19 de jan. de 2013

Salão de Detroit 2013 - Na ordem do dia

 Fotos: Rodrigo Machado/Carta Z
Salão de Detroit 2013 - Na ordem do dia
Salão de Detroit 2013 abandona conceitos mirabolantes e aposta em carros dentro da realidade global

por Rodrigo Machado
Auto Press


A indústria automotiva norte-americana mostra que, aos poucos, vai se recuperando da violenta crise que a atingiu em 2008. Os números de vendas ainda não chegaram ao patamar anterior – eram de 17 milhões em 2007 e atingiram 14,5 milhões em 2012 –, mas o otimismo e o ânimo parecem ter voltado.
Isso fica claro no Salão de Detroit de 2013. Foram diversos lançamentos e apresentações mundiais que tiveram em comum o “pé no chão”. As marcas presentes no motorshow norte-americano preferiram apostar em modelos prontos ou conceitos que se enquadrem facilmente em segmentos rentáveis – nada muito sofisticado. As apresentações nas coletivas de imprensa seguiram a mesma linha. Apesar de criativas, não tinham nada de espetacular – longe da característica “pirotecnia” que marcava cada edição do Salão de Detroit antes da crise.

Curiosamente, o principal lançamento do evento foi um superesportivo. A sétima geração do Corvette foi o destaque do estande da Chevrolet, que ainda teve todas as versões antigas do modelo expostas. Além do Impala e do Traverse – carros com a nova identidade visual da marca –, a Chevrolet deu espaço até para a Spin e o Onix e, assim, valorizou o design brasileiro. As outras anfitriãs seguiram a mesma tendência “low profile”. O Grupo Chrysler teve maior destaque com a Jeep, que mostrou reestilizações do Compass e do Grand Cherokee. Na falta de grandes novidades, o jeito foi valorizar o SRT Viper, superesportivo que já está à venda desde meados de 2012. A Ford, melhor de finanças, teve o maior estande e ainda o conceito da nova F-150 como atração principal.

As estrangeiras tiveram mais novidades, mas também sem grande eloquência. A Mercedes foi a que mais se movimentou. Apresentou o face-lift de meia vida do Classe E, com direito a nova versão feita pela AMG com 585 cv de potencia. O carro mais importante, tanto para o consumidor brasileiro quanto o norte-americano, foi o CLA. Só que a marca preferiu guardá-lo em uma sala separada e não vai expô-lo para o público. Isso para não queimar a apresentação oficial, em poucas semanas. A compatriota BMW apostou no conceito do futuro Série 4, cupê feito na plataforma do Série 3, e na realidade do M6 Gran Coupé. A Volkswagen mirou o gosto do público local com o imenso utilitário CrossBlue e seus seis lugares individuais.

As japonesas Toyota, Nissan e Honda foram ainda mais “realistas”. A primeira chegou com o Corolla Furia Concept, um protótipo agressivo que vai dar origem à nova geração do sedã médio. A Nissan mostrou a versão de produção do Tiida, chamado de Versa nos Estados Unidos, e um estudo do futuro Murano – crossover que acumula boas vendas no mercado local. A Honda também teve um conceito como destaque. É o Urban SUV Concept, que como o próprio nome diz, antecipa um utilitário compacto nos moldes do Ford EcoSport. Outra fabricante com um protótipo como principal atração foi a coreana Hyundai, com o vistoso HCD-14, um cupê de quatro portas na plataforma do Genesis.

Apesar de ser um salão mais voltado para carros “palpáveis”, houve lugar para esportivos de primeira linha. A Maserati fez a estreia mundial da nova geração do Quattroporte, enquanto a Audi surpreendeu com o RS7 e seus 560 cv. O Cayenne Turbo S foi a estrela do estande da Porsche e a F12 Berlinetta no da Ferrari. Nenhum deles, porém, conseguiu tirar o brilho do mais novo Corvette, a grande atração em um pragmático Salão de Detroit.

Destaques do Salão de Detroit 2013

Audi RS7 – A linha mais esportiva da Audi chega agora ao cupê de quatro portas A7. E faz barulho. O V8 de 4.0 litros leva o luxuoso modelo a 100 km/h em apenas 3,9 segundos e atinge absurdos 305 km/h. Para melhorar o consumo, a Audi usou um sistema de desativação de cilindros, que desliga quatro das oito câmaras dependendo da utilização. A tração é integral e a transmissão automática de oito velocidades.

BMW i3 Coupé – É a variante cupê do hatch elétrico da BMW. Ele mantém o aspecto de carro urbano, mas é mais ousado e agrada visualmente, principalmente pela linha do vidro com um recorte acentuado. Assim como o resto da linha i, o i3 Coupé ainda é um conceito, mas deverá ter uma versão de produção fabricada. O motor elétrico tem 170 cv e 25,5 kgfm de torque.

BMW M6 Gran Coupé
– O cupê de quatro portas da BMW ganha uma variação preparada pela Motorsport, divisão esportiva da marca. Assim como o M6 cupê, o modelo tem sob o capô um V8 4.4 biturbo com imodestos 560 cv que o impulsionam a 100 km/h em 4,2 segundos. A suspensão é rebaixada e os amortecedores são mais rígidos para melhorar a dinâmica. O modelo também tem um apelo estético mais agressivo, com para-choques e entradas de ar mais pronunciadas.

BMW Série 4 Concept – A BMW resolveu rearrumar a sua linha de médios. O sedã já à venda no Brasil vai manter o nome Série 3. Já o cupê feito na mesma plataforma vai se chamar Série 4 e teve o seu conceito apresentado em Detroit. Apesar de ser protótipo, o Série 4 Concept não deve ser muito diferente do carro que vai entrar em produção ainda em 2013. Em relação ao atual Série 3 cupê, o conceito é mais longo, mais baixo e mais largo para melhorar a estabilidade.


Cadillac ELR – A Cadillac demorou dois anos, mas finalmente lançou a sua versão do Volt. Diferentemente do modelo da Chevrolet, o ELR é um cupê e conta com um belo visual. Todas as luzes do exterior do ELR são de led e o exterior é cheio de vincos e linhas retas. O motor que move as rodas é um elétrico que gera 207 cv e 40,7 kgfm, mas ainda existe um 1.4 a gasolina, que recarrega as baterias e aumenta a autonomia do cupê.

Chevrolet Corvette C7 – Grande lançamento do Salão de Detroit deste ano, a sétima geração do Corvette deu um salto em relação à sexta. Na estética, o esportivo tem linhas mais retas e agressivas que o antigo modelo. O motor é um V8 com os mesmos 6.2 litros que o anterior, mas é todo novo, feito em alumínio, com injeção direta de combustível e desligamento automático de metade dos oito cilindros. Ele joga 450 cv e 62,2 kgfm nas rodas traseiras e, aliado à uma nova transmissão manual de sete velocidades, leva o esportivo até os 100 km/h em menos de quatro segundos. Culpa também da redução de peso na ordem de 45 kg. A confiança da GM no novo Corvette é tanta que ressuscitou na versão o mítico nome Stingray, usado na segunda geração do esportivo.


Ford Atlas Concept – Sem grandes novidades em seu estande, a Ford apostou em um conceito da nova F-150, o veículo mais vendido dos Estados Unidos. Mesmo em uma picape média-grande, a Ford investiu na aerodinâmica. A parte inferior do para-choque é ativa e muda as entradas de ar dependendo da velocidade. O motor ainda não foi detalhado – a fabricante se limitou a dizer que será da família EcoBoost com start/stop. Para melhorar a visibilidade, existem câmaras que rodeiam todo o carro e projetam as imagens na tela central do painel.


Honda Urban SUV Concept – A Ford puxou a fila com o EcoSport em 2003. Hoje, todo mundo parece querer um pedaço do segmento de utilitários compactos. A Honda vai entrar na disputa com o modelo de produção que o conceito Urban SUV Concept vai gerar. Feito na plataforma do Fit, ele vai se situar abaixo do CR-V na linha da fabricante japonesa quando entrar em fabricação no ano que vem. Ele será feito no México onde o atual CR-V é feito, mas existem especulações sobre a sua produção no Brasil também.


Hyundai HCD-14 – O conceito da Hyundai é um dos mais interessantes do Salão de Detroit 2013. O desenho antecipa a nova identidade visual da marca, com menos vincos e reentrâncias na carroceria. As linhas continuam fluidas, mas menos recortadas. Entre as inovações técnicas mais interessantes está o sistema de reconhecimento de gestos. Basta mover os dedos para aumentar o volume do som ou mudar a estação do rádio. O motor é um V8 com controle variável de válvulas e injeção direta de combustível.


Jeep Compass – O Compass foi um dos lançamentos mais importantes para a Chrysler no Brasil em 2012. Depois de aumentar consideravelmente as vendas da marca, o utilitário passa por uma renovação. O face-lift foi discreto e se resumiu a novos faróis, grade e lanternas. Mecanicamente o grande destaque é a introdução de uma transmissão automática de seis velocidades que aposenta a antiga CVT. A reestilização do utilitário chega ao Brasil no fim do ano.


Jeep Grand Cherokee
– A atual geração do Grand Cherokee foi um dos principais alicerces da reestruturação da Chrysler em todo o mundo. Agora, a Jeep promove um pequeno face-lift para manter o interesse no modelo. Dianteira e traseira ganharam novos conjuntos óticos e os motores foram renovados. No interior o jipão ganhou uma tela de LCD no lugar do painel de instrumentos. Ainda há um novo V6 diesel com 58 kgfm de torque. A importação para o Brasil ainda não foi confirmada. É esperado que o novo utilitário desembarque por aqui só em 2014.

Maserati Quattroporte – A Maserati usou o Salão de Detroit para apresentar a sexta geração do seu superesportivo. Além do visual completamente repaginado, o novo Quattroporte estreia dois motores totalmente novos. O V6 tem 410 cv de potência e 58,0 kgfm de torque enquanto o V8 gera 530 cv e 66,1 kgfm. No mais forte, o sedã cumpre o zero a 100 km/h em apenas 4,7 segundos. Há opção de tração integral e traseira para o novo Quattroporte.


Mercedes-Benz CLA – É um dos grandes lançamentos da Mercedes no ano. Mesmo assim, a marca alemã preferiu esconder o CLA do público norte-americano – um dos alvos declarados do sedã. Ele não será exposto no Salão e foi apresentado apenas em uma prévia para jornalistas e em uma sala separada do Cobo Hall. Mesmo assim, deixou ótima impressão. O design é esportivo e inspirado no CLS, mas com mais fluidez. A aerodinâmica é um ponto forte. De acordo com a Mercedes, o coeficiente aerodinâmico é de 0,22 cx, o menor entre todos os carros de produção em série no mundo. O motor tem 211 cv e a transmissão tem dupla embreagem. O CLA chega ao Brasil em 2013 e ainda existe a possibilidade de ele ser produzido em solo nacional nos próximos anos. 


Mercedes-Benz Classe E
– Quatro anos depois do lançamento da atual geração, a Mercedes promoveu um face-lift de meia vida no seu sedã médio-grande. O carro perde os faróis duplos, mas ganha duas opções diferentes de grade. No topo da linha fica a versão E63 AMG com seu V8 de 585 cv. A maior inovação, no entanto, é o uso da tração integral pela primeira vez em um modelo preparado pela AMG. Tanto o sedã executivo como sua versão esportiva chegam ao Brasil ainda em 2013.

Mini Paceman JCW
– É a primeira variação do mais novo modelo da linha da Mini. O utilitário cupê ganha as tradicionais melhorias reservadas à linha esportiva da fabricante, como uma configuração de 218 cv do motor 1.6 turbo que é aliado a uma tração integral para deixar o carro ainda mais ágil. O modelo chega ao mercado norte-americano em março e vai se tornar o sétimo modelo da linha JCW a chegar às ruas.

Nissan Versa – A Nissan renovou a versão norte-americana do Versa, conhecido como Tiida no mercado brasileiro. O modelo ficou inegavelmente mais agradável de se olhar. Faróis dianteiros e grade se integram para fazer um desenho interessante. O porte do carro agora está mais semelhante ao de um Honda Fit, com teto elevado. A unidade exibida no estande da Nissan estava equipada com um motor 1.6 de 109 cv e transmissão do CVT.


Porsche Cayenne Turbo S – O Turbo S é simplesmente o Cayenne mais potente da história. Ele mantém o V8 biturbo de 4.8 litros, mas com potência elevada em 50 cv para atingir 550 cv. O tempo de zero a 100 km/h caiu em 0,2 segundos para 4,5 segundos e a velocidade máxima subiu em 5 km/h para 283 km/h. As rodas são de 21 polegadas para abrigar os imensos freios exclusivos da versão.

Porsche Cayman – É a nova geração do cupê mais barato da Porsche. Seguindo a linha do Boxster, conversível no qual é baseado, o novo Cayman ficou mais leve, rígido e potente. O esportivo perdeu 30 kg em relação a seu antecessor. Os motores se resumem a um 2.7 de 275 cv e um 3.4 de 325 cv, ambos com seis cilindros contrapostos.

Toyota Corolla Furia Concept – Se o conceito Furia realmente originar a próxima geração do Corolla, o sedã vai abandonar seu habitual aspecto conservador para se tornar ousado. O Corolla Furia tem um desenho agressivo, com faróis finos que se juntam a uma barra cromada e a grade em forma de colméia. A traseira tem lanternas de led em forma de flecha. O conceito é mais comprido e largo que o atual Corolla e ainda tem maior distância entre eixos – 2,70 m.


Toyota RAV4 – É a quarta geração do utilitário da Toyota que, mesmo sem grandes revoluções no design, ficou mais moderno e mais parrudo. Apesar da renovação estética, o RAV4 mantém sob o capô o mesmo motor 2.5 do modelo anterior com 176 cv junto a uma nova transmissão automática de seis velocidades. O antigo motor V6 foi tirado de linha.
Volkswagen CrossBlue – A Volkswagen lançou no Salão de Detroit um conceito que vai dar origem ao seu maior utilitário. Com foco exclusivo para o mercado norte-americano e canadense, o SUV tem no espaço interno o seu principal atributo. São seis lugares individuais que conseguem levar seis adultos de maneira confortável. O conjunto motriz é híbrido, composto por um  motor diesel de 2 litros e dois elétricos. No final, são 305 cv e impressionantes 71,3 kgfm de torque. Assim, o CrossBlue atinge os 100 km/h em 7,2 segundos e consegue ser movido apenas pelos propulsores elétricos até 22,5 km.
Fonte: Motordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br/
Comente está postagem.

Nenhum comentário: