25 de jun. de 2011

Teste: Nissan March é japonês para iniciantes

Fotos: Túlio Moreira/Carta Z Notícias
Teste: Nissan March é japonês para iniciantes
Marketing da Nissan quer resgatar o velho conceito de “carro popular” com o March

por Túlio Moreira
Auto Press


O primeiro carro popular japonês do Brasil”. É com esse slogan que a Nissan pretende anunciar a estreia do March no Brasil, prevista para outubro. Ao ressuscitar o antigo conceito de “carro popular” – aplicado no início dos anos 90 aos automóveis de entrada com motor 1.0 e que caiu em desuso no final da mesma década –, a marca deixa claro que seu foco é ganhar volume de vendas.
Por isso, mira no segmento de compactos de entrada, o que mais vende carros no país. De quebra, a frase publicitária também serve para a Nissan pegar carona no prestígio das compatriotas Toyota e Honda. Um prestígio que a Nissan não conseguiu igualar no mercado nacional com sua gama de modelos brasileiros e mexicanos. Para o March, que virá do México, a estratégia é entrar no mercado dos veículos com motor 1.0 com uma combinação de design tradicional e preço competitivo – requisitos que costumam ajudar qualquer carro que pretenda cair no gosto da chamada “nova classe média” brasileira.

Apesar de itens como computador de bordo, desembaçador traseiro e encosto traseiro reclinável em todas as versões, a configuração de entrada do March irá se assemelhar às de veteranos do segmento, como VW Gol ou Fiat Palio. Ou seja, nada de ar-condicionado, airbag duplo ou freios ABS na variante mais básica Drive, equipada com motor 1.0 16V flex – 77 cv de potência no etanol – compartilhado com a francesa Renault. A marca japonesa é otimista em relação aos níveis de consumo do March 1.0: 15 km/litro na cidade e 20,9 km/litro na estrada, consumo médio de 17,7 km/litro – acima do que os concorrentes registram. Essa versão Drive, a mais básica do March, custará algo em torno dos R$ 26 mil.

Além do motor flexfuel, o compacto produzido na fábrica mexicana de Aguascalientes virá com outras adaptações para o mercado brasileiro – ainda não especificadas pela Nissan, que não demonstra pretensões de fabricar o modelo na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná. Acima da configuração Drive, o hatch compacto será oferecido em outras três versões: Sense – apenas com transmissão manual –, Advance e a esportiva SR, disponíveis também com câmbio automático. A versão Sense acrescenta itens como direção elétrica, CD player com entrada para iPod e alarme antirroubo. Vidros elétricos e airbags frontais aparecerão apenas no topo de linha Advance.

O lançamento do March no Brasil é parte dos planos da marca japonesa em transformar o compacto em seu carro global, destinado à utilização no trânsito intenso das grandes cidades. O modelo é, na verdade, a quarta geração do Micra, compacto da Nissan que estreou em 1982 e já é velho conhecido de mercados asiáticos e europeus. Em relação à motorização, além do 1.0 flex que já move Sandero e Clio nacionais, haverá para as versões mais caras o motor 1.6 flex de quatro cilindros, 16 válvulas e potência de 106 cv a 5.600 rpm, que equipa as versões mais básicas da minivan Livina, e que desenvolve 14,5 kgfm a 4 mil rpm de torque.

Em uma década de atuação no mercado brasileiro como fabricante nacional, a Nissan ainda busca vendas expressivas. A minivan Livina, produzida no Paraná, fechou 2010 com 13.796 unidades vendidas – 38º lugar no ranking geral. O sedã médio Sentra e o compacto Tiida, importados do México, tiveram desempenhos ainda mais modestos, com 5.943 e 5.662 unidades comercializadas, respectivamente, no ano passado. A melhor colocação foi da Frontier, que atingiu o 17ª lugar no segmento dos comerciais leves, com 8.577 unidades vendidas. Agora, a aposta da marca é que o March irá mudar essa história.

Primeiras impressões

Sem fazer alarde

O primeiro contato com o novo Nissan March surpreende pela sobriedade e discrição do carro. Uma comparação com a geração anterior, bem mais chamativa, comprova a mudança de direção que a marca nipônica deu ao pequeno hatch. A alteração deverá ter saldo positivo no Brasil, onde o consumidor continua preferindo modelos de aspecto mais tradicional.

Por dentro, sobriedade também é um conceito dominante no March. O interior é básico e despojado de mimos ou alternativas menos prosaicas. Os passageiros do carrinho japonês não contam com muitas possibilidades para guardar objetos, por exemplo. Os materiais empregados no acabamento também não sugerem qualquer requinte. Aliás, o limite de quatro ocupantes é uma exigência para utilizar o March em condições aceitáveis. Com apenas dois passageiros atrás, o espaço do compacto é até generoso, principalmente em relação ao teto. Mas andar com lotação máxima não é uma ideia feliz, já que o lugar do meio não parece ter sido projetado para receber bem um adulto.

A versão avaliada foi a mexicana equipada com o motor 1.6 16V e direção elétrica, que demonstrou ter fôlego suficiente para encarar o trânsito pesado das cidades brasileiras. O carrinho oferece boa posição para o condutor e é bastante eficiente em arrancadas e na troca de marchas. A suspensão macia consegue absorver bem os impactos frequentes do asfalto desnivelado e cheio de buracos. Mas o destaque do March é mesmo para a direção leve, que faz com que seja muito eficaz em manobras e curvas.

Em contrapartida, a direção leve em excesso também provoca certo incômodo, principalmente por deixar o condutor com a impressão de que o carro pode perder o controle muito facilmente quando atinge velocidades maiores. Por falar em velocidade, o motor 1.6 de 16 válvulas, que desenvolve 106 cavalos de potência às 5.600 rpm, não decepciona nas acelerações. O câmbio manual do March também agrada, com engates precisos e pouca margem para trocas equivocadas.







Fonte: motordream
Disponível no(a):http://motordream.uol.com.br

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