29 de fev. de 2012

Teste: Versão Emotion do Fiat Freemont é apenas questão de etiqueta

 Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/CZN
Teste: Versão Emotion do Fiat Freemont é apenas questão de etiqueta
Fiat Freemont Emotion tem qualidades, mas é prejudicada por preço próximo demais da versão topo

por Igor Macário
Auto Press


A Fiat apostou alto ao lançar o Freemont no Brasil. O modelo aproveita toda a arquitetura do conhecido Dodge Journey, assim como o motor, que também tem origem norte-americana. Se não foi um grande sucesso de vendas e conseguiu vender 2.247 unidades apenas no segundo semestre de 2011, exatos seis carros a mais que o Dodge emplacou no ano inteiro. E, até a primeira quinzena de fevereiro de 2012, mais de 800 Freemont já ganharam as ruas. O que indica uma tendência de vendas crescentes. Desses, apenas 30% correspondem pela versão mais barata, a Emotion, que custa R$ 82.740.


A menor procura pela versão mais simples se deve à pequena diferença de preço entre esta e a topo de linha Precision. São R$ 4.820 de diferença a favor da mais barata, mas que perdeu diversos equipamentos. É difícil visualizar alguma vantagem em custo/benefício quando o desaparecimento de itens como airbags laterais e de cortina, banco do motorista com ajustes elétricos, sensor de estacionamento, rodas de 17 polegadas, barras no teto e a terceira fileira de bancos resultam em uma economia abaixo de R$ 5 mil. Com o que restou, o modelo até que não é mal equipado, vem de série com toda a parafernália eletrônica que garante o bem-estar a bordo e ainda mantém o bom nível de conforto do Freemont Precision. Mas, na faixa acima dos R$ 80 mil, é inegável a desvantagem do Emotion.



Externamente, apenas as rodas menores, de 16 polegadas, indicam que se trata do modelo mais barato. O jeitão imponente e familiar se manteve. O Freemont é praticamente idêntico ao Journey já conhecido no Brasil, e faz os emblemas da marca italiana até destoarem do ar norte-americano do carro. A frente alta se impõe no trânsito e o perfil lembra o de uma station grande, num conceito semelhante – mas já aprimorado – à primeira geração do Subaru Forester. A traseira recebeu apenas mudanças nas lanternas, além do nome do carro estampado logo abaixo do vidro. Ele é radicalmente diferente de tudo o que a marca italiana vende e já vendeu no país. E é um claro fruto da incorporação da Chrysler ao grupo Fiat.

O Freemont Emotion é equipado com o mesmo quatro cilindros da versão topo de 2.4 litros, 172 cv a altas 6 mil rpm e 22,4 kgfm a 4.500 rotações. O propulsor é o também mesmo utilizado no antigo Chrysler PT Cruiser, mas passou por algumas evoluções para entregar mais potência e força através de um câmbio automático de quatro marchas. Segundo a Fiat, o conjunto é capaz de levar o modelo de zero a 100 km/h em 12,3 segundos, 0,3 segundo mais rápido que a versão topo, graças à pequena redução de peso de 54 kg em relação à versão mais equipada em função da retirada de equipamentos.

Por dentro, nenhuma mudança em relação ao modelo de sete lugares, a não ser a óbvia falta da última fileira de bancos. O interior é idêntico ao do Dodge, assim como a dotação de equipamentos. Mesmo sendo o mais barato, o Freemont Emotion vem bem equipado de série, com acabamento em couro, airbags frontais, controle de estabilidade e sistema de som com tela sensível ao toque de 4,3 polegadas. O único opcional são as barras para cargas no teto, de série na versão Precision.



Ponto a ponto

Desempenho – O 2.4 16V tem bons 172 cv de potência, mas o alto peso do Freemont joga contra o crossover. O modelo fica "pesadão", e tem respostas mais lentas que o esperado. Falta força nas arrancadas e principalmente nas retomadas, onde o carro demora a "acordar". A Fiat declara 12,3 segundos para cumprir a aceleração de zero a 100 km/h, número que já indica a placidez do desempenho do Freemont. O câmbio automático de quatro marchas ajuda pouco com os grandes intervalos entre cada marcha. Nota 6.
Estabilidade – O modelo é surpreendentemente estável em virtude à altura de rodagem, semelhante a um carro de passeio. Ele se comporta como uma station grande e faz curvas sem dar sustos no motorista. Ao menos aí o alto peso é um ponto positivo. A suspensão é bem calibrada e não faz com que os passageiros sejam chacoalhados de um lado para o outro em estradas sinuosas. Mas são vocação são as estradas retas e planas, onde ele se mostra estável e seguro. Nota 8.
Interatividade – O interior é bem resolvido, com comandos fáceis e de localização acertada. Apenas a alavanca única que controla farol alto, setas e limpadores de para-brisa é algo complicada de usar num primeiro momento. Até mesmo os botões atrás do volante que controlam o sistema de som são de fácil uso. No painel, os botões são grandes e bem posicionados, ainda que tenham comandos redundantes na tela de 4,3 polegadas no alto da peça. O sistema de som contempla conexões USB, auxiliar e por bluetooth com celulares. Nota 8.
Consumo –
O Freemont Emotion registrou média de 6,5 km/l em estrada e 5,8 km/l na cidade. O Inmetro ainda não tem medições da versão específica. Nota 5.
Tecnologia –
O sistema integrado de comando com tela sensível ao toque no painel é o maior destaque da versão Emotion. Para a variante topo de linha está prevista uma unidade ainda mais completa, com direito a câmera de ré e GPS. O modelo possui chave presencial e partida por botão. A plataforma do modelo tem origem na Chrysler e é relativamente moderna, de 2005. Traz suspensão traseira independente do tipo multilink. O motor já tem muitos anos de estrada, mas foi aperfeiçoado e rende 172 cv. Nota 7.


Conforto – Certamente é o ponto alto do modelo. Os bancos dianteiros são verdadeiras poltronas, com espuma macia – que ainda assim não se tornam cansativos – e couro agradável ao toque. Há espaço de sobra para todos os cinco ocupantes graças às dimensões generosas da carroceria. A suspensão filtra bem as imperfeições do asfalto e contribui para o conforto a bordo. Nota 9.
Habitabilidade – O Freemont é muito bem fornido de porta-objetos, como deveria de ser em um carro familiar. Não faltam nichos para guardar garrafas e há até dois alçapões no assoalho traseiro para mais coisas. As portas grandes facilitam o entra e sai do modelo e ninguém deve reclamar de aperto. A falta da terceira fileira de bancos se traduz em um enorme porta-malas de 580 litros. Nota 8.
Acabamento – A Fiat refez o interior do Journey antigo e o empregou também no Freemont. Os materiais são de boa qualidade, assim como os encaixes das peças. O modelo consegue exalar uma sofisticação inédita na marca. O isolamento acústico é dos melhores, e consegue deixar de fora ruídos da rua e do motor, mesmo quando este está sob esforço para empurrar o crossover. Nota 8.
Design – As linhas já são conhecidas no Brasil desde o primeiro Journey, de 2008. Salvo detalhes, como a grade dianteira, o porte imponente e classudo se mantiveram no modelo. Apesar disso, ele destoa muito do restante da gama da marca italiana e deixa clara a origem "ianque" do carro. Nota 6.
Custo/beneficio – O Freemont básico tem como maior concorrente a própria versão topo. O Emotion, que custa R$ 82.470, perdeu a terceira fileira de bancos e equipamentos importantes como airbags laterais e de cortina e o controle de estabilidade. Ainda assim, a conta é apenas R$ 4.820 menor, o que deixa o modelo mais barato em clara desvantagem. Ao menos, ele é mais barato que os rivais de cinco lugares, como Honda CR-V, Peugeot 3008, Hyundai ix35 e Chevrolet Captiva. Além disso, oferece mais espaço e versatilidade que eles. Mas não é a toa que, mesmo mais em conta, a versão Emotion corresponde por apenas 30% das vendas do modelo. Nota 5.
Total – O Freemont Emotion somou 70 pontos em 100 possíveis.



Impressões ao dirigir

Divã italiano

O visual do Freemont já o torna um carro familiar logo à primeira vista. A semelhança com o "clonado" Dodge Journey – que empresta toda a arquitetura – o faz passar quase despercebido nas ruas e apenas um segundo olhar indica que se trata do maior Fiat já lançado. O jeitão imponente e americanizado se manteve na mudança de emblemas, assim como o ar familiar que as grandes dimensões lhe conferem. Mas, mesmo grande, ao volante o Freemont Emotion não passa a impressão de ser um utilitário esportivo e sim um automóvel. É emblemático que a Fiat apresente o modelo como um SUV e a Dodge se refira ao Journey como um crossover.

Ainda bem, já que as melhores qualidades do modelo estão longe da lama. O modelo brinda os ocupantes com muito conforto a bordo, silêncio e materiais de boa qualidade, ainda que o desenho interno não lembre em nada nenhum Fiat em produção. Os comandos são todos bem localizados, ainda que a operação da única alavanca que concentra o comando das setas, farol alto e limpadores de para-brisa seja algo confuso, e tarefas simples – como esguichar água no vidro – sejam dificultadas. O freio de estacionamento, acionado por um anacrônico pedal, também poderia ser elétrico, e agregar mais tecnologia ao modelo. Por enquanto as duas versões, Emotion e Precision, vêm com o mesmo sistema de som, com tela sensível ao toque de 4,3 polegadas, mas futuramente a topo de linha passará a contar com um equipamento mais sofisticado, com navegador por GPS e câmera de ré, enquanto a Emotion permanece com o básico.



O motor 2.4 14V de 172 cv é outro que contribui para a "calmaria" a bordo do modelo. Mesmo que tenha força para empurrar os quase 1.800 kg do Freemont, ele parece fraco. Os 22,4 kgfm de torque aparecem só nas 4.500 rpm e o câmbio de apenas quatro marchas não ajuda muito na hora de acelerar. O resultado é um consumo acima do esperado, já que o propulsor parece sempre se esforçar mais do que o necessário. Na estrada, a situação não melhora e o Fiat gigante sofre para manter o ritmo em trechos de serra. Ao menos, quando a rodovia é plana, as marchas longas se traduzem em baixas rotações em velocidades de cruzeiro e silêncio a bordo.

Mas, mesmo assim, o Freemont tem um bom conjunto. O carro agrada na maior parte das situações e oferece boa dose de conforto para os ocupantes. Pena que a versão Emotion tenha como maior inimigo a própria Precision, que oferece um pacote ainda mais completo por pouco menos de R$ 5 mil extras.



Ficha técnica

Fiat Freemont Emotion 2.4 16V


Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 2.360 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e duplo comando no cabeçote e duplo comando variável de válvulas. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão:
Câmbio automático de quatro marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima:
172 cv a 6 mil rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 12,3 segundos.
Velocidade máxima: 190 km/h
Torque máximo: 22,5 kgfm a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso:
88 mm X 97 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão:
Dianteira independente do tipo McPherson, com rodas independentes, braços oscilantes, molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo Multilink, com barra estabilizadora e molas helicoidais. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 225/65 R16.
Freios: Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria:
Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e sete lugares. Com 4,88 metros de comprimento, 1,87 m de largura, 1,75 m de altura e 2,89 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais de série na versão.
Peso: 1.755 kg com 625 kg de carga útil.
Capacidade do porta-malas: 580 litros, 2.301 com a segunda fileira de bancos rebatida.
Tanque de combustível:
77,6 litros.
Produção: Toluca, México.
Lançamento mundial:
2011. Lançamento no Brasil: 2011.
Itens de série: ar-condicionado de três zonas, ABS, EBD, BAS, airbags dianteiros, laterais e de janela, banco do motorista com regulagem elétrica, sistema keyless, controle de estabilidade e de tração, direção hidráulica, faróis de neblina, rádio/CD/MP3/USB/AUX/Bluetooth com tela sensível ao toque, cruise control.
Preço: R$ 82.470.




Fonte: motordream
Disponível no(a): http://motordream.uol.com.br
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