Automobilismo nos Jogos de Paris incluiu excentricidades como corridas de táxis e caminhões
Em 1900, portanto, quando Paris sediou a segunda edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, não se estranhou a presença do embrionário esporte no programa, embora boa parte dos pilotos na competição fosse oriunda de cidades francesas – e, consequentemente, os eventos não pudessem ser exatamente chamados de “mundiais”, como nos dias de hoje ou mesmo no regulamento olímpico. Pela única vez na história, o automobilismo fez parte dos Jogos, ainda que como uma modalidade de demonstração e sob certa controvérsia.
À época, como os vencedores da Paris-Toulouse-Paris – principal competição automobilística na Olimpíada de 1900 – receberam prêmios em dinheiro, alguns discutiram o status da modalidade como “olímpica”, em um tempo no qual o amadorismo ainda era um fundamento da competição. Além disso, o quarto parágrafo do critério para a aceitação de um evento olímpico aponta que “as provas não podem ser fundamentadas em transporte a motor”, o que por regra proíbe a inclusão do esporte e provavelmente levou os organizadores a considerar o automobilismo como apenas uma modalidade de demonstração.
De qualquer forma, foram organizadas 16 provas para carros e motocicletas, divididas em duas modalidades: baterias disputadas em estradas públicas e segmentadas em estágios, como o moderno rali, com premiação em dinheiro; e corridas de resistência, com medalhas de ouro, prata e bronze como honraria. Entre as categorias, a presença de excentricidades nunca imaginadas em competições atuais como corridas de táxi (em duas classes: movidos a petróleo ou eletricidade), camionetas, vãs e voiturettes (pequenos carros de turismo com dois assentos).
Fundador da Renault venceu principal categoria, a Paris-Toulouse-Paris
Como um esporte de demonstração, as competições de automobilismo nos Jogos de 1900 foram organizadas pela ACF (Automobile Clube de France), com pouca intervenção do COI (Comitê Olímpico Internacional). A principal corrida se tratou de um trajeto de ida e volta entre Paris e Toulouse, dividido em três categorias (motocicletas, carros pequenos – voiturettes – e grandes – voitures).
A corrida, disputada entre os dias 25 e 27 de julho, teve a vitória do pioneiro francês Louis Renault – um dos fundadores da montadora homônima – na categoria voitures e do conterrâneo Alfred Velghe – tio de Pierre Levegh, morto nas trágicas 24 Horas de Le Mans de 1955 – na voiturettes. O percurso totalizou 1.347 km, divididos em três estágios: Montgeron-Toulouse, Toulouse-Limoges e Limoges-Montgeron. Setenta e oito pilotos participaram da empreitada, mas 55 largaram e apenas 21 fecharam a prova.
Entre as motocicletas, a vitória ficou com Georges Teste, com uma De Dion. O único não-francês presente no pódio foi o alemão Carl Voight, terceiro colocado na categoria voitures, a bordo de um carro local, o Panhard-Levassor.
Vitórias de Peugeot e Delahaye nas categorias de turismo e de táxis e vãs
As provas para carros de turismo foram disputadas entre 14 e 19 de maio em um circuito de 50 km próximo a Vincennes e divididas em quatro classes – dois, quatro, seis e sete lugares. O regulamento dizia que os automóveis teriam de completar uma volta no circuito pela manhã e duas à tarde, sempre com uma velocidade abaixo de 30 km/h. Os automóveis não poderiam pesar mais do que 400 quilos.
A prova para carros de dois lugares teve o maior número de competidores – 46 –, mas apenas 33 terminaram o percurso. A Peugeot venceu nesta categoria, enquanto a Delahaye (outra grande marca da era pré-F1) ficou com o troféu mais valioso – uma obra de arte, e não uma medalha de ouro – na quatro lugares e a Panhard-Levassor na seis lugares. Apenas um veículo participou da competição para carros de sete lugares e nenhuma medalha foi concedida.
O excêntrico campeonato de táxis e vans foi disputado entre 6 e 9 de agosto em uma pista de 30 quilômetros próxima a Vincennes, com as provas divididas pelo tipo do automóvel e pela propulsão. Nas provas disputadas por automóveis movidos a gasolina, a Peugeot ficou com a vitória entre os táxis, enquanto a Brohout foi vencedora entre as vans. Já na competição limitada a veículos elétricos, o parisiense Louis Krieger – o inventor do primeiro carro movido a eletricidade – levou a melhor tanto entre os táxis quanto as vans. Ao todo, 14 veículos participaram da competição.
O campeonato de resistência para caminhões foi o último a ser disputado, entre 17 e 22 de setembro (para camionetas com capacidade mínima de 100 kg) e 8 e 13 de outubro (para veículos com capacidade mínima de 1.250 kg). Em ambas as baterias, a vitória ficou com a marca De Dion-Bouton.
Houve ainda competições de resistência para motocicletas e voiturettes – na primeira, a vitória ficou com os irmãos franco-russos Werner e, na outra, com um carro da marca Gladiator.
1908: o cancelamento das provas em Roma e a inclusão da motonáutica
O automobilismo esteve próximo de ser incluído no programa dos Jogos Olímpicos de 1908 em Roma, mas a erupção do vulcão Vesúvio, dois anos antes, devastou Nápoles, o que forçou os italianos a desviarem as verbas para a reconstrução da cidade. Com isso, em dezembro de 1906, o COI confirmou a transferência da competição para Londres, na Inglaterra.
Após a mudança de local, havia planos de uma corrida em Weybridge, mas em vez disso, organizou-se uma competição, desta forma em caráter oficial, de motonáutica (corridas de barco a motor). A despeito de ter sido a única vez em que um esporte a motor foi oficializado como modalidade olímpica, o evento em geral foi um grande desastre.
A França venceu a classe A após seus únicos rivais, a Grã-Bretanha, encalharem em uma poça de lama e, na B, um dos inscritos afundou e o barco inglês, semi-submerso, reivindicou o ouro. Na classe C, o Sea Dog, um dos participantes teve uma quebra de motor e teve de ser rebocado. A vitória ficou com o barco inglês Worseley-Siddeley, pilotado por Hugh Grovesnor, o duque de Westminster, George Clowes, Joseph F. Laycock e G. H. Atkinson.
Desta forma, não com surpresa foi a última ocasião em que as Olimpíadas viram um esporte a motor em sua programação.
Fonte: Tazio
Disponível no(a): http://tazio.uol.com.br
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