23 de jun. de 2011

Um passeio pelo Salão de Buenos Aires



Sou altamente suspeito para falar da Argentina, pois gosto de quase tudo nesse país: a cultura, as carnes, os doces de leite, os vinhos Merlot, a arquitetura européia, a música, as mulheres… Esse post vai tentar contar um pouco sobre o que é esse lugar a partir do nosso ponto de vista jalopnístico: os carros – e o Salão do Automóvel de Buenos Aires, principal evento do gênero por essas bandas.

Nossos vizinhos de continente possuem um mercado automotivo menor, mas claramente mais variado que o brasileiro – sem falar nos preços, bem abaixo dos nossos. Para a turma de jornalistas e blogueiros gentilmente convidada pela Renault para conhecer o Duster e todos os outros lançamentos locais que cedo ou tarde podem acabar desembarcando por aqui, circular pelas ruas de Buenos Aires é como estar diante de um catálogo de veículos incomuns e em grande parte salivantes: uma enorme quantidade de carros franceses, muitos automóveis tão antigos que parecem saídos de Cuba, linhas completas de veículos movidos a diesel e modelos familiares batizados com outros nomes – nossa Parati, por exemplo, se chama Gol Country, carinhosamente apelidada de Gol Contra por nossa turminha brasileira.

O Salão de Buenos Aires é um evento menor e menos populoso que seu equivalente de São Paulo. Logo na entrada, uma seleção de clássicos dá uma pequena mostra do valor que a cultura tem por aqui: um legítimo Lancia Stratos amarelo, carroceria Bertone, ao lado de um inacreditável Fiat dos anos 50 de design fluído e pontiagudo cujo nome eu simplesmente não anotei – uma falha imperdoável que espero ser remediada em um futuro update pelos nossos leitores mais informados.

A primeira parada foi no estande da Renault. O Duster, como você já deve estar cansado de saber, é um SUV feito sob medida para os mercados em desenvolvimento. Ele prima pela simplicidade e robustez: formato sólido, sem firulas, boa altura em relação ao solo e opção de tração 4×4. Um passo além dos aventureiros de fantasia, mas um patamar abaixo de modelos como o iX35, CR-V, Sportage e Captiva.

Perto de outro SUV da Renault – o Koleos, de porte menor e mais sofisticado – fica claro que o foco do Duster é o custo-benefício. Seu interior não possui maiores luxos, e a motorização será dividida entre versões 1.6 e 2.0. Preços no Brasil ainda não foram divulgados, mas o histórico da Renault nesse tipo de abordagem (Logan, Sandero e o novo Fluence, que vem batendo os rivais em comparativos) nos leva a crer que vai vender bem.

Mercado brasileiro à parte, o que realmente me apaixonou ali naquele estande foi o Mégane III RS, versão esportiva um pouquinho menos potente que o RS Trophy que bateu o recorde de Nürburgring para carros de tração dianteira – são 265 cavalos do Trophy, contra 250 cavalos do RS “normal”.

Ele tem um motor 2.0 de quatro cilindros com turbina do tipo twin-scroll, para melhores respostas em baixas rotações. O torque chega a 34,6 kgfm a 3.000 rpm, força transmitida por um câmbio manual de seis marchas, acoplado a um diferencial dianteiro com deslizamento limitado. Suspensão enrijecida, freios Brembo, bancos tipo concha e vários detalhes de acabamento completam o pacote, que na Argentina deve começar a ser vendido por cerca de 50 mil dólares.

Outro motivo de inveja para nós brasileiros é a presença oficial da Alfa Romeo no mercado hermano. Lá eles podem comprar um tentador Giulietta Quadrifoglio Verde equipado com o premiado motor 1750 TBi de 235 cavalos e 34,6 kgfm (sim, é o mesmo torque do Mégane RS), capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos, com o ronco e o charme característicos da marca.

A estrela do estande alfista, porém, foi o 8C Spider, uma pintura italiana desenhada por Pininfarina e motorizada por um V8 de 4,7 litros e 450 cavalos de origem ferrarista. Apenas 500 unidades do Spider serão construídas, e somente uma veio para a América Latina.

E por falar em esportivos, Buenos Aires nos deu a oportunidade de conhecer em primeira mão o Toyota FT-86, projeto feito em parceria com a Subaru que surge como uma opção mais acessível que o pretensioso LFA. Ele terá tração traseira e um motor boxer desenvolvido pela Subaru cujos detalhes ainda não foram totalmente revelados – a unidade exibida em BsAs é um conceito, e não um carro de linha.

Há muitas outras coisas para se ver no chamado Salón del Automóvil, que acontece em um pavilhão de exposições bem próximo ao conhecido bairro de Palermo. Mas nossa concentração e disposição foram completamente prejudicadas pela beleza e simpatia de duas booth babes porteñas que acharam o máximo saber que estavam sendo fotografadas por um jornalista brasileiro.

Valeria e Erica conhecem un poquito de nosso país, arrriscam algumas palavras em português com um delicioso sotaque espanhol e, como vou esticar essa viagem por mais uns dias, obviamente foram convidadas por este escriba para passear pela noite e mostrar o que de melhor há em Buenos Aires…

Desejem-me sorte, camaradas.

Fonte: jalopnik
Disponível no(a):http://www.jalopnik.com.br

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