23 de jan. de 2013

Quando a Rolls-Royce pensou em fazer um carro pequeno


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Quando ouve as palavras “Rolls-Royce Myth”, talvez você logo pense em engenheiros sendo levados de avião para desertos remotos para efetuar reparos em Rolls-Royces antes que os cones de caviar de seus donos derretessem, ou da extinção das fadas que resultou de sua captura, para que fossem banhadas em metal (como você acha que eram feitos os ornamentos de capô?). A última coisa que você imagina é um carro pequeno.

E é justamente nisto que você deveria pensar.
Décadas e décadas antes que o Aston Martin Cygnet tentasse colocar toneladas de opulência em um pacote bem pequeno, a Rolls-Royce já havia pensado em se embrenhar pelo mesmo caminho.
Foi logo depois da Segunda Guerra, e as coisas não estavam muito boas para ninguém na Europa. Mesmo a orgulhosa e poderosa Rolls-Royce precisava ao menos considerar um carro mais acessível para se manter em pé, ao menos nos incertos primeiros anos do pós-guerra. Não vamos esquecer que, nesta época, até a BMW sobreviveu graças ao pequeno e humilde Isetta.
Outro fator que contribuiu bastante foi a aparência de algo que parecia um Rolls-Royce de longe, mesmo que você estivesse bem ao lado do carro: o Triumph Mayflower 1949. O Mayflower foi um dos primeiros compactos do pós-guerra, e seu estilo o fazia parecer muito mais caro, mesmo que as proporções o deixassem quase cartunesco.
A Rolls percebeu o sucesso do pequeno Roller de desenho animado e preparou sua resposta: o Myth. Movido por um motor de 1.497 cm³ que parecia ter problemas crônicos de refrigeração, o menor dos Rolls Royce tinha a carroceria construída pela Park Ward. O visual era o que se esperava de um Rolls-Royce, com para-lamas sinuosos e uma grade alta e vertical, com a tradicional traseira alta que remetia aos tempos do vapor. Exceto que tudo parecia ser feito em escala 1:3. Por isso, o Myth recebeu o apelido de Rolls Royce Relógio de Bolso, o que é impressionante para um carro que só existiu por 10 dias e rodou 655 km. Conseguir um apelido com 10 dias de vida é uma grande conquista, se querem saber.
opq no rolls (1)
No final, a Rolls decidiu que projetar o carro pequeno simplesmente não valeria a pena, já que não seria muito mais caro fazer um modelo maior e mais exclusivo e vendê-lo por muito mais. A divisão da sociedade também contribuiu, já que a RR suspeitava que a clientela não gostaria de ver um empregado dirigindo um carro da mesma marca que o seu, mesmo que fosse pequeno, e que ele fosse o 13º dono, e que a pintura já estivesse toda queimada. Existem algumas coisas que quem é rico de verdade não suporta.
Então o Myth morreu. Há duas coisas em que acredito com toda minha força e talvez vocês também: no poder de cura da canja de galinha, e que o dia em que teremos compactos de luxo está cada vez mais próximo. Ainda penso que um dia veremos um carro city car da Rolls-Royce. Enquanto este dia não chega, vamos lamentar a morte do pequeno Rolls-Royce que jamais tivemos.


Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br/
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