9 de mar. de 2012

[io9] Por que levamos tanto tempo para inventar a roda?



Para a maioria de nós, as rodas parecem bastante intuitivas. Você provavelmente sabe desde pequeno, por exemplo, que coisas redondas ou circulares rolam mais fácil que coisas quadradas ou angulares. Sabendo disso, é difícil imaginar que nossos ancestrais distantes não tenham chegado à mesma conclusão – e mesmo assim, as primeiras rodas só foram aparecer na história por volta de 3.500 AC. Naquela época, as pessoas já escreviam, cultivavam, e até brincavam com ligas metálicas. Então o que havia de tão complicado na invenção da roda?

Agora, é claro que estamos abordando esta questão de design cerca de cinco mil anos depois do acontecido; tivemos bastante tempo para aprimorar a roda e, pelo menos para a grande maioria da população do planeta, a roda é parte integral de nossas vidas. Em outras palavras, estamos estudando as ideias que giram (há!) em torno das rodas há milhares de anos – claro que pareceria óbvio para nós.
E mesmo assim, muitos arqueólogos e antropologistas pensam que a função e utilidade da roda provavelmente também tenham sido óbvias para nossos ancestrais. O verdadeiro desafio estava em descobrir como fazer a roda operar como parte de um sistema maior com peças móveis – uma carroça primitiva, por exemplo. Como o antropologista David Anthony explicou para a Life, a verdadeira sacada foi o conceito de roda-e-eixo. Mas mesmo esta ideia provavelmente veio muito antes da invenção da roda. A Life explica:
Para fazer um eixo fixo com rodas móveis, explicou Anthony, os terminais do eixo precisariam ser quase perfeitamente suaves e redondos, assim como os furos no centro das rodas; de outra forma, haveria muita fricção para que as rodas girassem. Além disso, os eixos deveriam se encaixar sem folgas nos buracos das rodas, mas não tão apertados – já que precisavam rodar.
Em outras palavras, a implementação da roda provavelmente não foi atrasada por uma falta de inspiração (um cilindro rolando na ponta do sistema seria uma ótima maneira de levar coisas do ponto a para o ponto b), mas a falta de ferramentas apropriadas para ver essa inspiração funcionando (eu bem que gostaria de ter uma motosserra).
Mas é aqui que os especialistas começam a se desentender. Uma vez que alguém tenha todos os materiais necessários (árvores robustas, provavelmente) e ferramentas (implementos de metal como talhadeiras), será que saíram criando logo de cara ou foram se desenvolvendo aos poucos?
Segundo Anthony, “a precisão do sistema de eixo e roda” dificulta as chances de que tenha se desenvolvido em etapas. Este projeto, afirma ele, foi uma estrutura “é tudo ou nada” que provavelmente aconteceu uma vez, em um lugar, antes de se espalhar rapidamente pela Europa, Ásia e oriente médio.
Outros, entretanto, defendem um processo criativo mais gradual. A invenção da roda, explica Jonnie Hughes – autor de On the Origin of Tepees: The Evolution of Ideas – em uma entrevista a Robert Krulwich da rádio NPR, “provavelmente levou milhares de anos, e inúmeras gerações humanas”.
As ilustrações seguintes demonstram como Hughes explica “a precisão do sistema de roda e eixo” com um processo gradual de design, em oito passos. Todas as legendas são de Krulwich:

Primeiro passo:
Use troncos de árvores como roletes. Coloque sua carga sobre ela, empurre a carga para frente e depois repita.
Segundo passo:
Acrescente uma placa entre a carga e os roletes, reduzindo a fricção.
Terceiro passo:
Coloque uma lâmina – como em um trenó de neve – sob a placa para reduzir ainda mais a fricção.
Quarto passo:
As lâminas criam sulcos no tronco que estabilizam a carga.

Quinto passo:
Os troncos são afinados entre os sulcos para que lâminas de diferentes tamanhos possam se encaixar sobre o tronco (e um par acidental de eixo e roda é formado).
Sexto passo:
Pregos ou cavilhas são presos à parte inferior das lâminas, à frente e atrás do eixo, para que o eixo não se desloque sob a prancha e não seja mais necessário posicionar roletes repetidamente à frente da carga (deve ter sido um dia e tanto!).
Sétimo passo:
Para deixar a carroça mais forte, o eixo atravessa buracos abertos na lâmina do trenó.
Oitavo passo?
Bingo!
[Life’s Little Mysteries, NPR]
Crédito das imagens: Turner Broadcasting System, Jonnie Hughes/NPR.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
Comente está postagem.

Nenhum comentário: