3 de mar. de 2012

Um Ford Ka(peta) para arrepiar nos Track Days



A preparação de um carro para as pistas começa por uma preparação espiritual. Primeiro você deve decidir aonde quer correr (pista/terra/neve…), para então começar a pensar na preparação do veículo. Ainda assim, um carro deve ser escolhido a dedo para suprir a verdadeira necessidade do piloto em sua ânsia de menores tempos. Um enorme SUV em um track day se daria tão bem quanto um superesportivo no Rally Dakar. Para as pistas, um carro pequeno, ágil, leve e com um motor apimentado está mais que perfeito, e nisso o Ford Ka é implacável.

O gostinho de lama e poeira já havia sido experimentado por Alexandre Kossowski há algum tempo atrás em raids e eventos de velocidade na terra com um Gol, um Escort, um baja e um Vitara V6. Em suas melhores lembranças também estava o Ford Ka que sua mãe teve quando ele ainda tinha 16 anos. Após muita procura, encontrou este Ka GL 1.0 em um show-room de uma rede de consórcios. 21.000 km originais, lataria em muito bom estado e sem muitos mimos: a base perfeita para um veículo que seria impiedosamente jogado na lama.

Inicialmente o pequeno Ford foi utilizado no dia-a-dia. A cada trajeto, novos prazeres e habilidades do “pequeno notável” iam sendo percebidas por Alexandre. Conheceu na internet o fórum FordHP onde, com a ajuda de diversos outros membros, começou de vez a preparação do Ka. Rodas maiores e mais largas, suspensão preparada, banco concha e cinto de cinco pontos… assim o carrinho estreou em seu primeiro Track Day em Cascavel/PR. Mesmo com sua boa rigidez torcional e estrutura mecânica, não obteve bons tempos, mas ensinou novos limites ao piloto, além de demonstrar aos modelos mais equipados que era melhor abrir passagem em curvas, pois o Ka era bastante agressivo. Hora de esquecer a terra e começar a pensar definitivamente em pista.

Um kit turbo básico foi comprado de um usuário do FordHP. O pequeno Ka foi encaminhado à Robust Performance sob os cuidados de Rodrigo Robust para que o motor Zetec Rocam fosse afinadamente preparado. O volante do motor foi aliviado e agora pesa meros 4,2kg, favorecendo a subida de giros. O cabeçote original não sofreu qualquer alteração de fluxo, sedes, válvulas ou tuchos, apenas foi talhado em 1,0 mm para a elevação da taxa de compressão para 12,6:1.
O procedimento não é muito disseminado para os que utilizam carros turbinados com maiores pressões, mas Rodrigo e Alexandre adotaram esta receita para favorecer o torque em baixos giros, compensando o lag da turbina e o alívio do volante do motor. Em contrapartida, sabiam que não poderiam utilizar pressões elevadas sob pena de derreterem o motor, assim a turbina Master Power modelo T2 (.35/.48) foi ajustada por meio da wastegate incorporada em 0,5 bar de pressão e montada sobre um coletor de escape da SPA Turbos. Uma válvula de prioridade da Beep Turbo é quem alivia a pressurização.

A alimentação é dada por uma bomba Bosch (GTI), responsável por alimentar os 4 bicos de Audi 1.8T e ainda um bico suplementar herdado de uma BMW M3. Quem controla todo o aparato é a ECU original em parceria com um módulo HIS. Com a pressão da linha variando entre 3,5 e 4,5Bar, um dosador variável foi incorporado para não embebedar o motor com álcool. Para melhorar a ignição, velas NGK de Iridium suprem bem o motor com fortes faíscas. Com essa configuração, o motor Zetec Rocam atingiu bons 120cv no dinamômetro de rolo. A velocidade final foi limitada pelo câmbio em 195km/h, mas que chegam rápido, muito rápido.
A transmissão recebeu o conjunto de embreagem (platô e disco) do Ford Fiesta Rocam 1.6, que possui mais carga e demonstrou melhor acoplamento. As relações do câmbio original não foram alteradas e ficaram bastante curtas, perfeitas para as saídas curvas do autódromo de Cascavel e Curitiba.

A suspensão recebeu molas CangooRun e amortecedores OffShox com maior carga. Os freios foram redimensionados utilizando-se o conjunto do Ka equipado com motor 1.6 na dianteira. As rodas utilizadas são as Kromma modelo KR1300, pintadas de branco para diferenciar um pouco da cor da carroceria, e foram montadas em pneus 195/50-15” que melhoraram ainda mais a estabilidade.

O interior recebeu o essencial para o monitoramento do motor e boa tocada. O banco do motorista foi substituído por um modelo em concha da Sparco equipado com cinto de segurança de cinco pontas da Lico que amarram firme o piloto em curvas mais acentuadas. Um conta-giros Auto Gauge com shift ligth foi instalado ao lado do painel de instrumentos, e os difusores de ar centrais foram tampados com a utilização dos espaços para a acomodação do manômetro de pressão do combustível e do manovacuometro da Auto Gauge.
Um hallmeter da ODG mantém Alexandre informado sobre a qualidade da mistura ar/combustível, enquanto a comodidade de se ouvir uma música é dada pelo player Pioneer que toca bem os falantes instalados nas portas e a caixa acústica com o subwoofer de 10” instalada no porta-malas. Para evitar o lastro, os componentes são removidos a cada prova.

O teste de fogo deste pequeno Ka(peta) é no próximo Track Day em Curitiba, onde o motor Zetec Rocam turbinado deve estrear na pista. Ainda assim, mesmo sem saber como será o rendimento, Alexandre já planeja novos upgrades:
Em breve, este carro ganhará um intercooler, radiador de óleo e com isso subir a pressão para 0,7bar. Depois quero instalar uma gaiola para aumentar a segurança e rigidez da carroceria. E, em um futuro um pouco mais distante, pretendo substituir o pacato 1.0L por um Rocam 1.6L, o que fará com que dobre a potência atual e instalar um conjunto de engrenagens de câmbio mais longo.

Pelo jeito, vai dar trabalho para carros maiores e de grandes cilindradas, principalmente em circuitos sinuosos e com curvas fechadas.
Fonte:jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
Comente está postagem.

Nenhum comentário: