27 de dez. de 2012

A volta para casa de Barrichello


Rubens Barrichello recebe multidão em Brasília (Foto: Miguel Costa Jr./MF2)Rubens Barrichello recebe multidão em Brasília (Foto: Miguel Costa Jr./MF2)
 
O anúncio de Rubens Barrichello nesta quinta-feira de que irá correr na Stock Car em 2013 não foi uma surpresa. As informações de bastidores estavam voando para todos os lados sobre a tendência do piloto de 40 anos e até mesmo os dirigentes da Indy já estavam dando o movimento como certo.

Existem vários fatores a serem analisados neste caso. O primeiro, claro, é a vontade de Barrichello de voltar a viver no Brasil. A todo tempo vemos no noticiário esportivo vemos declarações parecidas de jogadores de futebol que após três ou quatro temporadas (as vezes até menos do que isso) na Europa querem retornar ao país. Rubens está competindo fora há 21 anos.
Tudo bem que o calendário da Indy, mesmo com o aumento de provas em 2013, permitiria que ele morasse por aqui e corresse nos Estados Unidos. Mesmo assim, em um assunto pessoal como este, é difícil debater.
O fator financeiro também é um ponto a ser destacado. A Indy, assim como a maioria esmagadora das categorias do mundo hoje, exige que o piloto leve uma boa parte, quando não todo, parte do orçamento de seu carro. Só que o retorno de visibilidade não estava agradando o piloto. A competição não tem um bom pacote de televisão nos Estados Unidos, com poucas corridas transmitidas em TV aberta, e a cobertura da Band também não é das melhores, principalmente por causa dos horários das provas, que muitas vezes batem com os do futebol. No caso da Stock, ele precisa levar menos e pode ficar com mais.
É verdade que a Stock Car está perdendo um espaço enorme na Globo em 2013. Depois de ter todas as suas corridas transmitidas este ano, ela terá apenas três etapas exibidas na próxima temporada. Em compensação, o Sportv mostrará as outras provas, além das tomadas de tempo. Além disso, para Barrichello, trocar a Band pela Globo talvez não seja um mau negócio, já que outras parcerias também devem ser costuradas, como maior participação em programas da emissora e até na cobertura da F1, como foi no último GP do Brasil.
É uma pena que após apenas uma temporada na Indy, ele deixe a categoria. Seria curioso ver o que Barrichello poderia fazer após um ano de adaptação, talvez em uma equipe melhor. A entrada dele na categoria foi sem dúvida meio atabalhoada, sem o planejamento que um piloto com vitórias na F1 deveria ou merecia ter. Faltou sondar as melhores equipes, sentir o ambiente antes de colocar o seu nome por lá. A transferência, em muitos momentos, pareceu acontecer mais pela sua amizade com Tony Kanaan do que por um passo pensado para a sua carreira.
Rubens Barrichello em Edmonton (Phillip Abbott/LAT Photo USA)
Rubens Barrichello em Edmonton (Phillip Abbott/LAT Photo USA)
A Stock Car só ganha com a chegada do experiente piloto. Barrichello, pelo bem e pelo mal, gera muito interesse. Ele tem uma base de fãs muito grande, assim como a quantidade de pessoas que não gosta de seu estilo não pode ser desconsiderada. A categoria, que nos últimos anos tem vivido de altos e baixos, de alguns acertos em termos de marketing e outros erros, além dos eternos problemas de organização, deve se beneficiar muito disso.
Se sairmos pelas ruas de qualquer cidade do país e perguntarmos aleatoriamente para as pessoas nomes de pilotos da competição nacional, poucos vão se lembrar de mais de um ou dois, sendo que o mais citado será Cacá Bueno, principalmente pelos seus laços de família.
Em um momento de perda de espaço de mídia e em que todos começarão a virar as suas atenções para os grandes eventos que o país irá sediar nos próximos anos, como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, atrair um nome como o de Barrichello é importante.
Pelo lado do piloto, sem espaço na F1 e descontente na Indy, correr na Stock Car não é o fim do mundo. Ele conseguirá ganhar algum dinheiro, terá um espaço importante na principal emissora de televisão do país, ficará junto da família e continuará a fazer o que gosta: correr de carro. Claro que eu (assim como muitos dos leitores do Tazio que comentam as notas e mandam mensagens pelo Twitter, Facebook e e-mail sem pre ressaltam) acredito que seria muito mais legal vê-lo em uma categoria como DTM, WEC ou WTCC, competindo em nível internacional, como a atual geração está acostumada. Mas, aos 40 anos de idade e com tudo o que ele já passou (e ganhou) na carreira, esta é uma escolha mais pessoal do que profissional. Barrichello tomou a dele.

Fonte: Tazio
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br/
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