9 de ago. de 2011

Teste: Audi TT ganha força para continuar soberano

Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/CZN
Teste: Audi TT ganha força para continuar soberano

Audi TT é levemente reestilizado e fortalece imagem de esportividade da marca alemã

por Marcelo Cosentino
Auto Press


O Audi TT é um daqueles carros feitos para povoar o imaginário coletivo e fortalecer a imagem de esportividade e tecnologia de uma marca. Por isso mesmo, é até difícil acreditar que, dentro da gama da Audi, o cupê de R$ 196 mil e linhas cativantes seja mais barato, por exemplo, que outros modelos visualmente bem mais discretos, como o hatch S3 Sportback – R$ 208.700 – e o sedã A4 3.2 – R$ 238.500.
O fato é que o carro brilha mais nas vitrines que nas ruas, e por isso as vendas são tímidas. Nos sete primeiros meses deste ano foram vendidas apenas 70 unidades. Na média, dez TT ganham as ruas do país a cada mês – um número que também revela sua exclusividade.

O TT é um ícone dentro da Audi. Talvez por isso mesmo, o face-lift do modelo tenha sido tão discreto, provilegiando as linhas já existentes e sem grandes inovações visuais. Com isso, o novo TT passa a ser vendido no Brasil com entradas de ar maiores no para-choque dianteiro e faróis com fileira de 12 leds – inspirados no pequeno A1. No mais, o carro é exatamente o mesmo que roda pelas ruas brasileiras desde 2007.

Se o visual continua quase o mesmo, a parte mecânica, essa sim, traz novidades interessantes. Sob o capô, o motor é o mesmo 2.0 TFSI amplamente utilizado pela Audi nos modelos A3, A4, A5 Sportback, Q5 e no futuro Q3. Entretanto, a potência saltou de 200 cv para 211 cv e o torque foi de 28,5 kgfm para 35,6 kgfm. Este ganho de força foi possível graças a otimizações na árvore de manivelas, cabeça do cilindro e válvulas de admissão. A caixa de machas S-Tronic de dupla embreagem – com opção de troca através de borboletas atrás do volante – completa o conjunto mecânico. Com isso, o Audi TT cumpre o zero a 100 km/h em 6,2 segundos e supera com facilidade os 200 km/h – a Audi fala em máxima da 245 km/h.

Para acompanhar a proposta agressiva do motor, esta "fera" segue com a plataforma construída com a parte dianteira em alumínio – 61% – e a traseira em aço – 39%. Tudo para balancear a distribuição de peso entre os eixos e garantir performances ainda mais vigorosas. Além disso, um aerofólio traseiro retrátil é acionado automaticamente ao alcançar os 120 km/h para melhorar a aderência e estabilidade do cupê. Ao reduzir a velocidade para 80 km/h, ele recolhe automaticamente. Apesar de chamar a atenção, a solução não é nova. Foi incorporada em 2006, na segunda geração do modelo, em função de alguns acidentes que ocorreram com a versão anterior do TT, a mais de 180 km/h.   

No interior, todo o luxo que se espera de um carro que beira os R$ 200 mil em conjunto com a tradicional sobriedade alemã. Entre as novidades estão volante e puxadores da porta em aço escovado e volante com detalhes em alumínio. Fora isso, o TT segue revestido em couro nos bancos, portas e na base do console central e equipado com ar automático, direção eletro-hidráulica assistida, ajustes elétricos nos assentos dianteiros, sensores de chuva, de luminosidade, de obstáculos e de pressão dos pneus, além do sistema de som com rádio/CD/MP3, entradas auxiliar para iPod e conexão Bluetooth para celulares, com informações exibidas em uma tela de cristal no console.

A lista de equipamentos de segurança inclui freios com ABS e EBD, faróis bixenôn, controle eletrônico de tração e estabilidade e airbags frontais e laterais. O modelo não conta com o tradicional sistema de tração integral Quattro – a tração é dianteira. Entre os poucos opcionais estão faróis direcionais, sistema de som Bose e o interessante sistema de suspensão com controle magnético da carga dos amortecedores. São duas configurações disponíveis: Standard ou Sport. Tudo para tornar o "puro sangue" alemão ainda mais divertido.

Instantâneas

# A Audi chegou ao Brasil em 1994. Na época, a marca era vendida pela Senna Import, do tricampeão mundial de Fórmula 1, Ayrton Senna. Em março de 2005, a Audi AG assumiu 100% dos negócios da marca no Brasil.
# A plataforma do Audi TT é a mesma de outros modelos do Grupo Volkswagen. Entre eles Volkswagen Jetta e Golf, Audi A3, Seat León, Toledo e Altea e até mesmo o Škoda Octavia.  
# A segunda geração do Audi TT saiu das pranchetas do designer italiano Walter de’Silva, que tem em seu portfólio modelos como os Audi A6, Q7, e R8 e os Volkswagen Jetta, Golf e Amarok.
# A linha TT vendida no Brasil inclui o TT Cupê, TT Roadster, TTS Cupê e TTS Roadster.
# A Audi comercializa no Brasil modelos das linhas A1, A3, A4, A5, A6, A8, o cupê TT, os utilitários esportivos Q5 e Q7 e o superesportivo R8.

Ficha técnica

Audi TT TFSI 2.0

Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.984 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas e controle contínuo de abertura e fechamento das válvulas. Injeção direta de combustível.
Transmissão: Câmbio automatizado com dupla embreagem, seis marchas à frente e uma a ré e opção de mudanças sequenciais através de borboletas atrás do volante. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 211 cv entre 4.300 e 6 mil rpm.
Torque máximo: 35,6 kgfm entre 1.600 rpm e 4.200 rpm.
Diâmetro e curso: 92,5 mm X 92,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira independente do tipo Four-link em alumínio, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Dianteiros e traseiros a discos ventilados. Oferece ABS, EBD e assistente de emergência.
Carroceria: Cupê em monobloco com duas portas e quatro lugares – dois adultos e duas crianças. Com 4,17 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,35 m de altura e 2,46 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais e laterais.
Peso: 1.355 kg em ordem de marcha.
Capacidade do porta-malas: 292 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.
Lançamento: 2006.
Lançamento no Brasil: 2007.
Reestilização: 2010.
Ponto a ponto

Desempenho – Amplamente utilizado na gama Audi e Volkswagen, o motor 2.0 TFSI oferece, como sempre, um desempenho instigante. Com 211 cv de potência, 11 cv a mais que na última versão, basta um leve toque no pedal do acelerador para que o corpo seja arremessado contra o banco e o velocímetro suba assustadoramente. O câmbio automatizado com dupla embreagem S-Tronic também merece elogios. Esta caixa de seis marchas tem uma performance linear, sem buracos ou imprecisões. As retomadas também são vigorosas, já que o torque de 35,6 kgfm está inteiramente disponível entre 1.600 rpm e 4.200 rpm. Este conjunto mecânico levou o TT de zero a 100 km/h em 6,2 segundos e a velocidades superiores aos 200 km/h – a máxima é limitada eletronicamente a 245 km/h por questões de segurança. Nota 10.
Estabilidade – O Audi TT anda sempre colado ao chão. A carroceria oferece uma rigidez torcional excelente e, mesmo com o pé em baixo, o modelo não faz menção de desgarrar nas curvas. Vale ressaltar que a partir dos 120 km/h é acionado automaticamente um aerofólio traseiro para manter o carro "na linha". O cupê ainda traz dispositivos de segurança como ABS e ESP, que mantêm o cupê grudado ao solo mesmo em velocidades superiores. Nas retas, o TT se porta muito bem e não apresenta qualquer sinal de flutuação até os 210 km/h. Nas freadas bruscas, a suspensão bem acertada impede qualquer mergulho e o carro fica sempre sob o controle do motorista. Nota 10.
Interatividade –  O Audi TT é um carro muito bem pensado para o motorista. Prova disso é que o painel é levemente voltado para o motorista. Com isso, os comandos estão naturalmente ao alcance das mãos de quem está ao volante. O banco conta com ajustes elétricos e a coluna de direção oferece regulagens de altura e de profundidade. A visibilidade dianteira é vasta, enquanto as laterais e traseiras são prejudicadas pelo caimento acentuado do teto. Fora isso, o quadro de instrumentos tem leitura otimizada e a direção se mostra sempre precisa. O TT só peca na oferta de entretenimento. Pelo preço elevado, próximo a casa dos R$ 200 mil, o modelo merecia uma tela touch screen e um sistema de GPS no console central. Nota 8.
Consumo – O Audi TT anotou uma média de 7,9 km/l com gasolina em trecho 2/3 na cidade e 1/3 na estrada. O número é aceitável para um carro de mais de 1.300 kg com um motor de 211 cv. Nota 7.
Conforto – O enfoque que o TT dá para o design e a esportividade sacrifica o conforto dos passageiros. A suspensão rígida garante um desempenho dinâmico surpreendente, é verdade, mas em contrapartida transmite todas as imperfeições do solo para o interior do habitáculo. O modelo acusa até mesmo pequenos e constantes desníveis das ruas brasileiras. Pelo menos os ocupantes dos bancos dianteiros contam com uma boa oferta de espaço. Já quem viaja no assento traseiro sofre com pouco espaço para pernas e cabeça – em função do caimento acentuado do teto. O isolamento acústico é eficiente mesmo em altas velocidades. Nota 7.
Tecnologia – A plataforma do Audi TT, datada de 2003, é a mesma de Audi A3 e Volkswagen Golf europeu. O cupê alemão ainda conta com carroceria e suspensão em alumínio e leva sob o capô o moderno motor 2.0 TFSI com 211 cv e injeção direta. O conjunto ainda traz a excelente transmissão S-tronic de seis velocidades e dupla embreagem. Isso sem falar dos obrigatórios ABS, airbags frontais e laterais, controle de estabilidade e de tração, faróis com ajuste automático de altura e até aerofólio retrátil. Nota 9.
Habitabilidade – A baixa altura em relação ao solo torna o acesso ao cupê sofrível. Nem as portas com abertura generosa – porém pesadas – ajudam muito nesta hora. Para acessar o banco traseiro é necessário rebater o encosto dos bancos dianteiros e fazer certo contorcionismo, como é típico de um cupê 2+2. Desde o princípio o TT deixa claro que é um carro pensado para duas pessoas, e que os bancos traseiros são para situações emergenciais. Uma vez no interior, os ocupantes contam com oferta apenas razoável de porta-objetos. O porta-malas é de 292 litros. Nota 6.
Acabamento – O Audi TT oferece a tradicional sobriedade dos carros "premium" alemães. Revestimentos dos painéis, agradáveis ao toque e aos olhos, são de alta qualidade e os bancos revestidos em couro. Nesta reestilização o destaque vai para volante e puxadores da porta em aço escovado e volante com detalhes em alumínio – um luxo extra. Fora isso, os encaixes e fechamentos são precisos e não há qualquer sinal de rebarbas. Nota 9.
Design – Sem dúvida os design é um dos grandes destaque do TT – se não for o maior. O modelo esbanja personalidade, mesmo seguindo a tendência mundial dos carros da marca, com grade frontal no estilo “bocão” e os faróis inaugurados pelo A1. As novidades estéticas adotadas servem dão um aspecto mais jovial ao modelo. Destaque para os novos faróis com leds e escapamento com revestimento metálico. Nas ruas, o design arrojado e o incomum formato de cupê fazem sucesso instantâneo com o público. Nota 8.
Custo/Benefício – O Audi TT oferece design instigante, grande parafernalha tecnológica e habitáculo "premium". E cobra caro por isso: R$ 196 mil. No mercado, esta configuração com teto não tem concorrentes diretos. Por isso, o cupê acaba batendo de frente com conversíveis também alemães como Mercedes-Benz SLK e BMW Z4 – apesar de haver uma versão sem teto do TT. Nota 6.
Total – O Audi TT TFSI 2.0 somou 73 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Radical chique

O Audi TT não trafega incógnito pelas ruas brasileiras. É um típico modelo que faz sucesso instantâneo com o público ao redor, sem se importar com idade ou gênero. E olha que seu design não é lá tão atualizado assim. Sem qualquer novidade visual desde 2007, somente agora o modelo começa a adotar as mais recentes novidades da marca. Como, por exemplo, os faróis com leds – lançados em 2010 pelo Audi A1. O resultado final não faz grande diferença, e o cupê continua circulando soberano pelas cidades e estradas.

O motorista é muito bem recebido no interior do TT. O painel é levemente voltado para o condutor e todos os comandos estão ao alcance das mãos. Fora isso, fica evidente o cuidado extremo da Audi em relação ao acabamento. Os materiais agradáveis ao toque e ao olhar são de alta qualidade – como já era esperado para um carro que beira os R$ 200 mil. Fora isso, o modelo garante bom espaço para os ocupantes dos bancos dianteiros. Já quem vai atrás sofre. Para se ter uma ideia, com o banco dianteiro todo para trás, não sobra sequer um dedo de espaço entre encosto e o banco traseiro. E mesmo em uma posição intermediária, a oferta de espaço na posterior do TT é limitada tanto para pernas quanto para a cabeça – em função do caimento acentuado do teto. Neste momento fica claro que o TT é um carro para ser aproveitado no máximo a dois, e que os bancos traseiros são praticamente emergenciais – ou para crianças.

Bem acomodado ao volante do TT, é hora de testar a parte mais interessante do modelo: o conhecido motor TFSI 2.0. Este propulsor ganhou 11 cv e agora conta cm uma potência máxima de 211 cv. O resultado é um desempenho ainda mais intigante. Na estrada, foi possível leval o modelo além dos 200 km/h. E, mesmo em altas velocidades, o carro se comporta exemplarmente. Nenhum sinal de flutuação foi sentido. Ao encarar curvas fechadas pisando mais fundo, o modelo parece estar sobre um trilho, pois não ameaça sair em qualquer momento. Vale ressaltar que, a partir dos 120 km/h, sobe automaticamente um aerofólio traseiro para garantir que o cupê fique mesmo "colado" ao chão.

Com disposição de sobra, o esportivo alemão cumpriu o zero a 100 km/h em bons 6,2 segundos. Méritos para a transmissão S-Tronic, que trabalha de forma linear, sem delays ou “soluços”.  As retomadas são vitaminadas pelo torque de 35,6 kgfm entregues em sua totalidade já às 1.600 rpm até as 4.200 rpm. Apesar do desempenho instigante, o Audi TT revelou um consumo até moderado: 7,9 km/l com gasolina – o único combustível que ele "bebe".

O desempenho exemplar só esbarra em uma questão. A suspensão rígida – em favor da esportividade – e os pneus 245/40 aro 18 fazem com que qualquer imperfeição do solo seja transmitida para o interior do modelo. É uma pena, mas fica claro que o acerto mecânico louvável do carro alemão não combina com a maioria das ruas e estradas brasileiras. Nada que apague o brilho do Audi TT, mas que sacode a paciência do motorista.


Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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