10 de jul. de 2011

Difusores, jogo de equipe e o retorno por Rafael Lopes

Alonso festeja a vitória no GP da Inglaterra
Polêmico e animado. Estes dois adjetivos definem bem o fim de semana do GP da Inglaterra, disputado no remodelado circuito de Silverstone. A grande encrenca do fim de semana continuou a ser os difusores soprados (ou integrados ao sistema de escapamento).
Após a proibição na mudança do mapeamento dos motores entre o treino e a corrida, decretada em Valência, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) se mostrou perdidinha na história da porcentagem de uso dos gases no equipamento. Decidiu, voltou atrás e conseguiu complicar a cabeça até do mais apaixonado fã da categoria. Uma bola fora, mas que não tira o brilho e os méritos de Fernando Alonso, da Ferrari. Apesar de a equipe italiana ter sido beneficiada, o espanhol não tem nada com isso e fez uma corridaça. Pode ser o triunfo que ele precisava para renascer no campeonato.
Mas isto aconteceria se a regra dos difusores tivesse sido mantida como em Silverstone. Só que, após a corrida, as equipes fizeram mais uma reunião no fim de semana – foram várias – e decidiram pela volta da regra ao texto anterior à corrida em Valência. A meu ver, decisão acertadíssima. Quem já considerava a Ferrari de volta à briga, é bom esperar pelo GP da Alemanha. Com a limitação dos difusores, o carro italiano tinha dado um salto de desempenho. Será que vai continuar assim, andando na frente? O time de Stefano Domenicali continua a ser uma grande incógnita na temporada. O fato é que não dá para saber, ainda, como o 150º Italia vai se comportar no restante do campeonato. Nürburgring será o real divisor de águas para a Scuderia.
Ainda sobre a Ferrari, temos de ser justos. A equipe italiana foi perfeita no trabalho nos pit stops de seus dois pilotos. Tanto Alonso quanto Felipe Massa tiveram suas paradas entre as mais rápidas da corrida. E a ironia, vejam só, é que o espanhol acabou lucrando com um problema no macaco hidráulico da RBR no penúltimo pit de Sebastian Vettel. Não acho que isto tenha sido decisivo para a vitória do bicampeão, mas é claro que ajudou. Entretanto, Alonso acertou na tática e soube ser rápido quando precisou na pista. Foi uma boa demonstração para seus críticos, que fazem questão de afirmar que o espanhol não é o melhor da Fórmula 1 atual. É sim. E este desempenho impressionante, como o de Silverstone neste domingo, mostra isso.
Vettel e Webber em Silverstone
Após falar do vencedor, vamos ao tema mais delicado da corrida: a tentativa de jogo de equipe da RBR. Recapitulando: Vettel era o segundo na parte final da corrida, mas perdia desempenho, enquanto Mark Webber, seu companheiro e que estava em terceiro, se aproximava perigosamente. Dos boxes, Christian Horner, chefe da equipe, pediu ao australiano que mantivesse a vantagem para o colega, ou seja, que não empreendesse um ataque nas últimas voltas. Webber ignorou as quatro tentativas de contato e partiu para cima de Vettel. No fim, o australiano não teve êxito, os dois evitaram um acidente e o alemão se manteve na segunda posição. E toda essa história, ao término da corrida, causou um enorme burburinho no paddock e na imprensa.
Vamos lá, por partes: primeiro, não vejo problemas neste tipo de jogo de equipe, porque verdadeiramente preserva os interesses da equipe. Se Vettel e Webber batessem nas últimas voltas, a RBR perderia 33 pontos, essenciais para a disputa do Mundial de Construtores. Então, a ordem de Horner foi parecida com o “tragam as crianças para casa” muito usada pela Ferrari. Também não acho que tenha sido similar ao caso do GP da Alemanha do ano passado, quando Massa foi forçado a ceder a vitória a Alonso. Na ocasião, as ordens eram proibidas por regulamento. Entretanto, temos uma questão de discurso embutida: a RBR sempre se orgulhou de não fazer jogo de equipe – embora sempre soubéssemos que só se tratavam de ordens explícitas. Como fica agora a imagem do time? Arranhada perante aos fãs? Uma boa pergunta, que os torcedores responderão nas próximas corridas. Não acho que tenha sido um caso tão absurdo, mas a equpe precisa ser coerente.
Por último, tenho de falar sobre a disputa de Massa e Lewis Hamilton na última volta. Foi um incidente muito diferente dos acontecidos em Mônaco e no Canadá. O brasileiro tinha meio carro, mas o inglês tentou defender a posição ao máximo. Não espalhou deliberadamente, mas porque seu carro já não tinha mais aderência. O toque foi de corrida e ele sairia prejudicado se não fosse a última volta. Sinceramente achei que os comissários da FIA iriam punir Hamilton, mas fiquei feliz com as declarações de Massa e da Ferrari, de que não iriam protestar contra o rival. Desta vez, achei o piloto da McLaren arrojado na medida certa. Ninguém é obrigado a abrir para quem está atrás ultrapassar – a não ser os retardatários. Que ele mantenha isso em mente.

Fonte: voandobaixo
Disponível no(a):http://globoesporte.globo.com/platb/voandobaixo/

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