Muitas pessoas têm a necessidade de se desligar da realidade mundana do cotidiano. Alguns fazem isso com um piquenique à moda antiga. Outros vão jogar tênis. E há aqueles que levam isso ao extremo, atirando-se de um avião com uma mochila nas costas. Ou arriscam a vida e sua integridade física ao escalar montanhas e paredões, enfrentando altitudes e temperaturas que nenhum homem é capaz de enfrentar.
Esse tipo de gente precisa de uma descarga de adrenalina de tempos em tempos (algo muito eficiente em matar as pessoas cedo demais) para que elas funcionem normalmente em sociedade. Mas a partir de agora eu declaro que estas atividades loucas estão obsoletas. Você não precisa ir até a Suíça em busca de um salto livre ou uma boa escalada. Em vez disso, compre uma passagem parcelada para a desconhecida cidade de Oberlin, em Ohio (nos EUA). Lá você encontrará algo muito mais louco: a Switzer Performance.
A Switzer é reconhecida como uma das maiores preparadoras dos EUA, especializando-se em Porsches e Nissan GT-R. Já testamos algumas de suas criações no passado. Eles tem um leque de opções que vai da insanidade branda ao ultra-suicida. O AK47 engatilhado da vez era um GT-R de 1600 cv, que completa o quarto-de-milha a 287 km/h. Este carro foi projetado especialmente para corridas em linha reta (ok, nem tudo é perfeito), e nesse sentido, é o supra-sumo da velocidade e desempenho.
Mas o carro que testei é o novo GT-R “Ultimate Street Edition” de 1000 cv, que como o nome diz, tenta ser mais civilizado que seus parentes de arrancada. Eu estava louco para descobrir se um hipercarro de mil pocotós consegue lidar com o ambiente urbano. Tinha minhas dúvidas.
Um GT-R 2013 original de fábrica produz 550 cv e crava a agulha nos 100 km/h em 2,9 segundos. Para arrancar uma potência estratosférica do mesmo V6 de 3,8 litros, a Switzer fabricou pistões, anéis e bielas especiais, bem como comandos de válvula exclusivos. Dois novos turbos de arrefecimento líquido com rotores de alumínio aumentam o fluxo do sistema original em mais de 30 %. Um extenso trabalho no sistema de arrefecimento ajudou a acomodar toda essa usina de força e ainda garante a confiabilidade do carro no uso diário.
Todo o conjunto acima está conectado a um sistema de escape próprio da Switzer, e é movido por gasolina de alta octanagem em vez de combustível de competição. Os amortecedores são originais do GT-R e foram rebaixados pela adoção de molas mais rígidas e curtas. Os freios agora usam pastilhas de grafeno (o tal “nanocarbono”) e a Switzer também instalou rodas de design próprio feitas em alumínio forjado. A preparadora também trabalhou em parceria com a Shepherd Transmissions para desenvolver uma transmissão capaz de tolerar mais de 110 kgfm de torque.
Tudo isso faz com que o carro seja rápido o bastante para fazer até mesmo Travis Pastrana gritar como uma menininha de cinco anos que encontrou uma aranha embaixo da cama.
Assim que tirei o carro do estacionamento e afundei meu pé direito para ver “qualé”, ficou claro que ele é diferente de tudo o que eu já dirigi nas ruas. Como referência, já tive o prazer de pilotar um Fórmula 1 de 950 cv e andar a 370 km/h em um IndyCar, portanto a velocidade não me intimida. Mas toda essa potência em uma estradinha no interior de Ohio foi aterrorizante. Me parecia que a estrada havia encolhido como uma camiseta que fica tempo demais na secadora. As curvas chegavam mais rápido que a reação da minha vista, e os carros que pareciam pontos distantes tornavam-se objetos imensos em uma fração de segundos.
Outra referência comparativa: o Switzer Ultimate GT-R leva um segundo a menos que o Veyron para ir de 100 a 210 km/h. Isso é quase 17% mais rápido.
Não há muitas rodovias que permitem explorar os limites de um carro com esse desempenho. O que eu notei foi que a rodagem é sólida e confortável, e não te leva ao quiropraxista. O pedal do freio é mais firme e preciso que o original – o que é essencial para ter alguma chance de parar um carro que viaja na velocidade da luz. O som do motor a 8.000 rpm é orgástico. Em vez de descrevê-lo, sugiro apenas que você imagine o ronco mais bonito que você pode sonhar. É melhor que isso.
Quando voltava à cidade coloquei o câmbio no modo automático e rodei em modo de cruzeiro. Para minha surpresa, o leão feroz se transformou em um gato ronronante, e se tornou um carro de 8,5 km/l que pode ser usado diariamente, com temperatura de funcionamento de 80 graus. O timbre do motor ficou mais grave e começou a soar como um gato-de-botas aninhado.
Além disso a potência pode ser reduzida com um simples toque em um botão no volante, tornando mais versátil este monstro de dupla personalidade. O preço dessa loucura começa em 69.000 dólares, e pode chegar aos 86 mil, dependendo do seu nível de insanidade.
Vale tudo isso? Só você pode dizer. Acima de tudo este é um nível de potência desnecessário. Veja bem, o GT-R original não é exatamente “fraco”. Mas para esses malucos doentes por números de desempenho capazes de transformar seus amigos em adolescente invejosos, mas ainda querem levar a vovó para tomar café, o Ultimate GT-R é o carro definitivo.
Ele me deixou totalmente sem fôlego e de cabelo em pé. O base jump na Suíça pode esperar. Eu compraria um Switzer GT-R em vez disso.
Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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