14 de dez. de 2011

O caça de trilhões de dólares tem 13 falhas bilionárias


O programa de armas mais caro da história mundial está prestes a gastar ainda mais dinheiro. O caça F-35 Joint Strike – designado para substituir quase todos os aviões de guerra da Força Aérea e Fuzileiros Navais dos EUA – teve seu custo estimado em 1 trilhão de dólares para o desenvolvimento, produção e manutenção ao longo dos próximos 50 anos. Agora que esse custo está prestes a aumentar devido a 13 diferentes falhas de projeto descobertas nos últimos dois meses por um grupo de cinco líderes do Pentágono.

O custo dos reparos das unidades em produção pode chegar a bilhões de dólares, sem contar os que estão por vir.
Além do aumento de custos, os testes do F-35 podem demorar mais para ser completados. Isso pode atrasar a estreia dos caças stealth (com versões de decolagem convencional, pouso vertical e operação embarcada em porta-aviões) para depois de 2018 – sete anos além do planejado inicialmente. E tudo isso aconteceu enquanto o Pentágono estava promovendo cortes no orçamento para salvar projetos mais caros, porém estimados, como o próprio Joint Strike.
Frank Kendall, o responsável pela aquisição de armamento e tecnologia do Pentágono, convocou a chamada “Quick Look Review” em outubro. O relatório de 55 páginas de puro jargão técnico e gráficos intrigantes foi divulgado no último fim de semana. Kendall e seu grupo encontraram uma lista de falhas no F-35, incluindo um gancho de parada instalado em posição inadequada, sensores com lag, sistema elétrico com falhas e fissuras estruturais.
Alguns dos problemas – como as falhas elétricas – foram encontrados antes do Quick Look Review; outros são novos. Os membros do quadro descrevem todos eles detalhadamente e, pela primeira vez, os relacionam a problemas da administração do programa. Mais preocupante ainda é o que o relatório menciona – mas não descreve – uma deficiência “confidencial’. “Aposto que tem algo a ver com a tecnologia stealth“, escreveu o guru da aviação Bill Sweetman. Em outras palavras, o F-35 pode não ser tão invisível aos radares quanto a Lockheed Martin disse que seria.
Os problemas do Joint Strike são exacerbados pelo plano de produção que o vice-almirante David Venlet – responsável pelo programa no governo – admitiu há duas semanas que representa um “erro de cálculo“. Conhecido como “simultaneidade” o programa permite que a Lockheed produza jatos em massa – centenas deles – enquanto os testes ainda são realizados. É uma forma de assegurar que os militares recebam seus jatos prontos para combate o mais rápido possível, enquanto ajudam a Lockheed a maximizar seu lucro. Teoricamente, ao menos.
“A simultaneidade está presente de alguma forma em praticamente todos os programas do Departamento de Defesa dos EUA, embora não no nível que está no F-35″, escreveram os membros. O Pentágono admitiu que pode acabar com esse alto nível de simultaneidade graças às novas simulações computadorizadas criadas para acabar com as suposições dos testes. “O Departamento tem uma base razoável para ser otimista”, escreveram os membros.
Mas esse otimismo se mostrou infundado. “Esta avaliação mostra que o programa F-35 descobriu e continua a descobrir problemas com uma frequência típica dos estágios iniciais dos projetos anteriores de desenvolvimento de aviões”, explicaram os membros. Os testes descobriram problemas que os computadores não previram, resultando em 725 alterações no projeto enquanto os novos jatos estavam saindo da fábrica no Texas.
E cada uma dessas mudanças demanda tempo e dinheiro. Para pagar os reparos neste ano, o Pentágono reduziu a compra dos F-35 de 42 para 30 unidades. A compra do ano que vem foi reduzida de 35 para 30.
As notícias de mais custos e atrasos não poderiam chegar em um pior momento para o Joint Strike. O programa já foi reestruturado duas vezes desde 2010, cada uma delas mais demorada e mais cara. Em janeiro, Robert Gates, então secretário de defesa colocou a pesada variante F-35B de pouso vertical dos Marines em provação. Se a Lockheed não conseguir solucionar o problema em dois anos, “ele deve ser cancelado”, avisou Gates.
Para piorar, a Boeing – a outra fábrica de aviões dos EUA – desistiu dos planos de fazer versões aprimoradas dos F-15 e F-18 para vender ao Pentágono caso o F-35 fracasse. Os profundos cortes no orçamento do Departamento de Defesa dos EUA não estão ajudando o projeto F-35.
Humilhada, a Lockheed concordou em dividir os custos das mudanças do projeto, em vez de simplesmente mandar a conta para o governo. A gigante do setor aeroespacial admitiu os problemas com o F-35 e prometeu melhor desempenho. “Não haverá mais reajustes de orçamento neste programa. Já entendemos isso“, disse Robert Stevens, CEO da Lockheed, em maio.
Mas com o Quick Look Review é provável que ocorra outro “reajuste” ou reestruturação. Os testes e a produção do F-35 devem ser menos simultâneos e mais “factuais”, segundo os membros do Quick Look. Em outras palavras, o programa deve ser menos direcionado a prazos e mais concentrado em fazer o projeto bem feito. Ficará pronto quando ficar pronto. A produção em escala que espere, mesmo que isso signifique usar aviões de combate mais antigos – os aviões que o F-35 deveria substituir.
Não é preciso dizer que isso mobilizou alguns membros do Congresso americano. “É nesse exato momento que a sobreposição de desenvolvimento e produção que estava estruturada inicialmente no programa do Joint Strike… está se mostrando equivocada”, disse o senador John McCain. “Se as coisas não melhorarem – e rápido – os pagadores de impostos e militares insistirão que todas as opções precisam ser consideradas. E elas devem mesmo. “Não podemos continuar nesse caminho”.

Fonte:jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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