distância entre-eixos. Airbags frontais, laterais, para os joelhos dos ocupantes dianteiros e do tipo cortina.
Peso: 1.595 kg.
Capacidade do porta-malas: 480 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Munique, Alemanha.
Lançamento mundial: 2011.
Lançamento no Brasil: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado digital, direção elétrica, ABS com EBD, airbags frontais, laterais, de cortina e de joelho para os ocupantes dianteiros, controle de estabilidade e tração, adaptive cruise control, Dynamic Drive, sistema de entretenimento com GPS e tela de 8,8 polegadas, aplique de alumínio no painel, faróis bixenônio direcionais, head-up display, três camâras de estacionamento e sistema de auxílio de mudança de faixa. 
Preço: R$ 304 mil.
 
 

Fonte: Motordream
Disponível no(a): motordream.uol.com.br
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