Por- Ubiratan Bizarro Costa
Como vimos na coluna passada, poucas serão as inovações apresentadas nos carros de F1 deste ano devido ao regulamento bem apertado e com quase nenhuma modificação prevista para 2013.
Mas, ainda assim, existem algumas pequenas inovações que poderão ser exploradas e apresentadas nesta temporada. Uma delas se refere aos escapes coanda, o principal item no arsenal de dispositivos aerodinâmicos de um F1 atual.
Então, já os escapes são a principal arma, o que as equipes poderão apresentar de inovações e modificações neste ano?
Juntando um pouco de design, efeito coanda, pedaços de antigos dispositivos, partes do regulamento, caminhos já explorados pelos engenheiros no passado e etc, acabei criando uma simulação de uma possível atualização nos escapes que poderá surgir nesta temporada.
É claro que poderá não ser exatamente desta forma, mas é muito provável que os designers e engenheiros da F1 explorem este caminho e criem atualizações de dispositivos para maximizar o efeito coanda, explorando a física como puderem – dentro do possível, é claro.
Tudo para continuar obtendo algum ganho aerodinâmico que foi drasticamente reduzido com a retirada dos antigos difusores soprados.
Então, para 2013 podem surgir os escapes “gota coanda”. Baseado no modelo apresentado pela McLaren em 2012 e copiado e explorado pelas equipes rivais, cheguei a este possível modelo de dispositivo.
Como funciona:
A antiga aba vertical externa recebe um alongamento que cria uma espécie de ponta em forma de gota. Tal ponta se encaixa no meio e final da canaleta do escape e se projeta para baixo, apontada para o vão entre a roda traseira e o difusor do F1.
Quando os escapes sopram com força nas acelerações, os jatos de ar quente são projetados mais em linha reta. Mas, quando o carro entra em uma curva, a aceleração é reduzida, o que faz com que os jatos de ar saiam com menos força. Sendo assim, eles se colam na curvatura da canaleta, consequentemente formando o “efeito coanda”.
Quando isso acontece, os jatos são jogados para baixo, no vão do difusor e rodas, fazendo com que o ar passe mais acelerado. Isso cria maior pressão aerodinâmica sobre toda a traseira do F1.
Até aqui, nenhuma novidade. Porém, quando se acrescenta o dispositivo de escape gota coanda, a aba com formato de gota faz com que os jatos de ar dos escapes (seta vermelha) se liguem e contornem a “ponta em gota”, criando um jato contido e uniforme que vai desembocar diretamente no vão do difusor.
E a coisa não para por aí. Devido ao formato da gota, o ar que vem contornando os sidepods, bem como os que saem dos “respiros” dos escapes (seta amarela), também se juntam ao jato dos escapes.
Então, todo esse jato de ar concentrado e uniforme fica mais rápido e forte (seta laranja), e são jogados no ponto certo do vão entre a roda e difusor, aumentando o fluxo de ar sob o difusor, o que também aumenta o downforce.
Certo, mas para que isso?
O objetivo deste dispositivo é concentrar ao máximo o ar que sai dos escapes, como se fosse a ponta de um esguicho de água com pressão apontado diretamente para o alvo.
O que não aconteceu muito nos modelos de escapes coanda apresentados até então, que são eficientes em jogam o ar para baixo, mas não evitam totalmente que parte do mesmo se “espalhe” na sua ponta pela traseira, diminuindo o fluxo sob o difusor.
Foi o que tentou fazer Adrian Newey, por exemplo, quando apresentou aquele modelo intrincado de escape coanda na Red Bull no final de 2012, onde havia dois dutos embutidos, desembocando em vários pontos.
A ideia era tentar direcionar o máximo de ar para os pontos certos do difusor. E realmente ele conseguiu, de uma forma bem mais complexa, eficiente e detalhada. Tanto é que acabou papando mais um campeonato.
Exatamente por este motivo é que acredito que as equipes virão com algum dispositivo novo nos escapes coanda atuais, pois estão desesperados por mais ar soprando sob o difusor traseiro, e superar Newey o mais rápido possível.
E pode esperar, pois uma equipe que já deu indícios disso foi justamente a Ferrari, com rumores de que estão investindo pesado no desenvolvimento de seus escapes para maximizar o tão necessário efeito coanda. Vamos ver.
Então, se este teórico dispositivo de escape gota coanda vai ser exatamente assim, ninguém sabe, e nem se vão realmente chegar a tentar algo assim (porém acho difícil não tentarem). Mas, se eu fosse o designer de uma das equipes nanicas, por exemplo, não pensava duas vezes em tentar essa coisa. Vai que pega?
Que o efeito físico realmente funciona, isso é inegável. Agora quem vai ter louco o bastante pra tentar, aí é esperar para ver!
Ubiratan Bizarro Costa (Bira) é designer industrial automobilístico. Criador, projetista e construtor de alguns estranhos veículos “experimentais”, protótipos, produtos, etc. Blogueiro pesquisador da aerodinâmica e tecnologia da F1 desde sempre. Criou dispositivos de segurança para a F1 como o projeto do PCP (na época do acidente de Massa), comentado por jornalistas em sites europeus. Mantém o blog Designer Bira. Bira analisa as novidades técnicas da F1. No Twitter, @biradesigner2.
Fonte: blog Telemetria Mas, ainda assim, existem algumas pequenas inovações que poderão ser exploradas e apresentadas nesta temporada. Uma delas se refere aos escapes coanda, o principal item no arsenal de dispositivos aerodinâmicos de um F1 atual.
Então, já os escapes são a principal arma, o que as equipes poderão apresentar de inovações e modificações neste ano?
Juntando um pouco de design, efeito coanda, pedaços de antigos dispositivos, partes do regulamento, caminhos já explorados pelos engenheiros no passado e etc, acabei criando uma simulação de uma possível atualização nos escapes que poderá surgir nesta temporada.
É claro que poderá não ser exatamente desta forma, mas é muito provável que os designers e engenheiros da F1 explorem este caminho e criem atualizações de dispositivos para maximizar o efeito coanda, explorando a física como puderem – dentro do possível, é claro.
Tudo para continuar obtendo algum ganho aerodinâmico que foi drasticamente reduzido com a retirada dos antigos difusores soprados.
Então, para 2013 podem surgir os escapes “gota coanda”. Baseado no modelo apresentado pela McLaren em 2012 e copiado e explorado pelas equipes rivais, cheguei a este possível modelo de dispositivo.
Como funciona:
A antiga aba vertical externa recebe um alongamento que cria uma espécie de ponta em forma de gota. Tal ponta se encaixa no meio e final da canaleta do escape e se projeta para baixo, apontada para o vão entre a roda traseira e o difusor do F1.
Quando os escapes sopram com força nas acelerações, os jatos de ar quente são projetados mais em linha reta. Mas, quando o carro entra em uma curva, a aceleração é reduzida, o que faz com que os jatos de ar saiam com menos força. Sendo assim, eles se colam na curvatura da canaleta, consequentemente formando o “efeito coanda”.
Quando isso acontece, os jatos são jogados para baixo, no vão do difusor e rodas, fazendo com que o ar passe mais acelerado. Isso cria maior pressão aerodinâmica sobre toda a traseira do F1.
Até aqui, nenhuma novidade. Porém, quando se acrescenta o dispositivo de escape gota coanda, a aba com formato de gota faz com que os jatos de ar dos escapes (seta vermelha) se liguem e contornem a “ponta em gota”, criando um jato contido e uniforme que vai desembocar diretamente no vão do difusor.
E a coisa não para por aí. Devido ao formato da gota, o ar que vem contornando os sidepods, bem como os que saem dos “respiros” dos escapes (seta amarela), também se juntam ao jato dos escapes.
Então, todo esse jato de ar concentrado e uniforme fica mais rápido e forte (seta laranja), e são jogados no ponto certo do vão entre a roda e difusor, aumentando o fluxo de ar sob o difusor, o que também aumenta o downforce.
Certo, mas para que isso?
O objetivo deste dispositivo é concentrar ao máximo o ar que sai dos escapes, como se fosse a ponta de um esguicho de água com pressão apontado diretamente para o alvo.
O que não aconteceu muito nos modelos de escapes coanda apresentados até então, que são eficientes em jogam o ar para baixo, mas não evitam totalmente que parte do mesmo se “espalhe” na sua ponta pela traseira, diminuindo o fluxo sob o difusor.
Foi o que tentou fazer Adrian Newey, por exemplo, quando apresentou aquele modelo intrincado de escape coanda na Red Bull no final de 2012, onde havia dois dutos embutidos, desembocando em vários pontos.
A ideia era tentar direcionar o máximo de ar para os pontos certos do difusor. E realmente ele conseguiu, de uma forma bem mais complexa, eficiente e detalhada. Tanto é que acabou papando mais um campeonato.
Exatamente por este motivo é que acredito que as equipes virão com algum dispositivo novo nos escapes coanda atuais, pois estão desesperados por mais ar soprando sob o difusor traseiro, e superar Newey o mais rápido possível.
E pode esperar, pois uma equipe que já deu indícios disso foi justamente a Ferrari, com rumores de que estão investindo pesado no desenvolvimento de seus escapes para maximizar o tão necessário efeito coanda. Vamos ver.
Então, se este teórico dispositivo de escape gota coanda vai ser exatamente assim, ninguém sabe, e nem se vão realmente chegar a tentar algo assim (porém acho difícil não tentarem). Mas, se eu fosse o designer de uma das equipes nanicas, por exemplo, não pensava duas vezes em tentar essa coisa. Vai que pega?
Que o efeito físico realmente funciona, isso é inegável. Agora quem vai ter louco o bastante pra tentar, aí é esperar para ver!
Ubiratan Bizarro Costa (Bira) é designer industrial automobilístico. Criador, projetista e construtor de alguns estranhos veículos “experimentais”, protótipos, produtos, etc. Blogueiro pesquisador da aerodinâmica e tecnologia da F1 desde sempre. Criou dispositivos de segurança para a F1 como o projeto do PCP (na época do acidente de Massa), comentado por jornalistas em sites europeus. Mantém o blog Designer Bira. Bira analisa as novidades técnicas da F1. No Twitter, @biradesigner2.
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br
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