Compacto chinês é um espelho do coreano que chega em breve. Leva a cópia ou espera o original?
Lado a lado, é difícil identificar qual é qual. Chery QQ e Daewoo Matiz são tão parecidos que a General Motors (dona da coreana Daewoo) mantém uma ação na China contra a Chery, sobre plágio. Segundo a empresa, ambos possuem “carrocerias, design e componentes fundamentais idênticos”.
Para provar a tese, instalaram a porta de um no outro sem nenhum problema, evidenciando que se tratava de produto copiado não apenas na forma, mas também nas dimensões. Nem precisavam ter tido tanto trabalho. Basta olhar um e outro para ver que eles têm muito mais semelhanças que diferenças.
O estilo do Matiz (posteriormente adotado pelo QQ) foi desenvolvido originalmente por Giorgetto Giugiaro para o conceito Lucciola, protótipo baseado no Fiat 500, e que não foi aproveitado pela marca italiana. Daí o visual simpático de ambos, com seus faróis arredondados que realmente remetem ao Fiat 500, especialmente quando vistos de relance. Já a traseira é mais convencional, e lembra modelos como o antigo Subaru Vivio, que chegou a ser vendido no Brasil no começo dos anos 90.
Visto pela traseira, o Matiz (esq.) se diferencia pelo formato das lanternas, na horizontal
Confrontados, além das semelhanças eles exibem também muitas diferenças no que diz respeito à qualidade de montagem e acabamento. No Matiz, as folgas da carroceria são lineares. No QQ, a distância entre as peças é exagerada e irregular. O capô, por exemplo, estava bem desalinhado na unidade testada, com um lado muito mais aberto que o outro. A mesma folga pode ser constatada na tampa traseira e nas portas.
Chery QQ tem airbag duplo de série, mas o interior tem vários parafusos aparentes. O painel é digital, porém o velocímetro é impreciso: você para e ele diz que você ainda está andando
Por dentro, o Matiz veio com volante de dois raios e acabamento simples. O quadro de instrumentos é analógico, e os hodômetros são mecânicos
A mesma crítica vale para os freios. Embora o ABS seja de série, o QQ apresentou fading (superaquecimento) durante as provas de frenagem, o que aumenta a distância de parada. Outro ponto negativo é a falta de modulação do pedal. Até o meio do curso o pedal é leve e não faz nenhum efeito. O sistema só entra em ação no final do curso do pedal. O Matiz testado não estava com ABS. Precisou de mais espaço até parar completamente, mas não apresentou sintomas de fading, e tem melhor modulação de pedal, transmitindo mais sensibilidade.
QQ está à venda no Brasil por R$ 23.990, com farois de neblina, trio elétrico e som com entrada USB, entre outros itens de série
No Matiz, o motor é menor (800 cm3), tem apenas três cilindros e rende 51 cavalos. Na pista, a aceleração de 0 a 100 km/h foi feita em 19,8 segundos. Da mesma forma, as retomadas também são mais lentas. No entanto, ele dá o troco no quesito economia. Na estrada, o consumo foi quase idêntico (15,9 km/l no Matiz; 15,7 km/l no QQ), mas na cidade o modelo da Daewoo leva clara vantagem: fez média de 15,4 km/l, contra 12,9 km/l no QQ. Note que ambos são automóveis tipicamente urbanos: foram muito econômicos na cidade (especialmente o Matiz), mas não mostraram economia excepcional na estrada. Isso ocorre porque, para andar a 120 km/h, motores de baixa cilindrada precisam de rotações maiores, e aí parte da economia obtida nos centros urbanos se esvai. Isso explica o consumo urbano e rodoviário muito próximos, no caso do Matiz.
Daewoo Matiz foi projetado por Giugiaro, nasceu na Coreia do sul e é feito no Uzbequistão
Internamente, o QQ deixa expostos vários parafusos, evidenciando falta de cuidado com questões de aparência. No Matiz, há um pouco mais de atenção com o revestimento. O carpete do porta-malas, por exemplo, é menor que o espaço a ser coberto. O chinês tem bom preço, mas precisa melhorar em muitas coisas. Falta copiar a qualidade.
Ficha técnica e números de teste
Compacto chinês é um espelho do coreano que chega em breve. Leva a cópia ou espera o original?
Daewoo Matiz | Chery QQ | |
Preço inicial | Indisponível | R$ 23.990 |
Motor | Dianteiro, transversal, 3 cilindros, comando simples, 6 válvulas, gasolina | Dianteiro, transversal, 4 cilindros, comando duplo, 16 válvulas, gasolina |
Potência | 51 cv a 5.900 rpm | 68 cv a 6.000rpm |
Torque | 6,8 kgfm a 4.600 rpm | 9,1 kgfm de 3.500/4.000 rpm |
Comprimento | 3,53 m | 3,55 m |
Largura | 1,49 m | 1,49 m |
Altura | 1,48 m | 1,48 m |
Entre eixos | 2,34 m | 2,34 m |
Porta-malas | 190 l | 190 l |
NÚMEROS DE TESTE | ||
Aceleração 0 a 100 km/h | 19,8 s | 14,6 s |
Consumo cidade | 15,4 km/l | 12,9 km/l |
Consumo estrada | 15,9 km/l | 15,7 km/l |
Disponível no(a):http://revistaautoesporte.globo.com/
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