Quando se fala em câmbio de dupla embreagem, muita gente logo pensa em Ferrari, Porsche, Audi e BMW. Exagerei? Ok, no mínimo lembra-se dos VW Jetta TSI e agora do novo Fusca, até então os modelos mais “acessíveis” a disporem de tal tecnologia no Brasil.
Pois a Ford acaba de dar um passo rumo à democratização da dupla embreagem com o lançamento do EcoSport Powershift, o primeiro carro nacional a utilizar o recurso – o próximo será o New Fiesta. Com preços a partir de R$ 63.390 (sempre com motor 2.0), o Eco automatizado chega como a melhor opção da linha. Veja porque.
O que é?
A transmissão Powershift tem o mesmo funcionamento básico dos demais sistemas de dupla embreagem: enquanto uma embreagem controla as marchas ímpares, a outra cuida das pares e da ré. Assim, a próxima marcha está sempre engatada, bastando o tempo de trocar de embreagem – o que pode ocorrer em até 0,2 s, no caso de uma mudança no modo esportivo.
Em relação a um câmbio automático comum, a Ford elenca uma série de vantagens: caixa 20 kg mais leve, trocas em 1/3 do tempo, entrega de torque constante e ainda uma economia de combustível 10% melhor. De fato, o Eco Powershift recebe nota A no programa de etiquetagem do Inmetro, com médias de 9,7 km/l na cidade e 11,8 km/l na estrada, usando gasolina. Nessa versão automatizada, a Ford divulga potência 1 cv inferior ao modelo manual, com 140/146 cv (gasolina/etanol). O torque máximo se manteve nos 19,7 kgfm a 4.250 rpm.
Com seis marchas, o Powershift oferece três modos de uso: automático (Drive), Sport e manual sequêncial, com trocas feitas por botões + e – na própria alavanca. No modo esportivo a sexta marcha (que funciona como overdrive) é desativada, enquanto as mudanças passam a ocorrer em rotações mais elevadas e as reduções são mais constantes.
Como anda?
Logo ao liberar o freio, uma boa notícia: a função creep mode faz com que o carro se movimente mesmo sem você acelerar (como num câmbio automático convencional), o que facilita a vida em manobras. E logo entramos no anda e para paulistano de todo dia, uma condição perfeita para avaliar o novo câmbio.
Em Drive a transmissão agrada, em primeiro lugar, pelo conforto. Escolhe sempre a marcha exata para a ocasião e tem trocas praticamente imperpectíveis – você só repara que ela subiu a marcha porque o ponteiro do conta-giros desce. Com isso, não há trancos e a reposta do motor fica mais pronta para quando precisamos dar uma esticada. Outro destaque é o baixo ruído interno, uma vez que o câmbio tende a trabalhar com marchas altas mesmo em baixas velocidades, para melhorar o consumo.
Chegamos na rodovia e, no limite de 100 km/h, o motor ronrona em 2 mil rpm na sexta marcha. Interrompo a calmaria acionando o modo Sport e piso fundo, já esperando uma resposta mais brusca da transmissão. Que nada. Rapidamente, mas sem soluço, o Eco reduz marchas para acordar o motor e mostra agilidade na ultrapassagem. O desempenho parece muito pouco afetado (se é que foi) em relação à versão manual. A Ford indica 0 a 100 km/h em 11,4 s com etanol, número que, desconfio, seja até melhor. E isso sem falar no consumo inferior, coisa que tiraremos a limpo num teste futuro.
O único senão do Powershift fica por conta das trocas manuais. No botãozinho do câmbio, elas ficam praticamente esquecidas. Tudo bem que o modo Sport funciona tão bem que você não precisa realmente trocar as marchas no manual para se ter a reação desejada, mas num carro de mais de R$ 70 mil como esse Eco Titanium seria bom contar com borboletas na direção – coisa que até o Fiat Palio Dualogic oferece. Mas creio que a Ford está guardando essa atração para o novo Focus.
No fim, o câmbio Powershift funciona tão bem que quem começa a parecer antiquado é o motor Duratec, um pouco lento na subida de giro em relação à agilidade da transmissão nas reduções. Seria demais sonhar com o 1.6 Ecoboost (turbo e injeção direta) europeu? A Ford brasileira diz que sim. O que deve ocorrer no futuro é a aplicação do Powershift nas versões 1.6 do Eco, mas numa evolução do motor Sigma com comando de válvulas variável que já é fabricada aqui para exportação.
Quanto custa?
Para que o EcoSport automatizado não ficasse muito distante da versão 2.0 FreeStyle manual em preço, a Ford criou uma inédita SE 2.0 Powershift, por R$ 63.390. Ela vem com itens interessantes como os controles de tração e estabilidade, além do sistema Sync de entretenimento, mas deixa de fora um simples computador de bordo e as rodas de liga.
Depois a oferta já pula para o top Titanium Powershift, com botão de partida, ar digital e os sensores de chuva e iluminação, a R$ 70.890. O modelo completo, que agrega couro e airbags laterais, vai a R$ 74.590. Qustionada sobre a ausência do câmbio Powershift na versão FreeStyle (justamente a de maior procura nos modelos manuais), a Ford diz que o modelo pode ser incorporado à linha futuramente. Até porque é clara a lacuna de preço (e equipamentos) entre a SE e a Titanium.
Mesmo sem chegar na versão FreeStyle que consideraríamos “matadora”, o Eco Powershift se firma como a opção mais acertada para quem deseja o jipinho com motor 2.0, tanto em termos de conforto quanto de eficiência. E que venham mais duplas embreagens por aí…
Por Daniel Messeder, de Itatiba (SP)
Ficha técnica – Ford EcoSport Powershift Titanium
Motor: dianteiro, transversal, quatro cilindros, 1.999 cm3, 16 válvulas, flex; Potência: 140/146 cv a 6.250 rpm; Torque: 18,9/19,7 kgfm a 4.250 rpm; Transmissão: câmbio automatizado de seis marchas, dupla embreagem, tração dianteira; Direção: elétrica; Suspensão: Independente Mac Pherson na dianteira e eixo de torção na traseira; Freios: disco na dianteira e tambor na traseira, com ABS; Peso: 1.316 kg; Porta-malas: 362 litros; Dimensões: comprimento 4,241 mm, largura 1,760 mm, altura 1,696 mm, entreeixos 2,521 mm; Aceleração 0 a 100 km/h: 11,4\11,6 s; Consumo: urbano 6,7 km\l com etanol e 9,7 km\l com gasolina, estrada 8 km\l com etanol e 11,8 km\l com gasolina
Fonte: Carplace
Disponível no(a): http://carplace.virgula.uol.com.br/
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