Construir, construir, construir. Está certo que isso é quase um sinônimo de prosperidade financeira, mas não casa muito bem com o que vemos no Brasil. Digam-me com sinceridade: porque demolir autódromos como de Jacarepaguá e de Goiânia para construir outros em outro lugar?
Mesmo em um cenário em que nada acontece no automobilismo nacional, os governos estão gastando rios de dinheiros em novos autódromos, como o caso da pista de Piracicaba e de Minas Gerais (falarei mais sobre isso no futuro), além do projeto da pista de Deodoro, no Rio de Janeiro, e da transposição de Goiânia, que será com o mesmíssimo traçado, mas em outro local.
Mas será que tudo isso é em prol do esporte mesmo? Claro que não.
Assim será o novo circuito do Rio de Janeiro. Sem sal, ou impressão minha?
Veja a promessa da pista de Deodoro. É um projeto caríssimo para uma cidade comum, e ainda mais dispendiosa se analisarmos que o Rio de Janeiro terá que investir bilhões para sediar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Com um orçamento que sempre dizem que está apertado, por que demolir uma coisa já pronta e fazer outra em outro lugar?
Como moro no Rio de Janeiro posso dizer com mais propriedade. A quantidade de terrenos vazios no entorno de Jacarepaguá é absurdo. São áreas e mais áreas para poder construir o que quiser por lá. Ou seja, por motivo de espaço, não havia motivo nenhum para demolirem tudo aquilo.
Uma reclamação que já escutei algumas vezes quando fui para Jacarepaguá é que a população que mora em frente ao circuito reclama do barulho. Mas oras, o autódromo foi construído antes da população local se instaurar lá. E outra. Barulho? Que barulho, se quase não há corridas mais por lá…
Por que não uma reforma? Consertar toda a infra-estrutura, as arquibancadas, fazendo as alterações que citei neste post. Depois disso, é só a manutenção normal que qualquer circuito no mundo precisa. Simples e muito, mas muito mais barato do que construir outro autódromo.
Goiânia, assim como Jacarepaguá, já sediou muitas provas nacionais e internacionais. Em virtude do total abandono do circuito, quase nada pode ser feito por lá mais. Uma pista que já sediou por três edições o Mundial de Motovelocidade não poderia acabar assim.
A única grande chance de se redimir e fazer trazer uma boa imagem para o autódromo caiu por terra nesses dias. A Fórmula Superleague, que tinha uma etapa marcada para acontecer em Goiânia em 2011, foi cancelada, pois os administradores do circuito disseram que não seriam capazes de garantir a segurança dos pilotos.
Projeto do “novo” autódromo de Goiânia: by Tilke
No início do ano o senhor Hermann Tilke, aquele mesmo que constrói as mirabolantes e tediosas pistas novas da Fórmula 1, esteve em Goiânia para “resolver” o problema do autódromo. Eles irão transplantar o circuito para fora da cidade, já que a civilização (e de alto poder aquisitivo, assim como na região de Jacarepaguá) já chegou aos arredores.
Ao invés de criarem uma zona de não habitação ao redor do autódromo, preferem destruí-lo (inclusive os lotes já estão vendidos para construção de condomínios de luxo) e reconstruí-lo em outro local, sete quilômetros mais afastado. Um enorme gasto de dinheiro público em prol da especulação imobiliária.
Creio que há coisas muito mais importantes para a CBA do que ficar brincando de demolir e construir autódromos pelo Brasil. Mas claro, há muito mais gente ganhando dinheiro do que jamais iremos saber.
Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br/
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