27 de dez. de 2012

O mundo automotivo de Quentin Tarantino



Criado por um grupo da produtora Republika Filmes, o curta metragem brasileiro O código Tarantino de 2008 faz uma colagem bem costurada de curiosidades sobre os filmes do diretor cult. Dados que podem muito bem ter saído das trivias do Internet Movie Database, IMDB. Deixando de lado o curtinha protagonizado por Selton Mello e Seu Jorge, pensei em fazer um post sobre alguns fatos automotivos que povoam as criações de Tarantino e que também podem ser encontrados no site especializado em cinema.

O diretor é do tipo que curte carros. Não raro, alguns dos seus próprios modelos servem de personagens nos filmes. Uma onda que começou em Pulp Fiction (1994), onde Vincent Vega (John Travolta) dirige um belo Chevrolet Malibu 1964 conversível, alvo de muito ciúme. Coisa de transferência: o carro pertencia ao próprio Quentin.

Não foi o único Chevrolet do diretor a estrelar um dos seus filmes. Um dos carros mais famosos de suas produções foi o Pussy Wagon, identificado pelo Internet Movie Car Database como uma picape 2500. O utilitário é um dos destaques de Kill Bill volume 1 (2003) e, mesmo sendo mais chamativo que um trio elétrico pintado de rosa choque, serviu como carro do dia-a-dia do diretor. O status pop do Chevy aumentou ainda mais após protagonizar em 2008 o clipe Telephone da Lady Gaga e Beyoncé.
Outros modelos do grupo Chevrolet foram emprestados pelos próprios atores. A bela Elle Driver de Kill Bill se vale de um Pontiac Firebird Trans Am 1980 da própria atriz Daryl Hannah. O motivo? Seria uma referência ao clássico Agarra-me se puderes em que Bandit (Burt Reynolds) dirige um Firebird 1977. Nem sempre se trata duma conhecida referência cultural do diretor. Às vezes, a falta de grana é que determinou o empréstimo. Caso do Cadillac Coupé DeVille de Mr Blonde (Michael Madsen) em Cães de aluguel (1992). A banheira 1966 pertencia ao próprio ator, que usou seu carro no filme porque o diretor não tinha grana para arranjar outro carro para o personagem.
Os dois primeiros filmes de sucesso, Cães de aluguel e Pulp Fiction, inauguraram um elemento de estilo que ficou associado ao diretor: a tomada em primeira pessoa de dentro do porta-malas. No primeiro, o ângulo é explorado para exibir o ponto de vista do policial (Kirk Baltz) seqüestrado por Mr Blonde. Aliás, para entrar no papel, Baltz pediu para Madsen levá-lo para um passeio dentro do porta-malas desse mesmo DeVille. Acabou que o ator esticou o passeio, passando por vias mal pavimentadas e, até mesmo, parando no drive-thru da Taco Bell. Maldade? Ora, ele também queria entrar no papel do sádico Mr Blonde.

Determinados modelos da Chevy ganham mais espaço nos seus filmes. Caso do Chevrolet Nova. Um modelo 1974 aparece como montaria dos cavaleiros do apocalipse Vincent Vega e Jules Winnfield (Samuel Jackson) em Pulp Fiction. Porém, viraria estrela mesmo em À prova de morte, onde um cupê 1971 foi o primeiro carro do perverso Mike, o dublê (Kurt Russel). Sobre o capô, pousava outra referência cultural: um pato como mascote, homenagem ao filme Comboio de 1978.
A proposta da história teria surgido num papo de bar nos moldes do exibido no curta metragem brasileiro. Conversando com um amigo, Quentin disse que pensava em comprar um Volvo justamente por conta da segurança dos escandinavos. Eis que o companheiro aconselhou: por que você não pega um automóvel qualquer e paga uns 10 mil dólares para um desses especialistas em carros para dublês prepará-lo? Taí a ideia do filme.
Tarantino gosta não apenas de carros, como também de filmes sobre carros. O clássico Corrida contra o destino de 1971 serviu como tônica de toda a segunda parte de À prova de morte. O clássico Dodge Challenger R/T 1970 do Kowalski (interpretado por Barry Newman) é a paixão sobre rodas das garotas do filme que, ao dar uma volta com o muscle car, se envolvem numa perseguição com o personagem de Kurt Russel ao volante de um Charger 1969. Tudo estava dentro de casa.
O referencial cultural do mestre ficou claro logo de cara. E não seria diferente nos filmes seguintes. Voltando a Kill Bill, a assassina Go Go Yubari dispensa um yuppie que tentava seduzi-la com sua Ferrari dizendo simplesmente: “Ferrari é lixo italiano”. Uma referência ao que diz o personagem de Charlie Sheen em Atraídos pelo perigo (1987), em que o ex-astro de Two and a half man interpretava o líder de uma quadrilha especializada em roubar Porsches. Daí o despeito.

O diretor mostra que entende de casting até na hora de convocar carros. Ainda em Kill Bill, o próprio Bill (David Carradine), antagonista de Beatrix Kiddo (Uma Thurman), dirige um apropriado De Tomaso Mangusta. Saindo um pouco de cinema para entrar em biologia: o mangusto é um pequeno mamífero capaz de derrubar qualquer cobra. E, como os fãs da série bem lembram, tanto Thurman quanto os demais assassinos faziam parte do Deadly Viper Assassination Squad, ou esquadrão de assassinatos víboras mortais, numa tradução literal. Cada membro atendia pelo nome de uma espécie de cobra. Mas todas rastejavam baixo diante do Bill e seu Mangusta. Uma prova que há mais de um código sobre Tarantino.

Fonte: revistaautesporte
Disponível no(a): http://revistaautoesporte.globo.com/
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